Os segredos para tornar obras e reformas mais sustentáveis

Novos materiais, uso de restos de construção e demolições e aproveitamento da chuva estão entre eles; o planeta agradece

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: João Ataíde/Divulgação

Construção civil é a maior fonte geradora de lixo da sociedade brasileira. O entulho chega a representar 70% da massa total de resíduos sólidos urbanos de uma cidade brasileira de médio e grande porte. Os índices pressionaram a indústria, o mercado e a sociedade. O resultado alcançado ainda está longe do ideal, mas já é possível realizar obras, reformas e construções mais sustentáveis.

De acordo com o engenheiro e professor da UNIFACs Luciano Renato Ferreira, a garantia de um imóvel sustentável pode ser alcançada de diversas formas, desde de uma obra que tenha utilizado Resíduos de Construção e Demolição (RCD), a exemplo de materiais à base de cimento que tenham essa origem - como os blocos intertravados, meios fios com adição de RCD, entre outros -, até  a instalação de equipamentos que possibilitem uma residência mais racional, com a presença de placas fotovoltaicas para a geração de energia e restritores de vazão de água em descargas.

“Na obra em si, é possível pensar em no que se refere ao reaproveitamento da água de chuva”, completa. 

Ele salienta ainda que a engenharia civil e a arquitetura podem e devem trabalhar juntas para escolher as melhores alternativas, possibilitando que a obra, tenha ela fins comerciais ou residenciais, possa oferecer conforto ambiental e acústico.

“Existe uma norma de desempenho, a NBR15575:2013, que estabelece critérios mínimos para as construtoras garantirem no interior das edificações um conforto térmico e acústico. Isso é um ganho, pois antes dessa norma as construtoras não tinham obrigação de seguir critérios nesses quesitos”, esclarece o professor.  O Neopor é um dos produtos disponibilizados no mercado para garantir o conforto térmico para ambientes residenciais ou comerciais, reduzindo a transferência de calor em 20% (Foto: Divulgação) Novidades

O gerente do Time de Indústria de Construção Civil para a América do Sul da BASF, Giancarlo Tomasim, lembra que o mercado disponibiliza inúmeros itens que agregam sustentabilidade e benefícios técnicos, a exemplo do poliestireno rígido expandido, que simula a atuação de um cooler de bebidas ou de uma folha de isopor, reduzindo a transferência de calor do ambiente externo para o interno em 20%, o que  resulta em uma casa mais fresca ou mais quente.

“Existem produtos que podem ser usados como aditivos para os cimentos, impermeabilizantes ou para garantir conforto térmico, possibilitando uma aplicação rápida, segura e com geração mínima de resíduos e estratégias de construções ambientalmente adequadas”, completa o professor.

Outro material destacado por Tomasim são as tintas que, com novas tecnologias, têm oferecido melhores características em relação ao meio ambiente. “O mercado já oferece produtos com formulação base água, que não deixa odor durante e após a aplicação e contém baixo índice de VOC (Compostos Orgânicos Voláteis). Isto significa que causam menor impacto no meio ambiente e também na saúde dos consumidores”, ressalta.

As soluções à base de água também foram desenvolvidas para as linhas voltadas ao revestimento de madeiras e metais, com secagem rápida e baixo odor. “São tecnologias que reduzem a presença de solventes na composição das tintas, com menor impacto ao meio ambiente além de minimizar problemas alérgicos e de irritação respiratória”, esclarece.

Quando questionado sobre o impacto do custo dessas inovações numa obra ou reforma, Giancarlo faz questão de ressaltar que 60% de uma obra está relacionado à mão de obra e não ao custo de material, mas que para que o investimento valha a pena é preciso que o consumidor projete sua permanência naquele imóvel por mais de 35 anos.

“Fizemos um estudo em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina para um modelo de casa sustentável e após inúmeras simulações, inclusive com base nas regiões climáticas de 11 capitais brasileiras (incluindo Salvador), chegamos à conclusão que esse investimento se pagaria numa permanência superior a 35 anos”, explica.