Organizações de água e saneamento criticam Rui por decisão de abrir capital da Embasa

Governador afirma que ação é recorrente em estatais e fala em "vencer tabu"

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  • Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2019 às 19:52

- Atualizado há um ano

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A decisão do governador Rui Costa de abrir o capital da Embasa desagradou os trabalhadores da empresa. Em nota, os trabalhadores repudiaram a decisão, caracterizada como uma permissão para os empresários lucrarem com a exploração da água.

A nota conjunta foi emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), Observatório do Saneamento Bahia, Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), Cut Bahia, Federação Dos Urbanitários Do Nordeste (Frune), Confederação Nacional Dos Urbanitários (CNU), Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental Internacional De Serviços Públicos (ISP) e Contaguas.

Os trabalhadores ainda argumentam que outros países estão retomando o controle das empresas de saneamento. Um exemplo brasileiro citado pela nota é Manaus. “Manaus tem 20 anos de saneamento privado e a cobertura é vergonhosa”, apontou o texto.

O grupo afirma que o valor das contas de água vão crescer com a abertura de capital. A nota menciona as obras de saneamento no estado para argumentar que a decisão irá desmantelar a empresa.

“Não se concilia o interesse público, voltado para o atendimento à população pobre, maioria do nosso estado, com o interesse privado em obter retorno financeiro. o interesse pelo lucro não permitirá a universalização do saneamento, não vai garantir esgoto em todo o estado, não vai reduzir doenças nem mortes. o saneamento tenderá a ficar ainda mais o espelho da desigualdade social – uma parcela com mais água e esgoto, outra sem nada”, diz a nota.

Durante a inauguração do Caps do Jardim Armação, o governador ressaltou que não se trata de uma privatização, mas de uma abertura de capital, como já foi feito em outras empresas, ao exemplo do Banco do Brasil, citou Rui.“Vamos capitalizar a empresa para que ela possa investir em água e esgoto. Não tem milagre, estamos vencendo tabus”, disse.Rui ainda mencionou que o dinheiro a ser arrecadado com a abertura de capital deve ser investido na infraestrutura para os locais ligados pela Ponte Salvador-Itaparica.

"Precisamos investir muito fortemente em água e esgoto do lado de lá para montar uma infraestrutura para receber os investimentos. Não podemos esperar instalar a cidade sem água e esgoto contaminando o lençol freático e o mar”, afirmou.

A decisão foi anunciada na última sexta-feira (13) em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. O petista planeja que o governo baiano não perca o controle da estatal.

"Quem é governador se pergunta: onde vamos buscar recursos para tirar o pobre de viver sem esgoto, em lugares alagados ou ficar sem água? O governo e os estados não têm como ofertar", explicou Rui ao jornal. "É evidente que precisamos usar o instrumento da parceria público-privada, do capital privado, para levar água e esgoto à população. Isso não significa que os interesses públicos estarão subordinados aos privados. Podemos ter agências reguladoras fortes. Não abrirei mão do controle da minha empresa de saneamento, mas vou abrir seu capital", declarou.