Pão, jejum e limão: como o BBB ligou alerta para ansiedade e transtornos alimentares

Juliana Cruz Sousa foi a entrevistada de Jorge Gauthier no programa Saúde e Bem Estar

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  • Felipe Aguiar

Publicado em 15 de fevereiro de 2022 às 20:55

- Atualizado há um ano

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A edição de 2022 do Big Brother Brasil demorou para engatar nas picuinhas e dinâmicas internas do programa, no entanto, trouxe reflexões para o espectador desde cedo. Racismo, machismo, transfobia, ansiedade e terrorismo nutricional foram algumas das pautas geradas por acontecimentos no BBB22. Por conta do episódio do programa da última segunda-feira (14), a discussão sobre transtornos alimentares associados à ansiedade foi levantada.

Após a eliminação da participante Maria, na manhã desta terça (15), a internet começou a falar sobre os momentos agressivos da participante, que esteve na xepa por semanas consecutivas e sofre de ansiedade. Esse diálogo fez com que as pessoas discutissem sobre a relação entre a ansiedade e os transtornos alimentares. Para falar sobre o assunto, a psicóloga, Juliana Cruz Sousa, foi a convidada do programa Saúde e Bem Estar, do CORREIO, comandado pelo jornalista Jorge Gauthier.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 5% da população brasileira sofre com algum transtorno alimentar. Ou seja, os exemplos trazidos pelo reality show apenas sinalizam um problema que tem se tornado mais comum pós pandemia, como explica a psicóloga. Juliana conta que as pessoas passaram a confrontar as suas compulsões com a pandemia do coronavírus. E, para a profissional de saúde, esse confronto é um dos principais responsáveis pelos transtornos.

A especialista, que é psicóloga da Clínica SiM (@clinica.sim) e membro do Centro de Transtornos Alimentares de Fortaleza, pontua que a compulsão alimentar ou as restrições criadas pela culpa são os principais inimigos da saúde física e mental. “A comida não é uma ameaça”, lembra. A psicóloga frisa a importância de refletir o lugar do alimento e, consequentemente, da forma como as pessoas se alimentam. Ela fala que é preciso racionalizar essa cobrança interna ou esse comportamento excessivo. “É importante entender porque aquilo está no prato”, comenta sobre a reflexão prática dos cuidados com a alimentação.

Associado à culpa, Juliana afirma que perceber em si e no outro como as atitudes alimentares são tratadas. De acordo com a profissional, qualquer atitude extrema - seja no consumo ou na restrição de alimentos, ou na tentativa de perda de peso - merece atenção. “Isso se torna um ciclo vicioso”, alerta. Por essa razão, a psicóloga é categórica ao falar da necessidade de buscar ajuda profissional (nutricional e terapêutica) em casos de culpa intensa, por exemplo.

Ao falar sobre dietas milagrosas e planos alimentares restritivos criados sem prescrição profissional, a psicóloga adverte: “o corpo vai reagir”. Ela lembra que essas privações são gatilhos que podem gerar culpa, sintomas depressivos, desvalorização pessoal, entre outros problemas. “O transtorno alimentar não vem sozinho”, lembra. Juliana esclarece que um quadro como compulsão alimentar ou bulimia não andam sozinhos. “Quando você percebe que está respondendo com a comida, é importante buscar ajuda”, reforça.

*com a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier