Orla da Barra é interditada com barreiras no calçadão e na rua

São 14 pontos no calçadão e 4 para carros; veja como está trânsito

Publicado em 16 de junho de 2020 às 12:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO
. por Marina Silva/CORREIO

Começou na manhã desta terça-feira (16) a interdição da Orla da Barra - começando do Porto até o Ondina Part Hotel. Segundo a prefeitura, a operação para fechar o trecho foi tranquila. Transalvador, Guarda Municipal e Polícia Militar foram até o local para fazer a interdição e fiscalizar. A medida vale inicialmente por sete dias, podendo ser prorrogada.

A ideia de interdição é evitar aglomerações na região. Imagens que mostram movimentação intensa no calçadão da Barra circularam nas redes sociais neste final de semana. 

No trecho para pedestres, são 14 bloqueios físicos no calçadão, além de outros dois na altura do Farol da Barra. O isolamento foi feito com gradis, cercas e tapumes. Placas informativas sinalizam que não é permitida a circulação - está proibida a prática de qualquer atividade esportiva e até mesmo caminhar por ali, incluindo o Farol e o Morro do Cristo.

Já para os carros são quatro barreiras em pontos considerados estratégicos, com acesso restrito a moradores da região que comprovem a residência. As barreiras foram montadas no Porto da Barra; na Rua Alfredo Magalhães, na esquina com a Av. Oceânica; Rua Airosa Galvão com a Av. Oceânica; e na própria Av. Oceânica, na altura do Clube Espanhol, com fluxo de veículos sendo desviado para a rua José Sátiro de Oliveira (Morro do Gato).

[[galeria]]

As demais transversais que dão acesso à Avenida Oceânica foram fechadas com barreiras fixas e os carros não poderão passar. São elas as ruas Barão de Itapuã, Marques de Leão, Francisco Otaviano, Professor Fernando Luz, Leoni Ramos, Carlos Chiacchio e José Sátiro de Oliveira. O acesso ao Hospital Espanhol, unidade de emergência do governo do Estado para atender pacientes da covid-19, segue liberado.

"Toda a fiscalização conta com o apoio dos nossos equipamentos eletrônicos, a exemplo dos radares, que irão fiscalizar se algum motorista que não seja morador furou um dos bloqueios. Mas, nesse início, a operação está bem tranquila", explica o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller. 

Vinte e seis agentes da Guarda Municipal, com cinco viaturas e quatro motos, estão na área para fiscalização. Segundo Maurício Lima, diretor municipal de Segurança Urbana e Prevenção à Violência, as pessoas estão cooperando. "A população está respeitando. Não tivemos nenhum tipo de reclamação ou de pessoas tentando acessar a área restrita do calçadão. Tem sido positivo nesse início", diz.

Movimentação Os vídeos mostrando a aglomeração de pessoas na Barra foram citados ontem pelo prefeito ACM Neto como motivo para decisão de interditar a orla. “Após as imagens divulgadas ontem pela imprensa, nós tomamos essa decisão. Não tem jeito, infelizmente. Fazer aglomeração no Farol, gerar multidão nas ruas, é injustificável”, afirmou. "Quer fazer seu exercício? Bota a máscara e vai. Não precisa aglomeração", afirmou.

Moradora da Barra, a empresária Karla Baqueiro aprovou a decisão. Há quase 90 dias confinada, ela disse que só desceu para a orla três vezes durante esse período, uma delas para rezar em frente ao mar. "Fiz minha oração e voltei, e no caminho vi algumas pessoas sem máscaras. Quando vi o vídeo do domingo, tive a impressão de que triplicou o número de gente. O que a prefeitura fez foi fundamental para evitar o crescimento de casos", comenta.

Também residente na região, nas proximidades do Porto da Barra, Victor Lopo comenta que os impedimentos realizados pela prefeitura são uma tentativa válida, mas, ao mesmo tempo torna a área uma espécie de condomínio fechado, onde moradores transitam em liberdade. "Quem tem um comprovante de residência passa tranquilamente com o seu carro e quem mora perto vai andando", pontua. 

O que aconteceu no último domingo, suspeita ele, foi a soma de residentes do bairro com visitantes. Para ele, a medida de bloqueio da calçada aconteceu tardiamente. "A prefeitura corre atrás do que já está acontecendo. O poder público toma ciência depois que alguém vai e faz uma matéria. Não tem como estar observando isso?", questiona

Até este domingo (14), Salvador tinha 19.860 casos confirmados de covid-19, com 742 mortes. A taxa de contaminação caiu para 3,7%, mas, mesmo com esse percentual, a estimativa é de que até o dia 30 de junho serão 44 mil infectados com o novo coronavírus na capital baiana. Neto cobrou mais responsabilidade dos soteropolitanos."Se fosse feito com respeito, usando máscara, tudo bem. Atividade ao ar livre sem aglomeração tem risco bem menor de contaminação que atividade em ambiente fechado. Não seria um problema. Passa a ser um problema porque as pessoas não respeitam as regras", disse o prefeito.Salvador está com 84% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 75% das acomodações clínicas da rede pública ocupados. Na rede privada a taxa caiu de 85% para 79%. Ontem, 40 pessoas foram reguladas das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para unidades hospitalares, e sete ainda aguardam pela transferência.

O fim de semana foi mesmo movimentado. De acordo com os dados da prefeitura, 73% dos motoristas que costumam sair de casa aos domingos estavam nas ruas ontem. Esse percentual é um dos maiores desde o início da pandemia. No transporte público, 33%, dos passageiros usaram o serviço, a mesma taxa das últimas semanas.

ACM Neto destacou que dos 33.119 testes rápidos aplicados em Salvador do início da quarentena até domingo, 6.013 deram positivo para covid-19. Ele voltou a falar da possibilidade de retomar as medidas de isolamento setorizado em bairros que já passaram por essas restrições, e disse que dos 8.727 novos casos que surgiram em junho, 4.271 foram registrados apenas nos últimos sete dias.

Em nota, a Transalvador informou que o primeiro dia de ações de incentivo ao isolamento social na região da Barra-Ondina ocorreu sem transtornos no trânsito. Os agentes consideraram tranquila a quantidade de veículos transitando na área, mas algumas pessoas ficaram confusas devido a novidade das interdições. Ainda segundo o órgão, a maioria colaborou. As barreiras permanecem montadas diariamente até as 22h, e serão recolocadas novamente nesta quarta-feira (17), a partir das 7h.