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Nelson Cadena
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 05:00
- Atualizado há um ano
O Dr. Edmundo Visco, dono da Fazenda Mussurunga, tudo indica, foi o primeiro proprietário de um automóvel Ford na Bahia. Seu carro recebeu o registro da Inspetoria de Veículos da Segurança Pública número 2, em meados da década de 1930. O número 1, um automóvel Cadillac, pertenceu a Agenor Gordilho, revendedor de modelos convencionais da afamada fábrica Willys Knight & Overland e em especial das limusines da marca, muito apreciadas pelos endinheirados da cidade. Não sabemos se o número de registro tinha alguma correspondência com a placa.
Também eram proprietários de veículos Ford o Dr. Augusto Couto Maia, que possuía uma limusine da marca; Inocêncio Marques de Góes Calmon (filho do governador Góes Calmon); Dr. Adolfo Diniz Gonçalves, professor da Faculdade de Medicina (um dos presos políticos na invasão da Faculdade, em 1932, por ordem de Juracy); Dr. Alfredo Boureau; Dr. Cícero Simões; Rodolfo Tourinho; Dr. Alberico Fraga (futuro Reitor da UFBA); o industrial Alberto Martins Catharino; Aristóteles Góes (futuro prefeito de Salvador); Peter Baker (um dos fundadores do colégio 2 de Julho) Adolfo Balalai e Colombo Spínola, dentre outros. Entre as mulheres, Maria Jardelina Jesus e Rosa Carneiro.
Os veículos Ford, na Bahia, não eram os mais populares, no contexto de ”share” de mercado, entre os particulares. A GM, com suas várias marcas agregadas, incluindo a tradicional Chevrolet, tinha muito mais aceitação. Contava ainda com um competente esquema de propaganda, através de um escritório que reuniu grandes talentos. A partir de 1930, contou com a experiência da multinacional J.W. Thompson, que montou uma filial no Brasil. A Ford foi mais tímida na divulgação e estratégia de vendas de seus produtos. Na Bahia, o seu principal revendedor foi a Casa Navarro Lucas, na década de 1940, presença constante nos anúncios de jornais e revistas.
A Ford comercializava em Salvador, na década de 1930, modelos sedan, PH, limusines e caminhonetes, estas muito apreciadas por empresas e órgãos prestadores de serviços, além de veículos especiais, adaptados por encomenda.
A Inspetoria de Veículos registrou entre os usuários de caminhonetes da marca a Prefeitura de Salvador, Corpo de Bombeiros, Saúde Pública, Polícia Militar, Segurança Pública; Companhia Linha Circular (concessionária dos bondes e da energia elétrica); Cervejaria Brahma, fábrica de charutos Dannemann. Guarda Civil e o Serviço Médico Legal.
Instalada no Brasil, desde 1919, com uma linha de montagem em São Paulo, a Ford tinha a Bahia entre seus clientes. No relatório do governador Góes Calmon, em 1921, seu secretário de saúde explica: “Já solicitei a V. Exa. o fornecimento para o serviço da repartição, de um automóvel da marca Ford, que será utilizado especialmente para atender os chamados à domicilio... Muito menor será, com o carro Ford, o gasto de gasolina e de outros materiais, bem como o preço das peças que se estragarem...”
Em 1927, o governo anunciava a compra de veículos da marca para o serviço de rabecão: “Atendendo-se a necessidade de maior presteza nos trabalhos de transporte de cadáveres e a presença rápida do médico de plantão, para o respectivo levantamento, foram substituídos os antigos veículos de tração animal, por auto-caminhões Ford, convenientemente adaptados, e um carro da mesma marca, para a condução rápida do médico em serviço”. Entre os utilitários, a Ford era a queridinha dos baianos.