Padrinho europeu: adversário do Vitória é bancado por Diego Costa

Lagarto é gerido por família do atacante do Atlético de Madri, nascido na cidade

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  • Vitor Villar

Publicado em 4 de março de 2020 às 06:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação / Lagarto FC

O Lagarto, adversário do Vitória nesta quinta-feira (5), às 19h15, pela Copa do Brasil, pode bater no peito e dizer que tem um padrinho e investidor do futebol europeu. Trata-se do atacante Diego Costa, nascido na cidade sergipana e naturalizado espanhol desde 2013.

O centroavante do Atlético de Madri manda dinheiro todos os meses para custear o clube. O presidente do Lagarto, Robson Santos, é primo de Diego. E o irmão mais velho do atleta, Jair Costa, é diretor geral e cuida, entre outras atividades, do futebol.

No último domingo (1º), o Lagarto acabou rebaixado à segunda divisão como penúltimo colocado do Campeonato Sergipano. A queda provoca um baque no projeto, que teve justamente a classificação à 2ª fase da Copa do Brasil, ao ganhar do Volta Redonda, como o seu ponto mais alto.

Nas redes sociais do Lagarto é comum ver fotos de Diego Costa entre os atletas. O ídolo e investidor visita a equipe sempre que está em sua cidade natal, de folga. A última vez foi no começo de janeiro, durante o recesso do Campeonato Espanhol.

ASSUMINDO O CLUBE

A intervenção do mais ilustre dos lagartenses no clube ocorreu por apelo da população. Diego Costa e familiares passaram a gerir o clube em fevereiro de 2017, quando o Lagarto terminou a 1ª fase do Sergipano em último lugar e disputou um quadrangular contra o rebaixamento.

Na ocasião, o atacante ajudou a contratar e a pagar novos jogadores e um novo técnico. Deu certo: o Lagarto escapou daquela queda. A partir daí a participação de Diego Costa só cresceu.

O padrinho famoso chegou a pagar uma reforma do estádio da cidade, o Barretão, onde joga a equipe, e construiu um centro de treinamentos de sua propriedade, mas cedido para uso do Lagarto por tempo indeterminado, inaugurado em janeiro de 2019.

“O clube sempre teve uma carência financeira muito grande. E aqui tem uma população apaixonada por futebol. Então sempre houve um apelo da cidade para que Diego assumisse o Lagarto. Ele disse que decidiu aceitar a missão porque o futebol tinha lhe dado tudo na vida e ele queria fazer algo pelo futebol da sua cidade”, diz Márcio Lima, assessor de comunicação do Lagarto.

LAGARTO CRESCEU

No ano passado, o Lagarto foi campeão do primeiro turno do estadual, o que rendeu a vaga na atual edição da Copa do Brasil. No dia 19 de fevereiro, venceu o Volta Redonda por 1x0 na cidade vizinha, Simão Dias – o Barretão passa por novas reformas –, e avançou de forma inédita à segunda fase do torneio, garantindo também R$ 650 mil.

Fora o auxílio financeiro e as obras, Diego sugere contratações e auxilia na escolha dos técnicos. “Foi o próprio Diego Costa quem me ligou para fazer o convite, me falando sobre o projeto. A ligação dele deu uma credibilidade muito grande para que eu pudesse aceitar o convite”, revelou o técnico Ranielle Ribeiro quando foi contratado, em outubro de 2019. Ele havia deixado o ABC na época.

QUEDA INESPERADA

Apesar do resultado inédito na Copa do Brasil e de toda a estrutura que tem à disposição – muito à frente de alguns rivais do estado –, o Lagarto fez um estadual desastroso e acabou em penúltimo lugar. Só venceu uma vez, contra o América de Pedrinhas, que acabou como lanterna. O adversário do Vitória, portanto, só ganhou dois jogos em 2020.

A queda acontece num ano em que Diego Costa investiu ainda mais no Lagarto. Além do técnico contratado do ABC, que disputou a Série C, o jogador contratou o veterano atacante Cascata, ídolo do futebol potiguar, o lateral esquerdo Raul, ex-Bahia, e o atacante Soares, com passagens por Vitória, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro.

Apesar do início ruim no estadual, o Lagarto manteve Ranielle Ribeiro no comando e preferiu mexer no elenco. Entre os dispensados no começo de fevereiro estiveram Cascata e Raul.

Com o rebaixamento concretizado no domingo, o Lagarto fica apenas com a Copa do Brasil no calendário. Por enquanto, toda a comissão técnica e o elenco seguem trabalhando até que a permanência na competição seja também definida.

CURIOSIDADES SOBRE O LAGARTO

Investidor: O clube recebe verbas mensais de Diego Costa, que ajudou ainda na construção de um centro de treinamentos, de sua propriedade, mas cedido ao Lagarto, e na reforma do estádio Barretão.

Em família: Jair Costa, irmão mais velho de Diego, é o diretor geral do Lagarto e comanda sobretudo o futebol. O presidente do clube é Robson Santos, primo do atacante do Atlético de Madri.

Clube jovem: O Lagarto Futebol Clube acabou de completar dez anos de existência. A data de fundação da equipe é 20 de abril de 2009. A agremiação surgiu após a decadência do Lagartense, clube mais tradicional da cidade.

Só na Europa: Diego nunca atuou por um clube brasileiro. Ele morou em São Paulo dos 15 aos 18 anos, quando foi levado pelo empresário português Jorge Mendes diretamente do futebol amador para a Europa. Seu primeiro clube foi o Braga, de Portugal. Quando começou a atuar, em 2006, o Lagarto sequer existia. 

Escolinha: Além do centro de treinamentos e do Lagarto, Diego Costa mantém também uma escolinha de futebol na cidade, a mesma que o revelou, chamada Bola de Ouro.

No Bahia: O zagueiro Mateus, revelado na base do Lagarto, foi emprestado ao time sub-20 do Bahia no ano passado para a disputa do Brasileiro da categoria. O atleta fez nove partidas e retornou ao clube sergipano no início deste ano.

No Santos: Outra revelação do Lagarto nascido na cidade é o atacante Bruno Marques, que está emprestado ao sub-20 do Santos. O centroavante chegou a ser observado por Sampaoli no time principal do Peixe na temporada passada.

Rebaixado: Apesar da estrutura própria bem acima dos rivais do estado, o Lagarto foi rebaixado à segunda divisão do Sergipano. A equipe só venceu duas partidas em 2020, uma sobre o lanterna do estadual e a outra sobre o Volta Redonda pela Copa do Brasil.

Seleção: Diego Costa atuou pela Seleção Brasileira em dois amistosos em 2013. Lembrado por Felipão, ele enfrentou Suíça e Rússia. Sem demais chances na equipe, optou por se naturalizar espanhol. Pela Fúria, disputou duas edições da Copa do Mundo: 2014 e 2018.