Óleo espanta banhistas e dá prejuízo para barracas de praia em Salvador

Ambulantes chegam a relatar perda de R$ 600 nos lucros

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  • Eduardo Dias

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 17:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

As manchas de óleo que chegaram às praias baianas desde a última quinta-feira (10) começam a dar prejuízo não apenas para as espécies marinhas, mas também para quem tem a praia como meio de sustento. 

Neste feriado de 12 de outubro, por exemplo, teve vendedor que com prejuízo estimado em R$ 600 devido ao baixo número de clientes. O CORREIO percorreu algumas praias da capital baiana na manhã desta segunda-feira (14) para conversar com comerciantes e banhistas.

Ambulante há 30 anos nas areias da praia de Piatã, Antônio Carlos Carvalho, de 70 anos, lamentou o baixo público no feriado. “Nunca vi um período de feriado ruim assim. Nós, que trabalhamos aqui, costumamos dizer que o Dia das Crianças é a abertura do Verão. Sempre dava para vender legal, mas o movimento foi muito fraco o dia todo", lamentou.O prejuízo doeu no bolso de seu Antônio. "Pela manhã tinha pouca gente, deu uma melhorada à tarde. O certo é que fiquei com um prejuízo de aproximadamente R$ 600 do aluguel de mesas e cadeiras, estou com as mãos na cabeça”, revelou ele, que é casado e pai de 11 filhos.Ainda sem saber como vai fechar as contas do mês, o ambulante conta que nunca viu as praias de Piatã tão vazias. "Esperávamos muito mais, ver a praia cheia, a expectativa era grande. As pessoas estão vindo menos por causa desse óleo. E olha que essa é uma das praias mais movimentadas da cidade. Essa é a primeira vez que vejo as pessoas saírem da praia assim”, completou. Ambulante estima prejuízo em R$ 600 no feriado (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) O sumiço dos banhistas na praia também afetou o trabalho de João Lucas, 25, que atua como guardador de carros na orla da praia de Placafor, no mesmo bairro. Segundo ele, o movimento de veículos e de pessoas começou a cair desde o aparecimento das primeiras manchas de óleo na praia.

"Tanto no final de semana quanto hoje está fraco demais, tem pouca gente na praia. As pessoas ficaram com receio de vir por causa do óleo que apareceu em algumas praias. Eu não vi nada disso por aqui", disse.

Até o momento, as manchas atingiram sete localidades: Praia do Flamengo, Piatã, Itapuã, Placafor, Jardim de Alah, Jardim dos Namorados e Buracão (Rio Vermelho).

De acordo com a Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb), agentes de limpeza retiraram, na manhã desta segunda-feira (14), um quilo de pelota de petróleo na praia de Ipitanga. Outros 36 já haviam sido removidos desde a última quinta-feira nas praias da capital baiana, onde um mutirão chegou a ser realizado.

Sem abrir mão da praia Se tem gente que fugiu das praias no fim de semana, outras pessoas decidiram arriscar e cruzaram os dedos para não voltarem para casa sujas de óleo.

A estudante de fisioterapia, Luciana da Silva, 21, por exemplo, não abriu mão de ir à praia no seu dia de folga e se reuniu com amigos. No entanto, ela foi bastante cautelosa. 

"Soube dos casos e das manchas em algumas praias, mas me falaram que não tinham chegado na Barra ainda. A ideia era ir para outra, mas decidi vir pra cá por isso. Mesmo assim não vou na água, fico apenas tomando sol na areia mesmo. Tomara que não chegue aqui", explicou ela, que escolheu o Porto da Barra.

Essa preocupação com as praias estarem afetadas ou não, inclusive, foi o tema da maior parte das abordagens sofridas pelo salva-vidas Ivonildo Silva, 57. Mergulhador há 37 anos, ele contou que a preocupação dos banhistas sobre a qualidade da praia tem sido frequente.

"Estamos orientando quais são as praias apropriadas para banho, falamos sobre o aparecimento das manchas e pedimos que eles ajudem as equipes de limpeza também, utilizando utensílios e sem que haja o contato direto. Todos nós precisamos de uma praia limpa, tanto para trabalhar quanto para curtir. Se encontrarem algo similar e não conseguirem remover, chamem algum profissional", disse.

Na tarde de hoje o vice-governador da Bahia, João Leão assinou um Decreto Estadual de Emergência para liberação de recursos para os municípios atingidos por manchas de óleo no litoral baiano.

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro