Ovos de Páscoa 'encalhados': comerciantes inovam para não perder clientes

Novas estratégias foram pensadas para driblar a necessidade de fechar as lojas

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 2 de abril de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO

Falou em Páscoa, pensou chocolate. O período é, segundo os lojistas do ramo, equivalente ao Natal para outros ramos do varejo. Na último ano, o setor produziu 10 mil toneladas de produtos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab). Para esta Páscoa, os produtos já estão nas lojas, pois os pedidos precisam ser feitos com muita antecedência. O que vai ter que ser diferente, para 2020, são as estratégias para continuar vendendo em tempos de isolamento por conta do coronavírus e lojas fechadas. 

Para tentar aquecer o momento, as ideias são as mais diversas. Preços mais baixos, descontos que chegam a 30%, montagem de kits, e um ponto em comum: o investimento no delivery que vai fazer o chocolate chegar até quem não pode sair de casa. O importante, para os lojistas, é vender os produtos que chegam antes mesmo do ano novo, já que o período começa a ser planejado até seis meses antes. 

No caso da empresária Carina Costa, que é dona de três franquias da Cacau Show, os produtos específicos para as comemorações começaram a chegar ainda no final de dezembro. Ela conta que a nova Páscoa começa a ser pensada logo que passa a festa do ano em curso. “Quando passa uma Páscoa a gente já começa a pensar e planejar a outra, porque, no nosso caso, é preciso tempo para que tudo seja produzido e abasteça o país inteiro. Esse ano, do dia para a noite eu tive que implementar o esquema das entregas, para poder vender esse produtos’, conta a empresária. 

O esquema de entregas não fazia parte da realidade dos negócios para Carina, mas precisou entrar em ação. Agora, ela e o marido, sócios nas franquias, assumiram pessoalmente  a missão de fazer o delivery, sem cobrar a mais por isso.  “Estamos fazendo entregas grátis, então tivemos que assumir a gente mesmo. E estamos incentivando até mais de uma entrega por pedido. Se a pessoa quer presentear algum parente, a gente entrega em mais de um endereço. Já teve pedido de gente que mora em São Paulo, mas que quis mandar um chocolate pros pais que estão aqui”, relata.  

Todo esforço é na tentativa de diminuir os impactos da quarentena na Páscoa, que, segundo a empresária, representa 60% de incremento nas vendas. “Uma Páscoa ruim significa uns seis meses de aperto depois”. 

Antecedência

No caso da Confeitaria Priscilla Diniz, o planejamento para enfrentar a quarentena começou cedo, “Quando os primeiros casos começaram a surgir, a gente já foi pensando no que fazer, tomando os cuidados e pensando no reforço dos serviços de entrega”, explica o sócio diretor da marca, Alberto Diniz.

Com as lojas nos shoppings Barra e da Bahia estão fechadas, a confeitaria trabalha com quatro diferentes formas de entrega para garantir a Páscoa neste ano. O cliente pode escolher pedir através dos aplicativos -  Rappi, UberEats e iFood -, pelo serviço próprio de entrega da unidade da Pituba, ainda aberta, ou optar pela possibilidade de retirada na mesma loja. Um drive thru também foi montado, então é possível fazer a compra sem sair do carro.    

“O volume de pedidos delivery aumentou bastante se comparado com o nosso movimento normal, até porque as lojas estão fechadas. Mas ainda não dá para saber o que será dessa Páscoa. É preciso incentivar que as pessoas busquem presentear nesse momento. E apoiar o empresário local, o microempreendedor que está se esforçando para se manter funcionando e manter o máximo de empregos possível”, acredita Diniz. A Páscoa, segundo ele, costuma representar um incremento de 50 a 70% nas vendas e só perde para o Natal. 

Por conta do cenário, no entanto, esse incremento pode diminuir ou até nem acontecer. Até para marcas de alcance nacional, como é o caso da Kopenhagen, os reflexos de uma Páscoa diferente já são sentidos. Diretor das lojas da marca em Salvador e Lauro de Freitas, o empresário Fernando Cavalcanti já sente queda nas vendas. Comparado com o mesmo período do ano passado - 10 dias antes da véspera de Páscoa - o movimento é 30% menor. “A gente acredita que vai melhorar. Acho que é uma questão das pessoas irem se acostumando a mudança na forma de comprar. Em pedir pelo delivery”, opina ele, que também investe na entrega. 

Além disso, haverá um quiosque para a venda dos produtos da marca na Perini da Graça. A própria loja tem ofertas próprias especiais para as festas, como cestas e pratos típicos prontos que também podem ser entregues na casa do cliente. 

Primeira vez

Para a empresária Maíra Sanches, a Páscoa vai ser ainda mais diferente. É que é a primeira Páscoa desde que ela abriu uma franquia da Casa Bauducco no Shopping da Bahia. “A expectativa era muito grande, até porque é um período de incremento mesmo nas vendas, em outros estados chega a crescer até 30%”, diz ela que trouxe a marca para a Bahia. 

Por conta das circunstâncias, a ideia também foi investir em preços mais em conta num cardápio que pudesse circular nas redes sociais e ser entregue em casa. “Em um momento como esse é muito bom poder celebrar com a família, mesmo que não juntos fisicamente e é isso que buscamos proporcionar”, cometa. 

Mesmo quem não trabalha especificamente com chocolates também sente mudanças. É o caso da marca baiana Arte em Papel, que montou kits para todos os bolsos e está fazendo a venda através da internet. “Nossa loja é uma loja sazonal, que se estrutura nessas datas comemorativas, então, a gente realmente precisa se reinventar nesse momento’, conta Carla Oliveira, sócia e diretora da marca. Os kits preparados para as festividades estão sendo vendidos com 20% de desconto. “Pensamos nesse desconto como forma de chamar atenção para esse novo foco de vendas, online, pra movimentar mesmo, já que esse não é o nosso padrão’, explica. 

Os preços também mudaram para a marca de chocolates Amma. Acostumada a lidar com vários revendedores, a marca precisou mudar, também, o foco, e partir para a relação direta com o cliente final. Para isso, colocou seus produtos à disposição nos aplicativos de delivery. “Decidimos focar no consumidor final e oferecer um produto bom com um preço cada vez mais acessível. Esse é o momento de repensar os modelos, dos fornecedores, empresários, vendedores, terem consciência de que está difícil para todo mundo. Não dá para ser egoísta’, opina Daniela Celli, gerente de operações da marca. 

Onde pedir: 

Cacau Show - Unidades Comercio e Itaigara: 

71 99129-0427 Entrega grátis em toda cidade 

Confeitaria Priscilla Diniz 

71 99981-4250 Pedidos também através dos app UberEats, Rappi e iFood. Retirada Retirada na loja - Rua das Rosas, 78, Pituba - Esquema Drive Thru ou retirada na loja, das 10h às 21h

Kopenhagen 

71 99300-0248 Pedidos também no aplicativo Rappi 

Casa Bauducco 

71 992764042

Arte em Papel  Site: http://www.arteempapel.com.br Instagram: @arteempapel 

Amma Chocolates 71 996867420 Pedidos também pelo aplicativo James (em breve em outras plataformas)

Sodiê Doces  71 3289 3657 (@sodiessa_oficial) Retiradas tambem na loja em Vilas do Atlântico ou no Extra Paralela

Coffetown Salvador  71 983444478  Entrega grátis para Salvador  

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro