Ônibus deixam de circular no Vale das Pedrinhas após morte de menino

Motoristas disseram que foram ameaçados durante protesto contra morte de Ryan Andrey Pereira Tourinho Nascimento, 9 anos

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de março de 2021 às 16:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Os passageiros que dependiam dos ônibus que circulam no final de linha do Vale das Pedrinhas precisaram andar mais de 1 km para pegar um transporte público. Isso porque os ônibus não estão entrando no bairro neste domingo (28). Os rodoviários que trabalham na região disseram que foram ameaçados por algumas pessoas que protestavam contra a morte de Ryan Andrey Pereira Tourinho Nascimento, 9 anos, nesta sexta-feira (26).  

"Queriam botar fogo nos ônibus. Então, desde ontem que a gente não está entrando lá", disse o motorista de ônibus da Integra Salvador Norte que faz a linha Vale das Pedrinhas / Vila Rui Barbosa. O final de linha improvisado está sendo na Rua do Canal. "A gente sai daqui e para no ponto da entrada do Vale. Entendemos que as pessoas sofrem, mas temos que, nessas horas, puxar para o nosso lado, infelizmente", declarou o motorista. 

Ainda de acordo com eles, não há previsão de quando o serviço de transporte público será normalizado no bairro. "Não sabemos quando vamos voltar a rodar lá. O sindicato está à frente disso. Por conta das ameaças resolvemos fazer o final de linha aqui. Quando acontece uma coisa dessa, é de praxe a gente não entrar. É para a nossa segurança", disse o cobrador, ao lado de um despachante. Ônibus deixam de circular no Vale das Pedrinhas após morte de menino (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) O CORREIO procurou o Sindicato dos Rodoviários, mas nenhum dirigente respondeu nossas ligações e mensagens.

Ainda na manhã deste domingo no Vale das Pedrinhas, moradores falaram da suspensão temporária dos ônibus no bairro. "A gente entende tudo, mas a população não tem culpa. Eu moro no final de linha e andei de lá pra cá, nesse sol porque preciso trabalhar", declarou o porteiro João Jorge Nascimento, 45. 

O frentista Daniel Almeida Barbosa, 27, conta que também andou muito para ir trabalhar. "Aqui é um bairro muito populoso. Mesmo num domingo, aqui tem movimento. Além de me cansar, vou chegar atrasado no trabalho. Em tempo de pandemia, ficar desempregado é muito complicado", disse.

Enterro Policiais militares permaneceram a manhã inteira no bairro. Havia viaturas na entrada e no final de linha , além unidades motorizada circulando. Às 11h estava previsto um novo protesto com amigos e parentes de Rayan, mas foi adiando.  Eles disseram que a decisão não tem a ver com a presença dos policiais. 

“Optamos para faze amanhã (segunda-feira) , depois do enterro de Rayan. Vamos caminhar do cemitério, aqui. Não sossegaremos enquanto os autores não foram definitivamente presos”, pontou uma moradora e amiga da família do menino.  Rayan será enterrado às 10h no cemitério municipal de Brotas.