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Perla Ribeiro
Publicado em 27 de setembro de 2017 às 23:56
- Atualizado há 2 anos
Oscar Motomura tem 60 anos. Gino Tubaro, 21. A experiência profissional também é diferente. Tubaro sequer saiu da universidade. Motomura, por todo o conhecimento que acumulou, permite-se filosofar e fala em ideias transformadoras em suas palestras. Tubaro expõe a sua prática. Diferenças à parte, os dois combinaram em suas visões de futuro e se conectaram nesta quarta, 27, quando participaram de um debate no Fórum Agenda Bahia 2017. >
Os dois defendem que para sair do lugar comum é preciso ousar e correr atrás do conhecimento e buscar esse conhecimento fora das salas de aula. “Talvez a faculdade consiga dar o básico do básico, porém, mais de 90% dependem do que a pessoa vai atrás”, destacou Motomura. Ele considera que universidades, empresas e governos, de um modo em geral, estão atrasados, que eles deveriam antecipar-se às mudanças e fazer coisas pioneiras e atrevidas.>
“É preciso mudar a lição de casa, buscar o conhecimento. Não dá para ficar no velho modelo de que alguém vai passar o conhecimento em aula. É preciso correr atrás, mudar as escolas, desafiar os professores. Não reclame do professor, se ele não é bom, ensine. As faculdades têm que estar conectadas com a vida”, sugeriu. >
Tubaro seguiu na mesma linha e se usou como exemplo. “A universidade dá ferramentas, mas o que a gente aplica na vida são outros assuntos, a gente aprende muito mais com a vida e não com o que se ensina nas faculdades”, disse, com a autoridade de quem aos seis anos já tinha como diversão preferida montar e desmontar eletrodomésticos e, aos 16, criou sua primeira impressora em 3D.>
Mas, para chegar onde chegou, ele teve de bater de frente com as amarras da educação tradicional. “Eu sofria bullying. Como uma criança que inventa coisas pode entrar no colégio e dizer: ‘Professora, eu tenho uma solução para resolver um problema que nós temos aqui’. Era uma coisa que não era muito bem vista numa educação tradicional”.>
Ainda assim, o trabalho dele começou a ser reconhecido e os prêmios foram chegando, o que o faz perceber que sempre esteve no caminho certo.>
Experiência>
Tubaro levou alguns exemplares das próteses que produz em 3D para a plateia conhecer. Enquanto elas circulavam de mão em mão, o público não escondia o encantamento. “É emocionante ver como uma coisa que é relativamente fácil de fazer tem impacto tão grande na vida das pessoas. É uma junção de criatividade, de saber fazer, de agir, que traz um retorno e qualidade de vida para as pessoas. Fantástico e com um custo irrisório”, considerou o gestor de negócios Paulo Rogério, 47 anos.>
O médico veterinário Nilton Barros, 61, também conferiu. “Eu achei muito funcional. Sem dúvidas, é um benefício muito grande para quem precisa. Vai permitir que as pessoas que dependem possam se tornar mais autônomas”.>
Até mesmo Motomura ficou impressionado com o trabalho do argentino, que ainda é um estudante do curso de Engenharia Eletrônica em uma universidade pública de seu país. “Sempre tem pessoas que têm ideias e aquelas que aprovam. Tem pessoas que ouvem as ideias e cedem o valor da proposta. Os líderes precisam se preparar para as coisas esquisitas que vão acontecer”, advertiu o especialista em gestão, estratégia e liderança.>
Tubaro, que não tem ainda a vivência de Motomura, também aconselhou os líderes: “Entendo que hoje em dia as empresas necessitam de jovens atrevidos que queiram, de alguma maneira, ajudar com ideias inovadoras. Creio que os jovens têm mais à flor da pele essa coisa da tecnologia do que uma pessoa mais velha. A melhor integração é a da experiência dessas pessoas nos ambientes mais duros e que os adultos possam entender a linguagem dos jovens”.>
Motomura deu ainda outra dica: “Uma vez eu vi um especialista dizer que você só deve desistir depois do sétimo não. Um negociador experiente sempre traduz o não. Se não deu certo na segunda tentativa, tem que bolar uma terceira diferente. É um desafio estratégico e eu tenho que ser triplamente estratégico para chegar lá. Quando não somos estratégicos não acontece nada. Se quisermos fazer diferença, temos que ser mais inteligentes do que o sistema que está instalado”.>
O Fórum Agenda Bahia 2017 é uma realização do CORREIO, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; patrocínio da Braskem, Coelba e Odebrecht; e apoio da Revita.>