Pacientes denunciam cópia de dados e vacinação irregular em Feira de Santana

Dois casos foram denunciados em redes sociais; Prefeitura alega equívoco em um e apura segunda situação

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 27 de maio de 2021 às 20:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

Ao menos dois casos de uma suposta fraude no esquema de vacinação em Feira de Santana foram relatados em redes sociais. Tudo começou quando a publicitária Jéssica Almeida relatou no Twitter que seus dados foram usados por outra pessoa para tomar a vacina contra o coronavírus em Feira, que é sua terra Natal. 

Jéssica garante que tem mais de um ano sem ir para Feira de Santana. Ela é lactante, mãe de um bebê de 9 meses e teve a vacinação liberada pela Prefeitura de Salvador, que é onde reside. No aplicativo do Sistema Único de Saúde (SUS), constava uma aplicação em primeida dose da Coronavac no dia 17 março."Foi um susto gigante. Enorme mesmo, eu fiquei muito nervosa. Não sou idosa, nem profissional de saúde que são os grupos vacinados em março lá em Feira, e mesmo assim apareci como vacinada. Está lá no meu cartão de vacinação e CPF", disse a publicitária.Segundo o código do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) do cartão SUS de Jéssica, a vacina irregular foi aplicada na Avenida João Durval Carneiro, onde fica a sede da Secretaria Municipal de Saúde local.

Secretário de Saúde de Feira de Santana, Marcelo Britto  refutou a tese de uma fraude afirmando que houve um erro. De acordo com o titular da pasta, “um equívoco na aplicação de uma dose não pode ser considerado como uma fraude num universo de cerca de 200 mil doses já aplicadas".

Ainda de acordo com o secretário, no ato da aplicação, a pessoa a ser vacinada se identifica com o cartão do SUS ou com um documento que conste o número do CPF. No caso em questão, a identificação foi feita com o CPF e um equívoco na digitação terminou envolvendo o CPF da publicitária.

"É um caso isolado, um erro perfeitamente possível de acontecer. Mas nós já aplicamos cerca de 200 mil doses. Peço desculpas a Jéssica pelo transtorno, mas o importante é que ela não ficará sem vacina”, afirmou.

Jéssica afirmou que recebeu suporte da secretaria, que providenciou a retirada do nome da lactante como vacinada no cadastro. Ao CORREIO, a publicitária afirmou que conseguiu gerar o seu QR Code para vacinação e que vai pegar a fila na próxima sexta (28).

"Eu vou levar tudo que tenho de documento aqui caso tenha problema. Imprimir matérias, mostrar o caso para que eu não fique sem minha vacina. Eu preciso me vacinar", disse em entrevista por telefone.

O caso de Jéssica viralizou e foi identificada pelo menos uma situação semelhante à dela. Colega de profissão, o publicitário Lucas Brito, 30, soube após chegar em casa, que a irmã dele, Anne Karoline Brito dos Santos, 29, constava como vacinada com uma 1ª dose da Pfizer na última terça, dia 25 de maio.

Anne Karoline também é natural de Feira de Santana, mora na cidade, mas passa a maior parte do seu tempo no municípío de Brumado, onde estuda Engenharia de Minas. "Eu vi o caso de Jéssica logo cedinho, antes de sair para o trabalho e compartilhei no meu story. Fui trabalhar normalmente, achando um absurdo o que aconteceu com ela. Eu comentei com amigos e colegas de que não acho que seja erro humano e poderia esperar casos semelhantes com pessoas que não fazem parte de nenhum grupo prioritário", disse Lucas. Nos dois casos denunciados, a vacinação está registrada na sede da SMS de Feira (Foto: Reprodução) Assim como no caso de Jéssica, a vacinação de Anne Karoline está registrada na sede da SMS de Feira, de acordo com o código do CNES. Procurada, a Prefeitura de Feira de Santana afirmou que está apurando o segundo caso e vai se manifestar até a sexta-feira (28).