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Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2021 às 05:45
- Atualizado há 2 anos
Não é à toa que a Bahia ficou em último lugar no ranking brasileiro de educação pública à distância durante a pandemia. O estudo, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas neste ano, apontou o óbvio: o governo não soube lidar com o fechamento das escolas. No nosso estado, estudantes ficaram dezesseis meses sem aulas presenciais. Grande parte delas, que utilizam do sistema estadual de ensino, passaram a maior parte deste tempo sem acesso sequer a aulas virtuais.>
A pesquisa nacional divulgada em junho Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e Suas Famílias, desenvolvida pela Fundação Lemann, Itaú Social, DataFolha e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), apontou que 43% dos alunos de escolas de baixo nível socioeconômico não evoluíram na aprendizagem, não estão motivados e manifestaram a possibilidade de até mesmo desistir dos estudos.>
A mesma pesquisa aponta que, segundo a percepção dos responsáveis, mais da metade dos alunos não obteve progresso na aprendizagem, 29% permaneceram no mesmo estágio que estavam no início da pandemia e 22% desaprenderam coisas que já sabiam.>
Os impactos, no entanto, não se limitaram apenas à aprendizagem. Eles se estendem também a consequências psíquicas e de comportamento. Pais relatam que as crianças estão desenvolvendo quadros de ansiedade, depressão e até dificuldade de socialização. Isso sem falar nas consequências sociais.>
Nas escolas públicas do nosso país, dez estados já retomaram as aulas presenciais e autorizaram as prefeituras a fazer o mesmo. Até agosto já está marcada a volta às aulas em outros nove estados e no Distrito Federal.>
O que precisamos na Bahia é de um pacto pela educação. Defendo que os nossos alunos estejam nas salas com 100% das aulas presenciais. Todos nós: governos, pais e responsáveis, além dos profissionais de educação, devemos fazer um pacto pela educação e para mitigar os efeitos causados pela pandemia, pela ausência de aulas virtuais no caso do ensino estadual, e pela demora na volta às aulas no estado. Devemos lutar contra o atraso ocasionado pela ausência das aulas.>
Sabemos que levaremos tempo para reduzir os efeitos da pandemia. Segundo estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a pedido da Fundação Lemann, os alunos podem voltar ao mesmo patamar que estavam em 2015, no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que afere a proficiência dos estudantes em português e em matemática, estabelecendo um índice em pontos. Então estamos encarando um retrocesso de pelo menos cinco anos de aprendizado por conta da falta de aulas no período de dezesseis meses.>
Precisamos agir agora! Garantir a presença das nossas crianças na sala de aula, o funcionamento das escolas e a participação dos professores. Se deixarmos para depois, teremos consequências ainda mais devastadoras.>
Claudio Tinoco é vereador de Salvador pelo terceiro mandato e foi Superintendente da Secretaria da Educação da Bahia>