Paripe, Lobato e São Cristóvão estão entre os dez bairros mais violentos de Salvador

Este ano, os três bairros somam 75 dos mil homicídios anuais nas estatísticas da SSP

Publicado em 23 de agosto de 2016 às 07:39

- Atualizado há um ano

Vinte  bairros de Salvador se revezam na lista dos dez mais violentos da capital nos últimos seis anos, segundo dados de homicídios da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Mas três deles vêm, nos últimos dois anos, se revezando no pódio como os três lugares onde há mais pessoas vítimas de assassinato na capital: Paripe, Lobato e São Cristóvão. Juntos, eles acumulam  422 homicídios da lista dos seis mil assassinatos levantados pelo CORREIO desde 2011 para o especial Mil Vidas – 7% do total. O levantamento é feito anualmente, sempre que chega a mil homicídios em Salvador e Região Metropolitana (RMS). Este ano, os três bairros somam 75 dos mil. A maior parte das vítimas é do sexo masculino – 923 e 82 tinham menos de 18 anos. A identidade de 288 delas  não foi registrada pela SSP-BA. Este ano, o milésimo assassinato foi em Lauro de Freitas, em 28 de junho – 18 dias antes do registrado em 2015. Raimundo Nonato Reis Costa, 49 anos, foi baleado em diversas partes do corpo, em Itinga.Maior parte das vítimas é do sexo masculino – 923 e 82 tinham menos de 18 anos (Foto: Arquivo/CORREIO)Paripe liderava o ranking, com 28 assassinatos. Depois vem Lobato, com 26, mesmo número de 2015, quando o bairro foi campeão. Em terceiro lugar, está São Cristóvão, com 21 casos – dois a menos que em 2015. Desde 2011, quem mais esteve à frente no ranking foi Paripe. Lobato figura entre os dez mais violentos. Para o titular da 5ª Delegacia (Periperi), Nilton Borba, a falta de infraestrutura em Paripe e Lobato – e no Subúrbio, como um todo – somada ao alto contingente populacional – cerca de 250 mil habitantes nos dois bairros, dificulta a ação da polícia e facilita a atuação do tráfico. “É uma área com muitas invasões. Há ruas que não entram carros e as incursões precisam ser a pé. A geografia e essa alta densidade de população são propícias  ao tráfico e a  uma marginalidade mais perigosa”.Tráfico Ele também destaca a disputa atual pelos pontos de tráfico de drogas no Subúrbio. “Essas  regiões é onde há a maior disputa, principalmente em Santa Luzia do Lobato. O Bonde do Maluco está brigando com outras facções pelo domínio”, diz, ressaltando que o Subúrbio reduziu em 36% os homicídios comparado a 2015. 

As 14ª e 19ª Companhias Independentes da Polícia Militar (Lobato e Paripe, respectivamente), atribuem a dificuldade em reduzir os índices a “questões urbanísticas, que impossibilitam o policiamento motorizado em algumas localidades, ao tráfico e ao uso de drogas”. A PM alega ainda que: “Os acusados de  homicídios são presos pela PM e em pouco tempo voltam às ruas e a delinquir”.Clique na imagem para ampliar São Cristóvão, na Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) de Itapuã, ocupa o terceiro lugar na lista, com dois assassinatos a menos do que em 2015. Nos últimos seis anos, o bairro sempre esteve entre os três mais violentos. O pior ano foi 2013, quando foram 28 homicídios. “Há áreas bem complicadas como o Planeta dos Macacos, o conjunto Yolanda Pires, a Estrada Velha do Aeroporto e Cassange. Em Cassange são desovas, porque lá é área rural”, explica o  delegado Antônio Carlos Santos, titular da 12ª Delegacia (Itapuã), responsável pela área.Segundo a PM, a 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão), que cobre a área, também atribui  às questões urbanísticas a dificuldade em reduzir os homicídios no local, além do tráfico. “Realizamos abordagens preventivas, radiopatrulhamento com viaturas, policiamento a pé, abordagens e viaturas em pontos estratégicos”, diz a PM, em nota, sobre o trabalho nos três bairros. A Rondesp e as operações Apolo e Gêmeos também apoiam as ações.