Operação Chuva: Prefeitura realiza ações preventivas, contínuas e inovadoras

Mais de R$ 48 milhões em investimentos e sete órgãos envolvidos

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  • Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Jefferson Peixoto/Secom/PMS

Em quase 20 dias choveu 405mm em Salvador – mais do que os 290mm previstos para todo abril. Somente em três dias, a precipitação chegou em 280mm. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Salvador possui 1.040 locais de risco, onde vivem 46% da população. Para levar mais segurança para famílias que vivem em áreas de risco, a Prefeitura Municipal ampliou as medidas preventivas e emergenciais que reduzem os efeitos causados pelas chuvas.

Com investimento de R$ 48,4 milhões e envolvimento de sete órgãos municipais, a Operação Chuva 2021 foi lançada em março, mês que marca o início do período de precipitações mais fortes na cidade.“Com base no último censo do IBGE, a Prefeitura resolveu um terço do problema. Estabelecemos como prioridade, desde a nossa chegada à gestão, a contenção de áreas de risco. São 138 mapeadas com identificação dos riscos de deslizamento ou alagamento. A prioridade é proteger encostas e conter alagamentos formados dentro das casas das pessoas que vivem perto de córregos e canais”, destaca o prefeito de Salvador, Bruno Reis. Os investimentos municipais em contenção e proteção de encostas têm trazido mais segurança e alívio aos moradores  (Foto: Valter Pontes/SECOM) A iniciativa é dividida em duas etapas: a preparatória intensifica ações preventivas durante o ano, como obras de contenção de encostas e aplicação de geomantas. Hoje há 205 proteções deste tipo na cidade e outras quatro em execução. A outra etapa é de alerta, realizada entre abril e junho, com medidas de monitoramento e resposta às situações de risco ou desastre.

No último dia 19, a Prefeitura entregou mais uma contenção de encosta – ainda há oito intervenções do tipo em andamento e mais três a iniciar. Desta vez, os beneficiados foram os moradores da 2ª Travessa Pequeno Saldanha, em Matatu de Brotas. Com investimento de R$ 326 mil, em uma área de 32,9m de largura e 4,5m de altura, a intervenção contou com serviços de drenagem, pavimentação com passeio e escadaria em tijolos, além de muros em concreto e de alvenaria de pedra. A construção teve como intuito impermeabilizar o talude que existe no local, evitando erosões, absorção de águas da chuva e possível risco de deslizamento do terreno.

“Eu andava aqui na beiradinha, segurando na mão de Deus e pedindo para não cair. Até mesmo minha sogra saiu daqui por conta dessa situação. Agora está tudo uma maravilha”, relata a moradora Eliana Sacramento, 39 anos.

Monitoramento Uma das inovações tecnológicas empregadas nas políticas de redução de desastres em Salvador é o monitoramento de risco climático, realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). São 11 sirenes em dez áreas de risco, além de duas estações meteorológicas no Parque da Cidade e Monte Serrat, quatro estações hidrológicas no Retiro (Rio Camarajipe), Caminho das Árvores (Rio Camarajipe), Boca do Rio (Rio das Pedras/Pituaçu) e Piatã (Rio Jaguaribe).

A previsão é de que, ainda neste ano, sejam implantadas 15 Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicos, com pluviômetros e sensor de umidade. Com isso, será possível ter maior precisão na emissão de alertas de risco de deslizamentos e antecipar ações de prevenção dos impactos socioambientais. Está previsto também o plantio de três mil árvores para ajudar na contenção e no paisagismo de 40 áreas.

Simulados e avisos Outra estratégia são os simulados de evacuação, com acionamento do Sistema de Alerta e Alarme para orientação sobre como a população deve proceder diante de uma situação de risco. As atividades são realizadas com a presença de técnicos e voluntários da Codesal nas comunidades da Baixa do Cacau, Calabetão, Bosque Real, Vila Picasso, Voluntários da Pátria e Bom Juá. Vale lembrar que Salvador já tem 57 Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs) capacitados – representando 2.457 moradores que residem em áreas de risco - para lidar de forma preventiva em eventuais perigos decorrentes de fatores climatológicos, além de cinco Nupdecs Mirins, com a capacitação de 73 crianças, e 8.862 alunos com a realização, antes da pandemia, do Projeto Defesa Civil nas Escolas em 72 unidades da rede municipal.

