Paulo Carneiro: respaldo do passado não é garantia do futuro

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Publicado em 25 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Paulo Carneiro volta à presidência do Vitória com o desafio de reconstruir o presente e o futuro do clube. Curiosamente, retorna devido ao seu passado. Ele é lembrado como um vencedor, e isso foi suficiente para jogar por terra toda a aversão que boa parte dos torcedores e sócios rubro-negros tinham por ele até pouco tempo atrás.

Afinal, o que foram as eleições de Ivã de Almeida e Ricardo David senão claros sinais de que o sócio do Vitória não aceitava a ameaça de PC voltar? Ironia do destino, foi justamente o desempenho desastroso da sequência Ivã-David que reconduziu Carneiro. 

É cíclico. Na história, momentos de crise profunda são propícios à elevação de um líder. Com poucos intervalos de alegria plena, o Vitória tem castigado demais seu torcedor desde a saída de Alexi Portela Júnior, no final de 2013. De dois anos para cá, piorou. E com isso, associou o novo à incompetência, à fragilidade. PC voltou a ser visto como salvação. 

Talvez seja, talvez não. Certa é a máxima do mercado financeiro: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Paulo Carneiro ganhou respaldo dos sócios rubro-negros pela sua história no clube, mas não é ela que tirará o Vitória da situação em que se encontra.

Não é o Paulo Carneiro de 1991 a 2005 quem vai assumir o Leão. É o de 2019. E esse precisa fazer o clube crescer, como fez duas décadas atrás. Precisa acertar na gestão, precisa saber lidar com o pensamento diferente e, se possível, voltar a ser um homem à frente do seu tempo, como foi na primeira passagem pela Toca. 

A piada da Baixa dos Sapateiros com a torcida rival não é mais “engraçada” como era antes, pois não tem graça rir do outro por ser pobre e povão. É atitude de quem não quer enxergar que a própria torcida do Vitória já saiu do corredor homônimo que simboliza a elite soteropolitana e se massificou pela Barroquinha, por Pau da Lima, por todo lugar. Você, Paulo, vai precisar levar o torcedor da Baixa dos Sapateiros para dentro do Barradão, pois só o do Horto Florestal nunca lotou o estádio nem aderiu em massa ao plano de sócios.

O futebol feminino, goste ou não, é uma realidade. E ao invés de andar na contramão de uma modalidade que recebe cada vez mais empurrão para crescer – com ingerência inclusive nas competições que a equipe masculina disputa -, existe agora a chance de enxergar nas mulheres rubro-negras uma baita oportunidade de atrair um potencial imenso de consumidoras para o clube, nas lojas, no Sou Mais Vitória, no Barradão. O Vitória gigante, unido e forte não pode ficar só no slogan. Como você disse ontem, no ato da posse, é preciso unir esse clube. Exercite em todas as áreas possíveis.

Esses são alguns pontos polêmicos do novo presidente. No dia a dia, no entanto, a reconhecida capacidade administrativa do passado, se repetida no presente, pode dar uma guinada no rumo de um clube que se  apequenou nos últimos anos. O recado do torcedor do Vitória ao votar em Paulo Carneiro é muito claro: ele quer sonhar novamente. Como o próprio candidato (agora presidente) reconheceu em entrevista ao CORREIO durante a campanha, foi justamente a desesperança que deu a ele uma nova chance. PC não pode errar. Não tanto como seus antecessores.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.