Organização de advogadas atende centenas de mulheres gratuitamente

O “Tamo juntas” deixou de ser um coletivo e virou uma organização

Publicado em 2 de maio de 2018 às 14:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

De diversas formas e intensidade, a violência doméstica e familiar contra a mulher é recorrente. Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2016), 66% dos brasileiros já presenciaram alguma mulher sendo agredida verbalmente ou fisicamente. No mesmo ano, a cada hora, mas de 500 mulheres foram violentadas, ameaçadas e espancadas. Ao todo, foram 4,4 milhões de mulheres vítimas de alguma agressão.

Se você pensa que esse número diminui, está muito enganado. Ele só faz aumentar. E foi pensando em ajudar essas mulheres que o “Tamo Juntas” foi criado. A ideia surgiu a partir de uma publicação que a advogada Laina Crisóstomo fez em sua página no Facebook, se unindo à campanha #MaisAmorEntreNós, que oferecia serviços de forma gratuita para outras mulheres.

Em sua publicação, a advogada oferecia atendimento jurídico para mulheres que tivessem sido vítima de violência doméstica ou tivessem algum processo na vara da família.  “Eu não acreditei quando vi que a publicação tinha mais de 6.000 mil curtidas e compartilhamentos de pessoas de todos os lugares do Brasil”, disse Laina. A publicação fez com ela conhecesse Aline Nascimento e Caroline Rola, duas advogadas que também estavam dispostas a abraçar a causa.

Tudo começou em abril de 2016 e no início de maio a página do projeto já está sendo criada. Hoje, o “Tamo Juntas” não funciona mais como um coletivo de mulheres, mas como uma organização. “Em Salvador, temos mais de 30 voluntárias, mas também contamos com ajuda de voluntarias em 23 estados do Brasil. Ao todo formamos uma equipe de 200 voluntarias”, contabiliza a advogada.

Além de assistência jurídica, a organização também oferece amparo psicológico e social às mulheres atendidas. “Hoje temos em nossa equipe assistentes sociais, psicólogas, pedagogas, médicas, enfermeiras e dentista”, lista Laina explicando que a ideia do voluntariado tem se fortalecido, apesar de ter muita gente precisando de ajuda, tem muita mulher que quer ajudar. “Nossa organização tem um recorte bem feminista, só antedemos mulheres, cisgêneras (cis) e transexual”.

Laina conta que já presenciou muitas histórias legais. “É muita história bacana de mulheres que conseguiram voltar a trabalhar, entrar em uma faculdade e retomar a sua vida”. Mas duas em especial tem a sua atenção. “Tem um caso de uma mulher estrangeira que através da nossa ajuda conseguiu uma autorização de viagem e levou sua filha para conhecer sua mãe. E uma moça chegou até a gente através do seu irmão que mora lá na Suíça”.

Esse último caso em especial, deixa a advogada muito feliz. Segundo ela, isso demonstra o quanto a organização está crescendo. “A gente não faz divulgação, todo trabalho que é feito parte das pessoas que conhecem o nosso projeto e acaba divulgando. Eu fiquei bem animada quando a moça contou que conheceu o projeto através do irmão que mora na Suíça, isso mostra o nosso alcance”, conclui. 

É possível solicitar ajuda ao “Tamo Juntas” através de diversas plataformas. Pode ser através do Facebook (Tamo juntas); site (http://tamojuntas.org.br/); e-mail, cada estado possui um e-mail diferente ([email protected]) – o que muda é a sigla de cada estado; Instagram (@atamojuntas) e o whatsapp (71) 9299-0071, que segundo Laine é a ferramenta mais próxima das mulheres e uma das mais utilizadas. 

A organização conta com o apoio de vários profissionais diferentes. São pessoas formadas em Direito, Pedagogia, Serviço Social, Enfermagem e uma série de outras graduações. Você se interessa por algum curso desse? Você gostou da iniciativa do projeto? Que tal começar estudando uma das graduações acima? O programa Educa Mais Brasil ajuda pessoas não têm condição de arcar com a mensalidade integral de uma faculdade concedendo bolsas de estudo de até 70%. É só escolher o curso ou a instituição de ensino e em uma nova oportunidade. Quem sabe você também não pode, no futuro, criar uma iniciativa semelhante e ajudar outras pessoas?