Outra novidade da Operação Chuva 2021 são os avisos meteorológicos enviados por celular. Quem quiser receber informações sobre as condições climáticas basta enviar um SMS para 40199, informando o CEP. A ação, voltada para moradores de áreas mais vulneráveis às consequências das chuvas, permite até 100 mil disparos de mensagens diários.

Ações contínuas De janeiro a fevereiro, cerca de 42.434 m² de lona plástica foram usadas para proteger 209 áreas de risco, além da manutenção da rede de micro e macrodrenagem. Equipes também realizaram – e continuam de forma permanente e mais intensiva durante o período de chuvas - outros serviços preventivos, como de capinação, roçagem, retirada de entulho, remoção de terra, lixo e limpeza de valetas. 

De 2020 para cá, a Prefeitura também já realizou a dragagem de 15 canais e a limpeza de 5.935 caixas coletoras. Foram feitas ainda a desobstrução de 127.084 metros de galerias de drenagem, recuperação de 2.128 metros de escadarias drenantes e poda e supressão de 14 mil árvores.

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Esgotos clandestinos aumentam riscos A Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman) alerta sobre os riscos de ligações irregulares de esgostos, que provocam desgastes precoces e redução da vida útil das manilhas, além de atrair roedores e vetores diversos que são prejudiciais à saúde pública. A situação fica ainda mais complicada nos períodos de chuva, quando os sistemas de microdrenagem ficam sobrecarregados.“É importante que as pessoas se conscientizem que não podem estar fazendo ligação de esgotamento sanitário na rede de drenagem, e sim na rede de esgoto. Para isso, deve-se chamar a Embasa para que o órgão faça as tratativas adequadas. Na rede de águas pluviais deve apenas correr água de chuva, nada mais que isso”, afirma o titular da Seman, Luciano Sandes, que alerta para a possibilidade de alagamento quando o sistema de drenagem tem alguma alteração. Ligações clandestinas de esgoto aumentam risco de alagamento (Max Haack/Secom) ----------Famílias atingidas pelas chuvas são acolhidas pela Prefeitura As chuvas que caíram em abril causaram prejuízos a diversas famílias do Alto da Terezinha, no Subúrbio Ferroviário. Duas casas foram condenadas, sem a possibilidade de retorno das famílias para o próprio lar. Um desses imóveis foi o de Luciano dos Santos Silva, 29 anos, que foi acolhido por técnicos da Defesa Civil de Salvador (Codesal) e da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), juntamente com outras 33 pessoas, na Escola Municipal Santa Terezinha, localizada no próprio bairro.

Mesmo com as perdas, o jovem se sente agradecido por ter onde ficar, com alimentação, salas higienizadas e apoio psicológico para diminuir o impacto da situação: “Teve casa que a água passou e não teve nada, mas a minha é de laje e a fundação se rompeu. Aí, mesmo sem a chuva, corro perigo. Não posso retornar porque a casa pode descer. É complicado”, disse Luciano. A Prefeitura de Salvador disponibiliza escolas municipais para acolher a população nas áreas de risco (Ascom/Codesal) Em abril, a Prefeitura já disponibilizou oito escolas para acolher a população mais afetadas pelas chuvas recentes. Além do Alto da Terezinha, as unidades estão em São Caetano, Calabetão, Sete de Abril, Lobato, Vila Picasso e Baixa do Cacau. A alimentação dos acolhidos é balanceada, definida pela equipe de nutrição. São seis refeições: café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde, café da noite e uma ceia. 

