Obliqua: o Carménère fresco, intenso e atípico da Ventisquero

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  • Paula Theotonio

Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A Carménère é a casta emblemática do Chile, país que tem liderado o ranking de vinhos importados no Brasil  (foto/Paula Theotonio) O Brasil desenvolveu uma relação de amor & ressalvas com a Carménère nos últimos anos. Há quem adore a uva emblemática do Chile, declarando inclusive preferência por seus taninos finos, maciez e match com a condimentada cozinha brasileira. Mas há outros muitos que a julgam negativamente por seus aromas mais herbáceos, como pimentão verde e pimentão vermelho assado.

Esta polêmica característica aromática, desejada por uns e desprezada por outros, se dá pela presença da pirazina, um composto orgânico que protege as sementes da uva nos estágios iniciais de amadurecimento. Não é uma exclusividade da Carménère, sendo encontrada em quantidade semelhante na Cabernet Franc; em menor teor na Cabernet Sauvignon e Merlot; e também na branca Sauvignon Blanc.

Com um bom amadurecimento do cacho, a videira vai destruindo seu estoque de pirazina e aumentando a quantidade de açúcar na uva. Acontece que a Carménère demora a amadurecer; e uma sobrematuração pode comprometer a desejada acidez do vinho, deixando o enólogo e o viticultor com um problema a ser resolvido.

Uma das respostas a este desafio foi dada em dezembro de 2020, com o lançamento do Obliqua — novo vinho de alta gama da chilena Ventisquero. O tinto, importado pela Cantu, nasceu a partir de uvas plantadas em pé franco na Parcela 23 do vinhedo La Roblería, localizada a 475 m de altitude no Vale de Apalta (zona do Vale de Colchagua, sub-região do Vale de Rapel, ao sul de Santiago). Seu nome é uma homenagem a um grande carvalho, da espécie Nothofagus Obliqua, que sombreia algumas vinhas.

Esta área de 1,5 hectares é considerada um anfiteatro natural, rodeada por montanhas de até 1.500 metros que protegem os vinhedos dos ventos do Oceano Pacífico e lhes oferecem sombreamento. Seu clima é seco, com invernos rigorosos e verões quentes; e o solo é avermelhado de argila profunda, que se mistura com rochas e pedras, forçando as raízes pelas profundezas da terra. Foram mais de 15 anos de pesquisa até encontrar este terroir tão propício à elaboração de um bom Carménère.

Ali as videiras apresentavam menor rendimento e cachos menores, porém uma maturação plena. Para a primeira safra que chegou ao mercado, a de 2017, as uvas foram colhidas e selecionadas manualmente em meados de abril. Após a vinificação, foi adicionado 4% de Cabernet Sauvignon, 2% de Petit Verdot e a bebida foi envelhecida em barris e foudres de carvalho francês por 22 meses. Antes de chegar ao mercado, amadureceu mais um ano em garrafa.

O resultado é uma bebida deliciosa, intensa, com aromas de frutas vermelhas, especiarias e toque amadeirado no paladar. Nada de pimentão. Pode ser desfrutado imediatamente, mas possui um potencial de guarda de até 20 anos. "Obliqua é um vinho elegante, com notas de frutas silvestres, excelente estrutura e cor, resultado de um produto rico em tensão e de uma acidez equilibrada, características de um Carménère nascido nas alturas", descreve Felipe Tosso, enólogo-chefe da Viña Ventisquero.

A harmonização sugerida é com carnes vermelhas assadas ou grelhadas, costelas de porco, queijos maduros e pratos condimentados. A minha foi com Tortano (pão de calabresa elaborado com massa de fermentação natural), queijo Canastra curado e presunto Parma. Que perfeição! Um vinho especial para momentos especiais.

São menos de 4 mil garrafas disponíveis no mercado. Em Salvador, é possível encontrar alguns exemplares por R$ 739,90 na Vinking Wine Concept (Pituba).