Pantanal: ministra da Agricultura diz que ‘mais gado’ poderia minimizar queimadas

Segundo Tereza Cristina, os bois atuam como ‘bombeiros’

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  • Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 16:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, causou polêmica por conta de uma fala controversa durante uma audiência no Senado nesta sexta-feira (9) sobre a presença de gado no Pantanal, que vive um momento de queimadas recordes, e a presença de bois.

Segundo ela, uma maior presença de criação de gado na região poderia ter minimizado o desastre ambiental causado pelas queimadas no bioma, argumentando que os animais atuam como "bombeiros" pois se alimentam do capim que acaba fomentando as chamas.

Na audiência da comissão externa da Casa que acompanha as queimadas no Pantanal, a ministra ainda defendeu a necessidade de descobrir e combater as causas dos incêndios na região, mas fez a avaliação de que não seria adequado "criar muitas medidas" em um momento como o atual.

"Eu falo uma coisa que às vezes as pessoas criticam, mas o boi ajuda, ele é o bombeiro do Pantanal, porque é ele que come aquela massa do capim – seja o capim nativo, seja o capim plantado, se feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar que ocorra o que neste ano nós tivemos", disse ela na audiência."Com a seca, a água do subsolo também baixou em seus níveis. Essa massa virou o quê? Um material altamente combustível, incendiário. Aconteceu um desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca, e, talvez, se nós tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, teria sido um desastre até menor do que o que nós tivemos neste ano", complementou.Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pantanal fechou o mês de setembro com o pior registro de queimadas no bioma desde 1998, quando o Inpe começou seus registros. 

A combinação de um ano extremamente seco com acúmulo de vegetação seca é apontado pelo Ministério do Meio Ambiente como as causas do aumento abrupto de queimadas, que já consumiram cerca de 25% da área do Pantanal, destruindo áreas como o Parque das Águas, maior refúgio de onças pintadas do país.

Porém, servidores do Ibama e do ICMBio, em condição de anonimato, disseram à agência Reuters que houve um atraso de três meses na contratação de brigadistas para o trabalho preventivo de combate aos riscos de queimadas, tanto no Pantanal quanto na Amazônia. O governo federal começou o envio de ajuda aos Estados apenas em agosto, quando o Pantanal já queimava há um mês.

Além disso, há suspeitas de incêndios propositais. A Polícia Federal investiga cinco fazendeiros com terras na região onde teriam sido iniciados alguns dos principais focos, que se espalharam pelo bioma. Conforme a PF, o local de início das queimadas seria em regiões inóspitas dentro das fazendas e em áreas de proteção próximas a pastagens. A suspeita da PF é que o fogo foi iniciado intencionalmente para ocupar as áreas de proteção e abrir novas pastagens e saiu de controle. Com informações do Terra.