Óleo que atingiu praias do Nordeste não é brasileiro, diz Bolsonaro

Presidente participou de reunião sobre o caso com o ministro da Defesa

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  • Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 17:36

- Atualizado há um ano

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O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta segunda-feira, 7, que o óleo derramado no litoral nordestino possivelmente é fruto de vazamento de algum navio e que não seria responsabilidade do governo brasileiro. De acordo com ele, as investigações já apontam um país de origem do petróleo, mas elas prosseguem para confirmar o que de fato aconteceu. Bolsonaro se reuniu nesta tarde com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e com o ministro do Itamaraty, Ernesto Araújo para tratar do assunto. "O que está constatado é que existe um DNA desse petróleo e ele não é nem produzido e nem comercializado pelo Brasil. ... Temos no radar um país que pode ser o da origem do petróleo e continuamos trabalhando da melhor maneira possível não só para dar uma satisfação à sociedade bem como colaborar na questão ambiental", disse após o encontro. O presidente não citou qual seria esse país. Segundo reportagem da revista Época, na última semana, um laudo sigiloso encaminhado pela Petrobras ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) levanta hipótese de que é da Venezuela o petróleo que se espalhou em mancha pelo litoral nordestino. 

Bolsonaro disse que as investigações demonstram, em um primeiro momento, que o petróleo não vem de vazamento de plataformas de exploração. "Em um vazamento como esse, o que seria natural é que o comandante do navio informasse porque acidentes acontecem, mas infelizmente, com o possível navio que aconteceu isso daí, pelo que tudo demonstra, pelo que parece não vem de vazamento de plataforma, isso não aconteceu", disse.

O presidente informou ainda que as manchas de óleo migram para o norte e para o sul da região da Paraíba. "Aproximadamente 140 navios fizeram esse trajeto por aquela região. Pode ser algo criminoso, um vazamento acidental, pode ser um navio que naufragou também", disse. Bolsonaro admitiu ainda que há um impacto negativo para o turismo da região, mas garantiu que já está ocorrendo ações para a retirada do óleo que chegou às praias. Manchas de óleo de origem ainda desconhecida atingiram diversas praias do Nordeste desde setembro. Já são mais de 132 locais atingidos. Ontem, o governo de Sergipe decretou estado de emergência devido ao aumento de danos ambientais causados pelo óleo. No dia 4 de outubro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou um balanço com a informação de que 124 localidades haviam sido atingidas e 59 municípios de 8 Estados da região foram afetados. Doze animais foram atingidos pela substância, sendo onze deles tartarugas marinhas, e oito deles morreram. A substância é petróleo cru, segundo análise do órgão, mas o tipo identificado não é produzido no Brasil.

Em visita a Sergipe, o ministro Ricardo Salles afirmou que mais de 100 toneladas de borra de petróleo já foram recolhidas nas praias do Nordeste. A região sofre com manchas de óleo, ainda de origem desconhecida, que vem afetando as praias desde o começo de setembro. 

De acordo com o texto publicado pelo ministro no Twitter, essa quantidade foi recolhida desde o dia 2 do mês passado. O recolhimento, ainda de acordo com Salles, foi feito por equipes do Ibama, ICMBio, municípios e Marinha.

Queimadas Bolsonaro afirmou também que conversou com o ministro da Defesa sobre as queimadas na região Nordeste. "Devemos ter a menor média dos meses de setembro, assim como a menor média desde o século passado", informou. O presidente parabenizou as Forças Armadas e outros órgãos que atuaram no combate aos focos de incêndio na região. "Demos uma pronta resposta não só ao Brasil mas também ao exterior", disseMinistro Ao final da entrevista, Bolsonaro se irritou com a pergunta de jornalistas sobre se o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, permanecerá no cargo mesmo após ter sido denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais sob acusação de usar candidaturas de fachada para acessar recursos do Fundo Eleitoral nas eleições de 2018. O presidente foi embora sem responder aos questionamentos.