Obras raras de Manuel Querino são relançadas hoje

As Artes na Bahia e Artistas Bahianos, obras de 1909, registram a riqueza da produção artística baiana

Publicado em 9 de abril de 2018 às 10:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Reprodução

Dois livros raros do intelectual baiano Manuel Querino serão relançados hoje. As Artes na Bahia e Artistas Bahianos, obras de 1909 - fora do prelo há mais de 100 anos - registram a riqueza da produção artística baiana. O lançamento é da Câmara Municipal de Salvador pelo Selo Editorial Castro Alves e tem como objetivo manter viva a memória cultural baiana e brasileira.

“A obra de Querino tem grande importância e realmente merece ser mais divulgada. Seus livros e textos passam pelos estudos sobre a cultura afro-brasileira, mas envolve também temas diversificados, como a vida do operário na República, o cotidiano de Salvador, as artes e os artistas, além da herança africana nos costumes brasileiros”, afirma a professora Maria das Graças de Andrade Leal, que assina a apresentação de Artistas Bahianos. Ela é autora de uma biografia sobre a personalidade histórica, que inclusive  inspirou Jorge Amado na criação do personagem Pedro Archanjo, do romance Tenda dos Milagres, de 1969.

Enquanto Artistas Bahianos é como um dicionário com biografias de diversos trabalhadores e artistas, As Artes na Bahia traça a trajetória do trabalho na Bahia. “Ele mostra quem construiu os principais monumentos daqui e traz a importância dos trabalhadores nas primeiras décadas da República”, comenta Maria.   (Foto: Reprodução) O presidente da Câmara, vereador Leo Prates (DEM) destaca que as obras republicadas registram a riqueza da produção artística baiana “A vida intensa e produtiva de Querino era reflexo de um gênio fértil, cuja criatividade nos deixou livros de incontestável relevância histórica. Ele também brilhou nesta Casa como vereador”, afirma.

Autor da apresentação de As Artes na Bahia, o professor Luiz Alberto Ribeiro Freire considera que Querino militou efetivamente contra a cultura do esquecimento, tão presente no estado. “Essas foram as contribuições intelectuais de Querino mais sistemáticas, as mais maturadas”, assinala.

Natural de Santo Amaro da Purificação (BA), Querino também foi professor, jornalista, pintor, militante do movimento liberal, líder abolicionista e um dos fundadores da Liga Operária Bahiana e do Partido Operário. Elegeu-se vereador por dois mandatos no final do século XIX, após organizar o Partido Operário e defender os direitos trabalhistas. Negro, ele foi pioneiro nos registros etnográficos e nos estudos sobre história da arte no Brasil. Também fundou o Liceu de Artes e Ofícios e foi membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Ao longo da vida, ele elaborou e publicou diversos livros, monografias e artigos. Como jornalista, criou os periódicos A Província e O Trabalho, nos quais defendeu a abolição da escravidão.

ServiçoO quê: Lançamento dos livros As Artes na Bahia e Artistas Bahianos pelo Selo Editorial Castro AlvesQuando: Segunda-feira (9), às 16hOnde: Salão Nobre da Câmara Municipal de Salvador (Ladeira da Praça, s/n – Centro)