Para evitar saques, segurança é reforçada em área de desabamento em Salvador

Ao todo, são 20 guardas municipais por dia para também impedir o acesso das pessoas às áreas isoladas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 6 de outubro de 2019 às 12:29

- Atualizado há um ano

(Fotos: Bruno Wendel/CORREIO) Para evitar seques nas casas condenados pela Defesa Civil e reforçar a segurança de funcionários da prefeitura que vem atuando no local desde sexta-feira  (04) , quando cinco imóveis já condenadas desabaram, guardas municipais estão de prontidão na 1ª Avenida Candinho Fernandes no bairro de Fazenda Grande do Retiro, em Salvador. Ao todo, são 20 guardas por dia, divididos em equipes. Na manhã deste domingo (06), uma equipe com três oficiais da Guarda Municipal acompanhou o trabalho da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) no local. 

“Estamos aqui para manter a segurança de tudo. A intenção é evitar os saques, comum em situações como estas, já que casas interditadas estão desabitadas. Tem a questão de segurança da própria pessoa que por ventura tente o saque. Estamos aqui para evitar que pessoas não autorizadas circulem no entorno dos imóveis, que podem cair a qualquer momento. Paralelo a isso, estamos aqui também garantir a integridade físicas dos funcionários da prefeitura e das prestadoras de serviço, para que possam trabalhar sem intervenções externas”, declarou o guarda municipal Alan Figueiredo, comandante de uma das equipes.  Além dos guardas munipais, guarnições da Polícia Militar circulam na região.  

Os imóveis que vieram ao chão na quinta faziam parte dos 30 que foram interditados pela Defesa Civil no dia 19 de agosto deste ano na 1ª Avenida Candinho Fernandes. Todas apresentavam rachaduras nas paredes e nos pisos. Segundo a Prefeitura, houve a ruptura de parte da contenção da encosta na localidade, o que provocou o desmoronamento das cinco casas que já haviam sido evacuadas. Apesar da presença da GM, nenhum dos guardas tiveram que usar a força. “Por enquanto, está tudo tranquilo. As pessoas estão compreendendo que entrar nos imóveis correm o risco de morte, pois podem desabar a qualquer momento”, disse Figueiredo. 

Demolições Na tarde de sábado, duas casas condenadas foram demolidas pela própria Sedur. “Eram casas de três andares que estavam na crista da encosta com suas vigas de sustentação expostas”, disse o engenheiro Celso Jorge Carvalho, responsável pelo setor de apreensão e demolição do órgão.

Carvalho e equipe voltaram ao local às 09h30 deste domingo.  “Retornamos para fazer o rescaldo do que restou da demolição de ontem. A gente vai fracionar as partes maiores, como vigas, colunas, para que a gente desloque lá para baixo, para que não haja sobrepeso da encosta que está instável”, explicou.  Engenheiro e operários da Sedur fazem o trabalho de rescaldo (Fotos: Bruno Wendel/CORREIO) Num determinado momento, a entrevista foi interrompida por um homem que pergunto: “Posso catar cobre”?. E a resposta foi imediata e precisa: “Claro que não!”, disse o engenheiro, que emendou: “Não era nem para você está aqui. Toda essa área está interditada”. O homem, que não se identificou, disse que teve acesso ao local através de outras casas do entorno. Ele acabou desistindo. 

Segundo o engenheiro da Sedur, novas demolições realizadas pela própria secretária devem acontecer nesta segunda-feira (7).

Novas moradias O vice-prefeito e secretário municipal de Infraestrutura e Obras Públicas, Bruno Reis, esteve na comunidade na quinta-feira (3) e garantiu que as famílias prejudicadas irão ganhar novas moradias no Conjunto Habitacional Barro Branco, que possui cerca de 120 apartamentos e está sendo construído pelo município no Alto do Peru. “Acreditamos que, em abril, essas famílias terão seus novos imóveis em um local definitivo e mais seguro. Até lá, a Prefeitura ajudará essas pessoas, como já tem feito aqui, com benefícios como o Aluguel Social e também o auxílio emergência, para quem teve perdas materiais”, declarou. 

Reis disse que as moradias do Conjunto Habitacional Barro Branco são casas construídas no padrão da Prefeitura, avaliadas em R$ 90 mil. “É o valor que a gente está construindo, R$ 90 mil, mas a pessoa tem a preferência de ir para lá ou pode optar pela indenização”, disse Reis.

Causas Sobre as razões da ruptura da cortina da encosta e as rachaduras nas residências, Reis disse que desde maio a Prefeitura havia identificado o acúmulo de água no talude da encosta, provavelmente em função do vazamento de alguma adutora da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). As investigações continuam para saber quem é o responsável: se a concessionária de água e esgoto ou a empresa que executou a obra de contenção - Consórcio Maf e GeoBahia.

Em nota, a Embasa informou que "desde o momento em que as denúncias de rachaduras começaram a ser feitas pelos moradores da Travessa Candinho Fernandes, na Fazenda Grande do Retiro, verificou toda sua tubulação na área, corrigiu vazamentos na rede que foi danificada em função da movimentação do terreno e vem acompanhando diariamente o funcionamento dessa rede, cujo diâmetro é de 32 milímetros, incapaz de provocar impacto dessa magnitude no terreno que vem sendo encharcado pelas chuvas que caem em Salvador, desde agosto, e sofreu um recorte em seu talude, executado pela empresa a serviço da prefeitura".

O prefeito ACM Neto comentou, na sexta-feira (4): "Não é possível ainda dizer que a construtora foi responsável pelo que aconteceu. A gente não pode assegurar isso, é preciso ter um estudo técnico e ter laudos. Eu venho acompanhando o assunto desde a noite de ontem e durante toda a madrugada, além do acompanhamento que a gente vinha fazendo nos últimos dias, então, ainda não podemos dizer se a construtora foi responsável ou não. É preciso ter um pouco de calma e cautela para aguardar a conclusão dos estudos técnicos. Agora, se ela tiver alguma responsabilidade será cobrada por isso, terá que arcar com todos os prejuízos", disse.