Para Dira Paes, Filó representa mães brasileiras

Atriz está também em filme que estreia nesta quinta-feira, Pureza, sobre trabalho escravo

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  • Roberto Midlej

Publicado em 19 de maio de 2022 às 06:00

. Crédito: Foto: João Miguel Júnior /Divulgação

Filó, da novela Pantanal, pode até parecer ser uma mulher subjugada ou dominada por Zé Leôncio (Marcos Palmeira). Mas, para Dira Paes, que interpreta a personagem e mais uma vez vem conquistando elogios de crítica e público, é justamente o contrário: "Ela é uma mulher forte, que aprendeu a conviver com essa relação [com Zé Leôncio] sem abrir mão de sua personalidade. Na verdade, entre eles dois, é ela que tem voz. Ela coloca ele na consciência de igual pra igual", revela a atriz, que, no fim de um dia de filmagens encontrou um tempinho para falar com o CORREIO por mensagens de áudio.

Mãe de Tadeu (José Loreto), Filó demorou muito até contar a Zé que ele é o pai do rapaz. Por isso, teve que criá-lo sem um suporte paterno, já que o personagem de Marcos Palmeira se apresentava como padrinho do menino. "Filó representa essa mãe solteira, solitária, que são muitas mulheres do Brasil e que são a base da sociedade brasileira", afirma Dira. "Ela dá conta de tudo, é responsável pela segurança, é uma mediadora de problemas", acrescenta a atriz.

Mas, como todas as mães, Filó está sujeita a erros e acertos, observa Dira: "É superprotetora porque ela não quer que o filho passe por tudo que ela passou. Então, tenta regular os relacionamentos dele, pra que ele não repita a estrutura familiar em que ele foi criado. Essa falta de definição de Zé sobre a paternidade faz Tadeu sofrer e nem Filó sabe como lidar com isso, mesmo sendo tão bem resolvida como ela. Vamos ver como ela vai lidar com isso...".

Na primeira fase de Pantanal, Filó foi interpretada por Leticia Salles, que estreava em novelas. Dira elogia a colega, que, segundo ela, teve um desempenho "espetacular" para uma estreante, especialmente por interpretar um personagem profundo como Filó. "Ela foi amadurecendo e foi bonito ver como ela me 'entregou' Filó. Nos encontramos antes das gravações e tivemos trocas profundas [sobre a personagem]", revela Dira.

A atriz diz também que foi importante chegar ao Pantanal antes das gravações, junto com a colega. Assim, teve um tempo para conversar com Leticia e conhecê-la melhor. "Mantive em Filó algumas coisas que Leticia fez na interpretação, mas a deixei livre para fazer o que quisesse".

A ida ao Pantanal também contribuiu para Dira prestar mais atenção aos problemas ambientais nacionais. "Sem dúvida, é uma honra poder unir o meu trabalho ao meu papel como cidadã. Assim, posso unir duas necessidades que habitam em mim. A novela permite levar para o país temas urgentes referentes a este bioma que tanto precisa de nossa atenção, que é o Pantanal, como todo bioma brasileiro".

Novo filme de Dira, Pureza estreia nesta quinta-feira (19)

Os admiradores do trabalho de Dira Paes vão poder acompanhá-la também no cinema, no drama Pureza, que estreia hoje. Na história baseada em um fato real, Dira interpreta a personagem que dá título ao longa-metragem de Renato Barbieri. Pureza, que é também o nome da personagem real que inspirou o filme, é uma mulher que vive em Bacabal, no Maranhão. Ali, criou cinco filhos, com a fabricação e venda de tijolos.

Um dos filhos dela, chamado de Abel no filme e vivido por Matheus Abreu, decide, na esperança de dar mais conforto à mãe, partir para o trabalho no garimpo, onde, segundo costuma ouvir, há boas oportunidades de ganhar dinheiro. Mas Abel vai e não retorna. Aflita, Pureza decide ir em busca do jovem. Para conseguir entrar na propriedade onde imagina que o filho está, ela começa a trabalhar ali como cozinheira.

Chocada com as condições de trabalho sub-humanas a que os garimpeiros são submetidos, ela não se conforma e, ainda sem notícias do filho, decide escapar dali e denunciar os responsáveis pela propriedade, depois de ter testemunhado até assassinatos cometidos pelos jagunços da fazenda. Determinada e esperançosa, ela vai parar em Brasília, onde conhece um senador que parece estar empenhado em combater o trabalho escravo naquelas propriedades.

Barbieri faz um filme tenso, triste, mas, ao mesmo tempo, por incrível que pareça, otimista. Podia cair na pieguice ou no maniqueísmo, como um outro filme a respeito do mesmo tema, 7 Prisioneiros, produção da Netflix com Rodrigo Santoro, lançada no ano passado. Mas, em Pureza, tudo acontece em um outro ritmo, sem que os fatos sejam atropelados e não há pressa em contar a história, o que a torna mais crível. E, por isso mesmo, muito mais dolorosa.

Em cartaz no UCI Shopping Barra e Shopping da Bahia; Cinépolis Bela Vista; Metha Glauber Rocha e Saladearte do MAM e Paseo