Para brindar a chegada de 2020

Um guia histórico sobre espumantes no Réveillon com dicas de serviço e rótulo

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  • Paula Theotonio

Publicado em 29 de dezembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Talvez, uma das imagens mais emblemáticas que temos na memória sobre festas de Réveillon é da garrafa de espumante estourando à meia noite! Embora não exista registro oficial de quando, exatamente, esta tradição teve início, a bebida borbulhante acompanha celebrações há séculos. 

Registros históricos indicam que o espumante já tinha uma certa importância em rituais de monastérios franceses quando o monge Dom Pierre Pérignon criou, por volta de 1700, um método diferenciado de produção. 

Na abadia Saint-Pierre de Hautvillers, ele estabeleceu duas fermentações no preparo, regras para plantio e vinificação das uvas e batizou o espumante de champagne, em homenagem à região francesa  onde estava a adega. À época, a província já era forte pelo comércio, reconhecida terra de bons vinhos tranquilos e onde reis franceses costumavam ser coroados. 

A novidade caiu no gosto das cortes da França e Inglaterra, tornando-se essencial nas festas opulentas da realeza e um objeto de desejo da nobreza e burguesia. Era como se, simbolicamente, estourar uma garrafa da bebida de luxo  —  mais cara que os brancos, tintos e rosés da época  —  marcasse a alegria ou santidade das ocasiões com sua característica vibrante.

O champagne fez parte das festividades pelo fim da Revolução Francesa, em 1790; foi consumida no Congresso de Vienna; e aos poucos passou a aparecer em eventos menores da burguesia, como casamentos e batismos. 

Junto a essa explosão no consumo e à Revolução Industrial, por volta dessa mesma época, acendeu na comunidade europeia o costume romano celebrar a virada do ano. Pronto: todo mundo queria brindar com Champagne — ou um espumante mais barato — durante o Réveillon.

Também não dá dados precisos sobre como o costume ganhou o Ocidente, mas no Brasil a bebida foi se estabelecendo vagarosamente ao longo do século XX. A primeira produção em solo nacional data de 1915, com a Vinícola Peterlongo. A partir da década de 50, rótulos da Vinícola Georges Aubert ganharam fama e espaço nas mesas brasileiras, chegando a dominar 60% do mercado nacional de espumantes. Somente após o fim da ditadura e a estabilização da moeda, a partir de 1994, que o consumo do borbulhante passou a se tornar mais acessível para toda a população.

Pode ser chamado de espumante todo vinho que, após pelo menos uma fermentação, mantém o gás carbônico natural de sua composição, o que confere a característica borbulhante que tanto é apreciada. São diversos os métodos de produção pelo mundo. Na legislação brasileira, pode ser nature (até 3g de açúcar/litro, bastante seco), extra brut, brut, seco, demi-sec e doce (mais de 60g de açúcar/litro, bem doce). 

Segundo o sommelier Benício Fernandes, da AB Wines, o espumante tem que estar bem gelado no serviço. Quase estupidamente gelado, como cerveja, ali por volta dos 5 ºC. Quanto mais levinho e jovem, mais frio deve ser servido. Grandes rótulos de champagne ou cava podem pedir temperaturas maiores, perto dos 10 ºC. Para chegar ao ponto certo, deixe a garrafa no freezer por 60 minutos ou meia hora em um balde com gelo.

Muito cuidado com a pressão do gás carbônico ao abrir a garrafa. “O ideal é manter uma das mãos sobre a rolha e ir girando-a vagarosamente”, indica Benício. Como é noite de festa, é claro que você pode estourar o espumante ou até ousar em sabrar o gargalo (“degolar” a garrafa com o facão), mas redobre a atenção. 

Além disso, ele sugere servir, no máximo, dois terços do volume da taça. “Mais que isso e sua bebida irá esquentar”, adiciona o sommelier.  

O que é o que é 

Champanhe - Só pode ser chamado de champanhe o espumante produzido na região de mesmo nome. Lá convencionou-se que a bebida só pode ser feita com as uvas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay; e passar por uma segunda fermentação em garrafa (Método Champenoise). Ele é normalmente mais encorpado e cremoso, pode ser de guarda e conter aromas de frutas secas e pão.

Espumante - Pode ser chamado de espumante todo vinho que, após pelo menos uma fermentação, mantém o gás carbônico natural, o que confere a característica borbulhante. São diversos os métodos de produção pelo mundo. Na legislação brasileira, pode ser nature (até 3g de açúcar/litro, bastante seco), extra brut, brut, seco, demi-sec e doce (mais de 60g de açúcar/litro, bem doce). 

