Pelo menos 15 motoristas de apps são assaltados por dia em Salvador

Levantamento é do sindicato da categoria 

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A corrida do Rio Vermelho para o bairro de Paripe terminou em assalto para o motorista de Uber João Ribeiro. "Quando eu peguei a corrida, achei que era uma corrida normal, mas quando chegou em uma rua sem saída os dois caras anunciaram o assalto", relata João, que trabalha no aplicativo desde junho do ano passado e já acumula oito assaltos. Nesta terça-feira (9), ele participou de carreata em protesto, junto com outros motoristas do aplicativo, pela Avenida ACM, na região do Detran.

O ato aconteceu três dias após a morte de José Henrique Pereira Alves, 24 anos, que também atuava na Uber e foi morto em assalto na Ilha Amarela, no Subúrbio Ferroviário. A morte de José Henrique está sendo tratada como latrocínio - roubo seguido de morte -, segundo informação da assessoria de comunicação da Polícia Civil. Ninguém foi preso pelo crime ainda.

De acordo com o Sindicato dos Motoristas por Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter), a situação de José Henrique e João, ocorrida na semana passada, não são casos isolados."Hoje acontece, em média, de 15 a 18 assaltos, furtos ou roubos contra motoristas de aplicativos. O que aconteceu com José Henrique não pode ser encarado como um fato comum. Não temos segurança pública", afirma Átila Santana, presidente do Simactter, que representa seis mil motoristas. Santana ressalta que os assaltos acontecem principalmente em quatro áreas da cidade: Suburbio Ferroviário, Valéria, Nordeste de Amaralina e Santa Cruz. "A Uber é rígida no controle dos trabalhadores, mas não tem rigidez no controle de passageiros", afirma. Procurada, a Uber informou que não fornece dados de ocorrências criminais.   Cerca de 200 carros participaram do ato, segundo categoria Foto: Divulgação A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que os crimes envolvendo condutores de veículos, quando o assaltante subtrai o carro, são investigados pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV). Os casos envolvendo furto de dinheiro ou outro bem pessoal ficam com as Delegacias Territoriais. De acordo com o órgão, os policiais realizam blitze em diversos pontos da cidade para combater práticas criminosas. A SSP diz ainda que a  falta de indicação de quando o veículo é ou não prestador de serviço de aplicativos dificulta um trabalho mais direcionado.

Sobre o caso do motorista parceiro morto e o protesto desta terça, a Uber divulgou nota lamentando o ocorrido e explicando que tem ferramentas de auxílio. Veja abaixo a nota na íntegra: 

 A Uber lamenta que motoristas parceiros como José Henrique Pereira Alves sejam alvo da violência urbana que infelizmente permeia a vida nas cidades, uma vez que vão às ruas todos os dias ajudar a construir o futuro da mobilidade e gerar renda para si próprios e suas famílias.

Em caso de assalto ou qualquer tipo de violência, orientamos os motoristas ou usuários a contatarem imediatamente as autoridades policiais. É importante também fazer um Boletim de Ocorrência para que os órgãos competentes tenham ciência do ocorrido e possam tomar as medidas cabíveis. Em caso de investigações e processos judiciais, a Uber sempre se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, nos termos da lei.

Além disso, os motoristas parceiros contam com um número de telefone 0800 para registrar casos de emergência depois que estiverem em segurança e tiverem contatado as autoridades competentes.

A Uber também tem trabalhado em ferramentas específicas para a realidade brasileira. Quanto à verificação dos usuários da plataforma, por exemplo, recentemente, lançamos uma ferramenta que exige dos usuários que fizerem o pagamento de suas viagens somente em dinheiro que insiram o seu CPF e data de nascimento antes de ter acesso ao aplicativo - dados que são conferidos com a base de dados do governo federal para confirmar a identidade. Os demais usuários, que efetuam pagamento em cartão, já tinham seus dados cadastrais fornecidos pelas instituições financeiras. Isso se somou às demais medidas de prevenção de risco que implementamos no ano passado para aprimorar a segurança.

Por fim, a Uber tem camadas de tecnologia que agregam segurança antes, durante, e depois de cada viagem. Nenhuma viagem na plataforma é anônima e todas são monitoradas por GPS. Isso permite, por exemplo, que em caso de incidentes nossa equipe especializada possa dar o suporte necessário, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto que foi feito, podendo ser compartilhados com autoridades competentes, sempre respeitando a legislação aplicável (em especial o Marco Civil da Internet).