Ondas causam destruição em praias do Litoral Norte; veja imagens

Em Arembepe, quatro restaurantes e 11 casas foram atingidos; três estabelecimentos foram interditados

Publicado em 22 de julho de 2019 às 23:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Há mais ou menos 15 anos, houve uma ressaca das fortes no mar de Arembepe. João Crisóstomo, dono de um restaurante na vila que faz pqarte do município de Camaçari, se lembra bem. Mas, a da madrugada de ontem foi pior. Ondas de cerca de quatro metros atingiram quatro restaurantes e outras 11 casas. Três restaurantes foram interditados pela Defesa Civil da cidade.

“Eu nunca vi uma maré tão forte assim. Há uns 15 anos aconteceu uma ressaca com algum prejuízo, mas esse ano foi maior”, contou João, que dono de um restaurante do Beco do Canal. O vento chegou a 60 km/h. A ressaca também causou estragos em Jauá, praias de Mata de São João e em uma barraca de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas (lei mais abaixo).

Além das perdas materiais, um turista morreu afogado na praia de Arembepe. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Camaçari, Ivanaldo Soares, o homem entrou no mar mesmo com a interdição da praia. “O Graer resgatou ele, mas ele faleceu. Todo o litoral está em risco e a gente nem imaginava que ele fosse no mar”, contou.

A temporada é de chuva. Mesmo assim, é da praia que muitos moradores tiram seu ganha pão. Em Arembepe, Rosana Duarte, 50 anos, dona da barraca Duarte, vai ter que demitir os dois funcionários. E ela nem sabe como vaise manter até reconstruir a barraca, que foi interditada.“Sem o dinheiro da barraca, as contas vão se embolando. Eu vou movimentando o quiosque para pagar uma coisa ou outra, mas não dá para pagar tudo”, disse Rosana, que também é dona de um quiosque. Sem a barraca, o prejuízo pode chegar a até R$ 6 mil no mês. Até estruturas de alvenaria foram ao chão com a ressaca do mar em Arembepe (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Já o pescador Alexander Lopes, 44, não tem outra forma de ganhar dinheiro. Ele dependia do barco para sobreviver, mas a embarcação teve perda total depois de ser jogada nas pedras.

“A gente teve o aviso, mas a amarração do barco partiu e ele bateu nas pedras. Não tenho como reconstruir”, lamentu. O barco, que ele comprou há oito anos e no qual empregava quatro pessoas, valia R$ 45 mil.

Quem também não sabe como vai ser daqui pra frente é a ambulante Rosemeire Oliveira, 30. Ela aluga cadeiras e sombreiros e vende bebidas para cobrir gastos com a faculdade de Fisioterapia na Unime. Por dia, R$ 150.

“Todo o meu curso. Todo o meu trajeto foi com o dinheiro da praia. Eu me sinto desolada. A praia me deu muita coisa boa, mas eu quero estudar para sair daqui. Minha vontade é de crescer, mas não sei como vai ser”, contou. Ela está no último ano.  Parte da barraca de Irandir foi interditada, mas ela disse que não pode parar de trabalhar (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) No chão Nem as construções resistiram à força do mar. A Defesa Civil de Camaçari aponta que quatro restaurantes e onze residências foram parcialmente ou totalmente interditadas. O restaurante do Beco do Canal era a renda principal de João Crisóstomo e teve salão totalmente destruído. A construção ficava na praia e, mesmo acima do nível do mar, foi levada.“O salão acomodava 30 mesas, imagina o prejuízo. Em agosto não podemos fazer nada, prejuízo de mais de um mês fechado”, disse.Parte do restaurante Ouro Fino também foi arrasado. A dona, Irandir Reis, teve o restaurante parcialmente interditado, mas não vai fechar as portas. Barcos foram colocados na calçada para evitar que fossem atingidos pela força da água (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) O mau tempo deve continuar e o coordenador da Defesa Civil de Camaçari, Ivanaldo Soares, afirmou que agora é o momento de prevenção e alerta para novas ocorrências. “A gente não sabe como pode se comportar o mar”, relatou sem deixar de completar que o mar deve permanecer agitado até sexta (26). Hoje, aponta a startup i4sea, há previsão de ondas de até três metros.

Isso não significa, no entanto, nenhum alerta para os banhistas. Todos os alertas para a população são emitidos exclusivamente pela Marinha do Brasil e podem ser consultados no site oficial ou nas redes sociais oficiais das Forças Armadas.

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O plano emergencial de Camaçari já foi acionado para que todas as secretarias possam agir conjuntamente.

Além de Arembepe Também localizada em Camaçari, a praia de Jauá foi afetada pelas fortes ondas. A Defesa Civil esteve no local nesta segunda (22) para retirar os barcos do mar e levá-los para um local seguro. Sem definir um número, o coordenador do órgão apontou que algumas barracas da localidade foram destruídas, mas em menor número do que o registrado em Arembepe.  Três estabelecimentos foram interditados em Arembepe (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A praia de Jauá também foi interditada pela Defesa Civil. De acordo com Ivanaldo Soares, cerca de oito quilômetros da beira-mar foram interditados, enquanto 10 quilômetros ficaram bloqueados em Arembepe. Todo o litoral da cidade de Camaçari possui 42 quilômetros.

Os ventos e a maré forte também chegaram a Praia do Forte e Imbassaí, no município de Mata de São João. A prefeitura local aponta que a ressaca foi a mais forte registrada nos últimos 40 anos na cidade. Assim como em Camaçari, as ondas também atingiram quatro metros de altura. Em nota, a gestão municipal apontou que decks e barracas de praia foram destruídos e os barcos foram jogados na areia e nos arrecifes.  Em Vilas do Atlântico, segundo a Prefeitura de Lauro de Freitas, barraca atingida foi a Araruama (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Quando o mar retornar às condições normais, a Prefeitura de Mata de São João vai reconstruir os equipamentos de contenção da água do mar. Um novo local para abrigar as barracas de praia será escolhido. Desde a semana passada, o acesso do público a áreas de risco havia sido interditado.

Em Lauro de Freitas, a praia de Vilas do Atlântico também foi afetada pelo fenômeno natural. De acordo com a prefeitura da cidade, a barraca Araruama foi a que mais sofreu com a ressaca. O CORREIO esteve no local, mas não encontrou responsáveis pelo estabelecimento.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier