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Os campeões do Enem: saiba quais são os assuntos que mais caem no exame


 

Levantamento foi feito pelo Sistema Ari de Sá, com 3 mil questões aplicada ao longo de oito anos

  • Amanda Palma

Publicado em 05/05/2017 às 05:30:00
Atualizado em 17/04/2023 às 01:47:07

Faltam só três dias para o início das inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - na próxima segunda-feira - e, junto com a data, chega a ansiedade para as provas e a preocupação dos estudantes com a preparação do exame, que acontece no mês de novembro.

Cursando o 3º ano do ensino médio, o estudante Lauro Almeida pretende se inscrever logo na primeira semana. Além da ansiedade, ele ainda enfrenta a dificuldade na área de linguagens. Por isso, foca nos assuntos mais abordados nas últimas edições do exame.

Para ajudar estudantes como Lucas, o Sistema Ari de Sá (SAS), uma plataforma que elabora materiais didáticos, inclusive simulados do Enem, analisou mais de três mil questões das provas realizadas entre 2009 e 2016 e produziu um levantamento com os assuntos mais cobrados nos últimos oito anos.

Os resultados são divididos por áreas de conhecimento e, depois, por disciplinas. A área de Linguagens  concentra os maiores percentuais de cobrança: 57,1% das questões dizem respeito à compreensão e interpretação na prova de Espanhol; 47,1% em leitura e interpretações de textos em Inglês e 28,8% em Língua Portuguesa. Assuntos mais específicos, como figuras de linguagem, aparecem com baixo percentual - 2,1%.

Para o professor de Português José Silva, a ocorrência das questões de interpretação de texto demonstra a importância dela também em outras áreas de conhecimento. “Tenho aulas à tarde para trabalhar a interpretação de texto. A prova é voltada para o raciocínio lógico. Você consegue até definir a alternativa por interpretação, que se baseia nos textos interpretativos, gramaticais ou de qualquer disciplina”, diz.

Em Ciências da Natureza, o assunto com maior percentual de recorrência é mecânica, com 30%, cobrado na prova de Física, seguido de química geral (24,9%) e humanidade e meio ambiente (19,4%), em Biologia.

Analisando as questões de Ciências Humanas como um todo, os assuntos aparecem de maneira mais equilibrada. Com 25,2%, aparecem as questões relacionadas ao mundo do trabalho na disciplina de Sociologia, enquanto questões de ética e justiça representam 21,1% na disciplina de Filosofia. Já em História, 15,4% são sobre Idade Contemporânea, enquanto em Geografia, 19,1% das questões são sobre temas agrários.

A estudante Gabriella Santana, 17, fez a prova pela primeira vez no ano passado e descobriu que não deveria focar apenas nos assuntos do ensino médio. “Percebi que precisava lembrar de outras séries. Foi mais equilibrado de coisas mais recentes do 1º e 2º, mas também tinha coisas que eu tinha dado na 5ª ou 8ª série. Tive dificuldade de lembrar algumas áreas”, conta. Fortalecimento Para o superintendente de Políticas de Desenvolvimento da Educação Básica da Bahia, Ney Campello, o ranking com a frequência dos assuntos abordados vai nortear uma das etapas do programa Enem 100%, formatado pela Secretaria de Educação do estado (SEC), para estimular os estudantes da rede estadual a participar do exame.

“A segunda etapa é o fortalecimento de aprendizagens. Vamos realizar um trabalho de junho a setembro: planejamentos de roteiros de ações complementares nas áreas de conhecimento, com o foco dos conteúdos críticos mais recorrentes na prova”, explica.

HabilidadesPara o diretor de ensino do Sistema Ari de Sá (SAS), Ademar Celedônio, a análise dos assuntos abordados nos últimos oito anos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mostra que a prova exige sempre conteúdos relacionados ao cotidiano do estudante.

“A metodologia consistiu em (analisar) provas  desde 2009 e, desse recorte, do que mais cai. Depois, a gente começou a perceber coisas muito recorrentes do processo, como a cobrança daquelas habilidades que têm mais a ver com o cotidiano dos estudantes”, observa.

Ainda segundo Celedônio, em alguns casos, os assuntos presentes na matriz de referência não são cobrados e, em algumas disciplinas, eles se concentram em subtemas. É o  caso da Matemática, com questões de geometria, porcentagem ou números complexos.

Na área de Humanas, Celedônio afirma que há uma sinergia dos conteúdos cobrados. “A gente vê mais Geografia voltada para o meio ambiente. A prova se preocupa em colocar trechos do cotidiano em que os alunos estão mais familiarizados. A gente começou a perceber alguma sinergia de maneira geral nessas questões”, afirma.

Já o professor de Química do Colégio Vitória Régia, Carlos Salinas, aponta que a prova de 2016 foi mais “conteudista” na área de Ciências da Natureza. Na visão do professor, predominaram as perguntas mais “secas”, com mais cálculos.

Apesar disso, os professores ainda mantêm, dentro da sala de aula, a aprendizagem voltada à interdisciplinaridade. “Nós estamos mantendo a interdisciplinaridade, mas não deixando de explorar a questão do conteudismo, questões mais duras, um conhecimento mais específico daquele conteúdo, do contexto. Não podemos deixar de trabalhar nunca naquela linha”, diz Salinas.

Segundo Salinas, alguns assuntos tendem a ir mais por essa linha, como cálculo estequiométrico, eletroquímica e soluções: “O estudante só vai saber responder se souber como resolver as questões”.