Pais e professores protestam por volta às aulas em Salvador

Movimento é de caráter nacional, e recebeu apoio e críticas durante a carreata

  • D
  • Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2021 às 12:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Gil Santos/ CORREIO

Um grupo de pais, professores e trabalhadores do transporte escolar fizeram uma manifestação em Salvador, neste sábado (16), pela volta às aulas. A ação foi desenvolvida em caráter nacional, e tem por objetivo pressionar as autoridades públicas para que autorizem a reabertura desses espaços. Um novo protesto está marcado para a segunda-feira (18), quando prefeitura e governo vão discutir a data do retorno.

Em Salvador, a concentração aconteceu no estacionamento da Secretaria Estadual da Educação, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Com faixas e cartazes, os manifestantes cobraram mais agilidade no processo de retomada das aulas. O presidente da Associação Baiana dos Educadores da Educação Infantil e Afins (Abeia), Bruno Sepúlveda, contou que o desemprego tem crescido entre a categoria.

“Várias escolas já fecharam as portas e outras mais vão fechar até março. Isso vai alterar também o valor das mensalidades por conta da lei da oferta e da procura. O efeito do desemprego é muito grande, são mais de 10 mil trabalhadores desempregados. Hoje nossa categoria responde por mais de 35 mil empregos diretos, somente em Salvador e Região Metropolitana. Quando a gente pensa nos indiretos passa de 50 mil”, disse. Manifestantes adornaram os veículos e fizeram buzinaço (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Os manifestantes pedem que o retorno das aulas aconteça a partir de 3 de fevereiro. Eles defendem que as escolas sigam os protocolos de segurança sanitária para evitar a disseminação do novo coronavírus e que essa retomada aconteça de forma híbrida, ou seja, com aulas presenciais e virtuais. O objetivo desse último pedido é assegurar o direito dos pais que optarem por não mandar os filhos presencialmente para a sala de aula.

Algumas crianças participaram do protesto. Elas ajudaram a pintar cartazes e aproveitaram a presença da imprensa para cobrar o retorno das atividades escolares, como fez o pequeno Davi Fernandes, 8 anos.

“É muito difícil. Sinto falta de brincar com meus colegas, de ver minha professora. Ter aula em casa não é a mesma coisa. Está aqui, hoje, é bom porque mostra que a gente quer voltar às aulas”, disse, enquanto ajudava a segurar uma faixa. Concentração aconteceu no estacionamento da SEC (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Emocional O movimento foi organizado por pais de estudantes através do grupo Volta às Aulas Salvador. Priscila Chammas, uma das organizadoras do grupo, contou que a ausência da escola e do convívio com os colegas têm provocado efeitos no comportamento das crianças.

“As consequências são muitas e diversas a depender da classe social, da idade e da rotina de cada um. No caso dos pequenos, não existe alfabetização por aula on-line. Já as crianças da rede pública não estão tendo aula remota. É uma enganação. Além disso, muitos deles dependem da alimentação da escola, então, tem também a questão nutricional e de saúde. Algumas estão mais agitadas, outras mais depressivas, o emocional delas também está sendo comprometido”, afirmou.

O grupo saiu do CAB por volta das 10h. Cerca de 100 veículos seguiram em fila indiana pelas Avenidas Luís Vianna (Paralela), Antônio Carlos Magalhães (ACM), e Juraci Magalhães. O destino final era o Palácio de Ondina, a casa do governador. Eles ocuparam uma das faixas da pista, e durante o trajeto receberam manifestações de apoio e de crítica. A Polícia Militar acompanhou o protesto.

Segundo os especialistas, as crianças são assintomáticas, por isso, podem contrair o vírus sem perceber e transmitir para idosos e outros grupos de risco, e a escola é vista como um ambiente de aglomeração. Os manifestantes contestam esse argumento e dizem que outras pesquisas mostram que a transmissão é pequena entre as crianças.

Representantes dos motoristas de transporte escolar também participaram do ato. Uma nova manifestação está agendada para a segunda-feira (18). A concentração acontecerá nas imediações do Shopping da Bahia e seguirá até o CAB. Motoristas do transporte público também participaram (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Reunião Desde que as atividades escolares foram suspensas, em março do ano passado, Prefeitura e Governo do Estado estão defendendo um retorno conjunto. O CORREIO conversou com o secretário municipal de Educação, Marcelo Oliveira, nesta sexta-feira (15).

Ele disse que também é favorável a retomada das aulas em fevereiro, em todas as redes de educação (municipal, estadual e privada). Por isso, a pasta alinha o processo com o governo e representantes do setor privado. Uma nova reunião entre os entes está marcada para a próxima segunda-feira (18).

“Os alunos do município seguem para as escolas estaduais. É preciso sincronizar para uma rede não terminar o ano letivo antes da outra e não correr o risco de falta vaga para a progressão dos alunos. Parte dos professores também trabalham em ambos os sistemas”, contou Oliveira um dia antes do protesto. A decisão também depende do posicionamento dos funcionários das escolas e dos responsáveis pelos alunos. 

Oliveira afirmou que o protocolo de retomada das aulas em Salvador foi construído em parceria com o Governo do Estado, validado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e deve ser aprovado pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab). Posteriormente, o documento será encaminhado para outros municípios baianos.