'Ou o país entra num lockdown, ou não daremos conta de enterrar nossos mortos em 2021', diz Miguel Nicolelis

O coordenador científico do consórcio Nordeste foi contundente em postagens no Twitter

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  • Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 15:28

- Atualizado há um ano

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O neurocientista e coordenador científico do consórcio Nordeste, Miguel Nicolelis, foi contundente em postagens feitas em seu perfil no Twiiter, na segunda-feira (4). “O Brasil precisa criar uma Comissão de Salvação Nacional para ontem. Passamos de todos limites aceitáveis de estupidez. Estamos correndo o risco de entrar em colapso sanitário, social e econômico em 2021. O Brasil está na UTI e o diagnóstico é falência terminal de múltiplos órgãos”, escreveu. “Acabou. A equação brasileira é a seguinte: ou o pais entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021”, acrescento em seguida.

As palavras fortes são reflexo de um cenário cada vez mais complexo em diversos estados do país que veem a contaminação pelo novocoronavírus crescer exponencialmente. Nesta terça-feira (5), em entrevista a TV Bahia, Nicolelis reafirmou a necessidade de medidas mais rígidas no país. “Eu acho que o lockdown deve começar de forma imediata. Porque nós estamos em uma situação muito parecida com o que está acontecendo na Inglaterra nesse momento. [...]. A os dados hoje de manhã, novamente, das nove capitais do Nordeste, oito estão com tendência de subida, três já estão com uma velocidade de crescimento maior do que da primeira onda, e outras três estão com a mesma velocidade de subida que nós víamos em março e abril. Então, a situação é absolutamente crítica”, avaliou.

Ainda durante a entrevista, o coordenador científico do consórcio Nordeste afirmou que o país precisa de “uma coordenação nacional, especialmente no que tange a questão do plano de vacinação para o país”. 

Sobre a capital baiana, Nicolelis avaliou um cenário com tendência de crescimento de casos. “A derivada nesse momento, a velocidade de crescimento ainda não é maior do que a da primeira onda, mas ela tem a possibilidade de ser. Mas, em Recife, Fortaleza, Aracaju, nós já temos essa tendência. E todas essas capitais são conectadas com a Bahia. Então, se você deixar escapar uma região, um estado, por causa da alta comunicação rodoviária, aeroviária e o fluxo de pessoas, as outras regiões também vão receber casos e vão entrar em situação de colapso”, falou.

Já com relação à vacina, o neurocientista lembrou que ela ainda é incerta no Brasil. “Nesse momento é apenas uma expectativa a vacinação. Nós ainda nem temos definidas as vacinas, nós estamos com problemas de insumos básicos para uma campanha de vacinação, como seringas e agulhas. Então, é uma questão extremamente grave”, disse durante a entrevista para a TV Bahia. Ele fez questão de explicar que a imunização não garante o fim imediato da pandemia. “As pessoas estão achando que a vacinação resolve o problema imediatamente e não é isso. Se nós continuarmos nos aglomerando, se nós continuarmos a ter pessoas se aglomerando sem máscaras em pelo litoral brasileiro, ainda mais no verão brasileiro, que atrai turistas do mundo todo, nós vamos continuar a ter explosão de casos e surtos espalhados pelo Nordeste e pelo Brasil”, pontuou.