Osid completa 60 anos com missa e inauguração da 11ª sala de cirurgia

Fiéis lotam primeira Missa Festiva após anúncio de canonização 

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  • Tailane Muniz

Publicado em 26 de maio de 2019 às 15:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto/Jr

Aos olhos da dona de casa Vicência de Souza Botelho, 84 anos, Irmã Dulce sempre foi santa. Católica fervorosa, faz questão de dizer, acompanha a história da freira baiana há mais de 20 anos e garante: a canonização de Dulce, anunciada pelo Vaticano há 13 dias, já era esperada.

Sem pensar muito, Vicência complementa: “Alguém que criou uma obra desse tamanho, sem nenhuma condição financeira, só pode ser santa. Isso aqui também é um milagre”, diz, em referência às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), fundada pela freira há 60 anos. Irmã Dulce foi beatificada, em 22 de maio de 2011, em cerimônia realizada no Parque de Exposições. 

As seis décadas de existência da Osid foram comemoradas neste domingo (26), com a primeira Missa Festiva após anúncio de canonização. A celebração, presidida pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, lotou o Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, em Salvador, onde a capacidade, de 1300 lugares, foi completamente preenchida.

Clique aqui e confira o especial Santa Dulce sobre a vida da freira baiana Santuário ficou lotado em primeira Missa Festiva após anúncio de canonização (Foto: Betto Jr./CORREIO) “Claro que, com reconhecimento, é ainda melhor, mas nós nunca duvidamos de seus milagres. A coisa mais linda é ver isso aqui continuar. Eu olho para trás e, às vezes, não acredito que a Osid já é tudo isso”, disse Vicência, ao citar a inauguração, também neste domingo, da nova sala de cirurgia das Obras, que aumenta em 10% a capacidade de atendimento.

Gestora de Saúde da Osid, Lucrécia Saverini 10 mil pessoas aguardam na fila de espera para procedimentos cirúrgicos.“São 12 mil atendimentos por ano, agora, com a nova sala, serão de mil a 1,2 mil atendimentos a mais, por ano. É o hospital que mais gera internamentos em todo o estado e o significado dessa cirurgia é para toda a população".De acordo com Lucrécia, no entanto, a fila não tende a diminuir. "Saem uns e entram outros, mas a porta de entrada é muito melhor do que a de saída. Hoje estamos inaugurando mais uma sala cirurgia, o legado de Irmã Dulce é o nosso caminho, então, se ela quer que a gente cresça, a gente vai crescer". Centro cirúrgico vai aumentar atendimento em 10% (Foto: Divulgação/Osid) Os recursos utilizados para a reforma e aquisição de equipamentos da nova sala, cerca de R$ 936 mil, foram gerados, segundo a Osid, após mobilização do Rotary Internacional e Rotary Club da Bahia, por meio de campanhas e doações.

Linha do tempo À parte a sala de cirurgia, os feitos realizados por Irmã Dulce, por meio da Osid, foram lembrados durante o Ofertório das Obras, quando voluntários cruzaram o santuário com símbolos representativos de realizações, a exemplo de maquetes, placas, e até pacientes, como uma forma de fazer uma linha do tempo dos 60 anos."O Espírito Santo levará a pessoa a acreditar na palavra de Jesus e Irmã Dulce foi uma dessas pessoas, que acreditou", disse Dom Murilo Krieger durante realização da missa, que também contou com a apresentação da Orquestra Irmã Dulce. Dom Murilo celebrou missa (Foto: Betto Jr./CORREIO) O grupo é formado por cerca de 200 jovens assistidos pelo Centro Educacional Santo Antônio, localizado no município de Simões Filho, na Região Metropolitana, que é administrado pela Osid. Os estudantes, que são ligados os Núcleo da Orquestra Neojibá, se apresentaram pouco antes do início da Missa Festiva.

Sobrinha da freira, a superintendente da Osid, Maria Rita Pontes afirmou que, agora, após anúncio da canonização, autorizada pelo Papa Francisco, o compromisso de continuar a "missão de amar e servir requer ainda mais responsabilidade"."Todos nós já temos internalizado muito a missão dela, para que a gente saiba representá-la bem aqui na terra. Sermos discípulos, cada vez mais comprometidos. A obra já é assim, os profissionais, já são assim, mas cada vez mais a gente precisa seguir seus passos de solidariedade, de amor ao próximo", afirmou Maria Rita à reportagem. História das Obras Sociais foi contada em linha do tempo durante ofertório (Foto: Betto Jr./CORREIO) A Osid Ao todo, são 21 núcleos de assistência à população de baixa renda nas áreas de Saúde, Assistência Social, Pesquisa Científica, ensino e Educação em Saúde, tudo, em memória da santa baiana. 

Entre o público mais acolhido pela unidade, estão as pessoas com deficiências e deformidades craniofaciais, pacientes oncológicos, além de adolescentes em situação de vulnerabilidade social, além de idosos e dependentes de substâncias psicoativas. 

O legado social de Irmã Dulce inclui, ainda, o Memorial Irmã Dulce (MID), um museu instalado na sede da Osid. Lá, fiéis têm acesso a uma exposição permanente sobre a história da baiana, além do Centro Educacional Santo Antônio, que dá assistência, com apoio das secretarias de Educação do estado e município, a pelo menos 750 crianças e adolescentes. 

"Essa é uma obra profundamente cristã. E que se fortifique cada vez mais, para que possa atender a um público cada vez maior", destacou Dom Murilo, ao afirmar que Irmã Dulce é parte da "história da Igreja Católica, rica de santas e santos, canonizados ou não".