Paulo Gustavo está fazendo história no cinema brasileiro

Senta que lá vem...

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  • Roberto Midlej

Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 15:34

- Atualizado há um ano

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Fui ver, com meus filhos de 13 e 8 anos, nesta segunda-feira (20), “Minha Mãe é uma Peça 3” e não tenho mais dúvida: Paulo Gustavo, que estrela o filme, está, sem exagero algum, fazendo história no cinema brasileiro. O filme estreou em 26 de dezembro e vendeu, até o último fim de semana, mais de 8,7 milhões de ingressos.

Para se ter uma ideia, “Tropa de Elite 2”, a maior bilheteria de um filme nacional na história teve 11,1 milhões de ingressos vendidos até sua última semana em cartaz. Mas depois do que vi nesta segunda, acho bem difícil o filme da divertidíssima Dona Hermínia não bater o recorde, pois, mesmo em sua quarta semana, havia ao menos 80% de lotação na sala do Shopping da Bahia, no meio da tarde de uma segunda-feira. A tendência, sabemos, é um filme perder público abruptamente depois de duas ou três semanas em cartaz e isso, pelo visto, não ocorre com o filme dirigido por Susana Garcia.

Outro dado impressionante: a comédia permanece em cartaz em cerca de 20 salas na cidade. É o mesmo número atual de “Frozen 2”, que estreou uma semana depois (logo, deveria estar em mais salas que “Minha Mãe”) e tem o poderosíssimo lobby da Disney por trás. Quer mais dados surpreendentes? O número de espectadores cresceu a cada filme da trilogia: o primeiro, de 2013, teve 4,5 milhões; o segundo, de 2016, dobrou e fez 9,3 milhões; agora, o terceiro vai certamente passar o número. Esperar o quê do quarto filme, que certamente virá em dois ou três anos? Onde vai parar Paulo Gustavo?!

Pensando sobre a história do cinema popular brasileiro e sobre nossa tradição de comédias ‘populares’, só consigo enxergar outros dois fenômenos como ele em nossa história: Mazzaropi (sobre o qual não há números oficiais, mas é unanimemente conhecido como um rei das bilheterias dos anos 1950/60) e Trapalhões/Renato Aragão, que têm 12 filmes entre as 30 maiores bilheterias brasileiras.

Por sinal, tive, por uns momentos, enquanto assistia a “Minha Mãe é Uma Peça”, lembranças das velhas matinês dos Trapalhões, quando o público ria em uníssono, como vi nesta segunda-feira. e como é bom ver as pessoas receberem tão bem um filme nacional.

E o filme? Ah, é inegavelmente divertido e Paulo Gustavo, embora ainda que não tenha provado ser um ator versátil, parece ter nascido para viver Dona Hermínia, que é inspirada na mãe dele. Aliás, a maior virtude é também o maior problema do filme: Paulo Gustavo é o dono do longa e todos ali não passam de escadas para ele, o que acaba cansando um pouco nos últimos 20 ou 25 minutos. Por isso, o roteiro tem lá seus problemas, afinal a história é só um detalhe e tudo não passa de pretexto pra Dona Paulo Gustavo/Dona Hermínia brilhar. Mas, ainda assim, são 105 minutos de diversão, melhor que muita Sessão da Tarde e que boa parte das comédias americanas que a gente vê por aí.

(PS: sim, tem Os dez Mandamentos, que vendeu 11,3 milhões de bilhetes, mas não pode ser levada a sério, afinal, sabe-se, a Universal comprava ingressos e os distribuía aos fiéis, somente para alcançar a cifra e entrar pra história como maior bilheteria). PS2: "Minha Mãe é uma Peça 3" já é a maior bilheteria em renda, mas não ainda em número de ingresso. #vivaocinemabrasileiro

Texto originalmente publicado no Facebook e replicado com autrização do autor.