A dona de casa Marta Santos, 38, também estava acolhida no Alto da Terezinha. Abrigada com seis dos 11 filhos, salienta que todos são bem tratados e que o pessoal da Prefeitura é bem atencioso e educado: “Eles estão fazendo o que podem para nos dar conforto. A gente saiu de casa com a roupa do corpo. Aqui temos refeição, um colchão, um apoio com palavras, eles conversam bastante com a gente”.

Além do acolhimento às famílias residentes em áreas de risco, a Prefeitura de Salvador também realiza outras ações sociais, como distribuição de materiais para a higiene pessoal e necessidades básicas e atendimento em posto avançado da Sempre. As atividades serão intensificadas até junho para melhor amparar as necessidades de quem passar por alguma situação de emergência.

Auxílio social Nos acolhimentos provisórios, além do atendimento e encaminhamento, são disponibilizados colchões, lençóis, cobertores, toalha, alimentação, kit higiene e limpeza. Caso a condição de desocupação do imóvel permaneça, as pessoas são encaminhadas para o recebimento do Auxílio Moradia, destinado às famílias de baixa renda vítimas de situações de risco e desastre. Na Operação Chuva do ano passado, o benefício foi dado a 3.351 núcleos familiares, sendo 3.148 por evacuação temporária e 203 por relocação ou demolição do imóvel. 

Já para as pessoas que sofrem perdas decorrentes dos desastres, a Prefeitura oferece o auxílio emergência, que, no ano passado, beneficiou 721 famílias - 480 receberam um salário mínimo; 206, dois salários mínimos; e 35, três salários mínimos. O apoio financeiro é para o restabelecimento das condições mínimas de sobrevivência através da reposição de bens.

Atendimento rápido Para auxiliar a Codesal, a Secretaria Municipal de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro (SACPB) orienta a população como proceder em situações causadas pelas chuvas. Pela localização em pontos estratégicos da cidade, as equipes das unidades, muitas vezes, são as primeiras representantes da Prefeitura em situações emergenciais.“As Prefeituras-Bairro são de extrema importância para que possamos entrar na região. Não só durante a chuva, mas ao longo de todo o ano temos o vínculo com a comunidade. Assim, as necessidades de cada localidade podem ser atendidas com mais brevidade, fazendo com que, nesses momentos difíceis, essas pessoas confiem em nós para que saiam de casa para receber o acolhimento necessário”, afirma Ana Paula Matos, vice-prefeita e secretária de Governo (Segov).--------------------

Vistorias monitoram situação de casarões antigos A região do Centro Antigo de Salvador é repleta de casarões históricos que, sem manutenção adequada, podem sofrer com degradação estrutural provocada pelo tempo e, consequentemente, oferecer riscos à população. Uma das ações promovidas pela Defesa Civil de Salvador (Codesal) é justamente vistoriar o estado de conservação dessas edificações.

A iniciativa integra o projeto Casarões e acontece de forma rotineira, com monitoramento intensificado neste período de chuva. Só neste ano, equipes da Codesal já realizaram 69 inspeções. São mais de 1,3 mil casarões cadastrados pelo órgão, sendo a maioria deles localizada em áreas como Pelourinho, Baixa dos Sapateiros, Barroquinha, Santo Antônio e Comércio. Através desse processo tem sido possível traçar o diagnóstico de cada estrutura. Uma das ações promovidas pela Codesal é vistoriar o estado de conservação dessas edificações (Paulo Azevedo/Codesal) O trabalho é preventivo e tem permitido identificar os imóveis com risco alto e alertar os órgãos que cuidam do patrimônio histórico sobre a necessidade da realização de intervenções. No caso dos casarões particulares, os proprietários são notificados para que façam as intervenções necessárias. No entanto, se o risco de desabamento é iminente, a própria Prefeitura pode realizar a demolição mediante autorização de órgãos responsáveis.

Fique ligado A Codesal mantém plantão de 24h, todos os dias da semana. Em caso de emergência, você deve ligar para o número gratuito 199. Para solicitar serviços de limpeza e dragagem dos rios, basta entrar em contato com a Seman pelos canais do Fala Salvador: número 156, site www.falasalvador.ba.gov. br e aplicativo Fala Salvador Cidadão