Pacheco reage a Bolsonaro e diz que Congresso não aceitará 'frustração das eleições'

Democracia no Brasil está "consolidada" e as eleições são "inegociáveis", diz

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  • Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2021 às 18:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Pedro Gontijo/Ag. Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta sexta-feira (9) que o Congresso Nacional não vai admitir retrocessos em relação ao estado democrático de direito no Brasil. A possibilidade de "frustração das eleições" de 2022, citada pelo presidente Jair Bolsonaro, é repudiada pelo Congresso, diz. 

Bolsonaro falou no assunto ontem e hoje, insistindo no voto impresso e dizendo que não haverá eleição ano que vem se não houve eleições que ele considera "limpas". Uma proposta de emenda constitucional para imprimir o voto eletrônico tramita na Câmara dos Deputados, mas perdeu força. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Roberto Barroso, já se posicionou contra a mudança e foi chamado de "imbecil" por Bolsonaro.

Pacheco não falou diretamente em Bolsonaro. "Tudo quanto houver de especulações em relação a algum retrocesso à democracia, como a frustração das eleições próximas vindouras do ano de 2022, é algo que o Congresso Nacional, além de não concordar, repudia, evidentemente. Nós não admitiremos qualquer tipo de retrocesso nesse sentido", disse ele, que convocou uma coletiva hoje.

Para o presidente do Senado, a democracia no Brasil está "consolidada" e as eleições são "inegociáveis".  "O formato, que é algo que se discute hoje, essa é uma discussão que haverá de se ter com todos os personagens da República. Essa definição não será feita pelo Poder Executivo, não será feita pelo TSE. Será feita por uma PEC que está sendo debatida pela Câmara, e a decisão que houver haverá de ser respeitada por todos os poderes e todas as instituições do Brasil", acrescentou.

Sobre a ofende de Bolsonaro a Barroso, Pacheco foi crítico. "Não concordo com esse método, tampouco concordo com ataques pessoais a autoridades públicas ou ao qualquer cidadão. Eu considero que a divergência de ideias deve ser discutida no campo das ideias, da tese, e não das pessoas. Portanto, eu me solidarizo com o ministro Luis Roberto Barroso, presidente do TSE, e discordo de qualquer ataque pejorativo que seja feito a ele ou a qualquer brasileiro nesse tom".

Bolsonaro ataca sistema eleitoral novamente O presidente atribui a Barroso as articulações políticas junto ao Legislativo para barrar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição do Voto Impresso, de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF).

Ao ofender Barroso, Bolsonaro adotou hoje o mesmo tom grosseiro de ontem (8) em sua transmissão semanal pela internet, quando disse que não responderia ao pedido de explicações da CPI da Covid sobre supostas irregularidades no contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin. "Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada", disse.

Cada vez mais irritado em meio à série de denúncias de corrupção na compra do imunizante e ao crescimento dos atos de rua que pedem seu impeachment, Bolsonaro intensificou nas últimas semanas sua defesa à implementação do voto impresso e, novamente hoje, cogitou a possibilidade de não haver eleições em 2022, caso a proposta não seja aprovada pelo Congresso.

"Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma (do modo que é feito atualmente e que o elegeu), corremos o risco de não ter eleições no ano que vem, porque o futuro de vocês que está em jogo", disse. E continuou: "Nós não podemos esperar acontecer as coisas para depois querer tomar as providências. "O que está em jogo, pessoal, é o nosso futuro e a nossa vida, não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude. Já está certo quem vai ser o presidente do Brasil no ano que vem, como está aí, a gente vai deixar entregar isso?".