Prosecco - Já o nome prosecco remete exclusivamente aos espumantes, frisantes ou tranquilos elaborados com a uva branca Glera em 9 províncias do Vêneto e de Friuli, na Itália. O método de produção é Charmat, com segunda fermentação em tanques de inox. Diferente da Cava e do Champagne, este italiano é geralmente mais frutado.

Sidra - A sidra é a bebida borbulhante mais diferente do grupo. É a única que não é feita à base de uvas fermentadas, mas de maçã das variedades Fuji ou Gala e adição de açúcar. Rotulada injustamente de “espumante de baixa qualidade”, a sidra é uma das bebidas alcoólicas mais consumidas no mundo: seus maiores produtores são Inglaterra, Irlanda e França, além do Brasil. 

Moscatel - O moscatel passa por uma fermentação (Método Asti) e é feito exclusivamente com uvas da família Moscato/Moscatel. Este espumante é naturalmente doce, frutado, com borbulhas grandes e tem uma excelente acidez!

Cava - Deve conter uvas espanholas como Macabeo/Viúra, Xarel-lo ou Parellada; e ser elaborada em determinados municípios da Espanha, usando também o método Champenoise. Parece champagne, mas tem aromas mais frescos, de frutas e até flores.

Rótulos para você experimentar

Miolo Terranova Moscatel (R$ 36 na web) | Um dos espumantes mais famosos do Vale do São Francisco, é doce e efervescente no paladar, apresentando notas de flores brancas, guaraná, cítricos e mel.

Lidio Carraro Faces do Brasil Brut (R$ 41,60 no Empório do Vinho, em Juazeiro) I Delicado, elegante e vivaz, este espumante 100% Chardonnay é bastante frutado - com notas de limão siciliano, maçã verde, pera, abacaxi e melão.

Dal Pizzol Moscatel (R$ 55* na AB Wines, em Salvador) | Rótulo festivo, delicado, floral e com toque de mel. Um Moscatel aromático, perfeito para os brindes à meia-noite! 

Dal Pizzol Brut Rosé Processo Charmat (R$ 75* na AB Wines, em Salvador) | Com belíssima coloração rosada cereja, este espumante é produzido com fermentação mais longa no método Charmat, o que lhe garante mais cremosidade no paladar. Os aromas são de frutas vermelhas frescas com toque cítrico! Uma delícia!

Dal Pizzol Brut Champenoise (R$ 81* na AB Wines, em Salvador) | Elaborado à base de Chardonnay e Pinot Noir, como os grandes Champagnes franceses, este rótulo brasileiro revela aromas de pão torrado, defumado, pêssego e amêndoas. A perlage é finíssima e elegante. 

Comte de Bailly Blanc de Blancs Brut (R$ 101 na Confraria Gourmet, em Barreiras) | Um francês da Borgonha feito 100% com a uva Airén. Delicado e elegante, tem aromas de frutas amarelas, como pêssego e damasco.

Ponto Nero Icon Brut (R$ 150 no BOX 111, em Vitória da Conquista) | 100% Chardonnay, passou nada menos que 40 meses em contato com as leveduras. O resultado é um espumante rico, cremoso e com bouquet complexo, que vai desde damasco a notas de brioche. 

Comte de Bailly Grande Réserve Crémant de Bourgogne (R$ 199* na AB Wines, em Salvador) | Elegante, intenso, com notas primárias de frutas amarelas e terciárias de manteiga e brioche. É elaborado com as uvas Chardonnay, Aligoté, Gamay e Pinot Noir; colhidas manualmente na região da Borgonha e fermentadas por até 24 meses. 

Champagne Taittinger Réserve Brut (R$ 300 na Adega Vinum, em Vitória da Conquista) | Feito com uvas de 35 vinhedos diferentes, resultando em um autêntico champagne leve, fresco, elegante e equilibrado, com notas de frutas cítricas, secas e toques florais. 

Pierre Gimonnet & Fils Champagne Cuis 1er Cru Brut NS (R$ 568* na AB Wines, em Salvador) | Um grande exemplar 100% Chardonnay da região de Champagne, mais especificamente da AOC Côte des Blancs. Vivaz, leve e delicado, com nuances florais e aromas de frutas brancas em compota. 

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Serviço:

AB Wines | Dentro do Iberico Bar de Tapas, à Rua Miguel Navarro Y Cañizares, 160 - Pituba, Salvador - BA. Funcionamento: Terça a sábado, das 15h às 22h. Fone: (71) 3036-3492. Instagram: @abwines.distribuidora