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Pelo quarto ano seguido, taxistas pedem que não haja aumento nas tarifas

Taxistas temem que reajuste afaste ainda mais os clientes

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Santana
  • Fernanda Santana

Publicado em 5 de janeiro de 2020 às 13:36

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Betto Jr./CORREIO

Pelo quarto ano consecutivo, os taxistas dirão não ao aumento no valor das tarifas cobradas aos passageiros. “Como vamos aceitar o reajuste, com essa diminuição no movimento nos táxis?”, questiona o presidente da Associação Geral dos Taxistas, Denis Paim. No ano de 2016, o mesmo em que o aplicativo de corridas Uber chegou a Salvador, aconteceu o último reajuste nos valores. 

Se aceitassem o reajuste, os taxistas cobrariam até 3,5% mais caro pelas corridas aos passageiros. O reajuste é calculado pela Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana, com base no índice inflacionário do ano passado. Desde o último reajuste, a bandeira um – aplicada de segunda a sexta-feira, das 6h às 21h - custa R$ 2,42, e a bandeira dois – cobrada em domingos e feriados, por exemplo – custa R$ 3,38. 

Na próxima quarta-feira (8), o representante da AGT, acompanhado de outros dirigentes, irão à Semob pedir que o reajuste, previsto anualmente por lei, não seja aplicado. Todos os modais de transportes, como os ônibus, passam por reajustes anuais, e a categoria pode se pronunciar caso seja contrária à mudança.

Durante um mês e dez dias, a associação decidiu ouvir, então, os motoristas. A enquete mostrou que 63,4% (4.622) dos 5.163 taxistas ouvidos eram contra o reajuste e apenas 7,4% (544) a favor. 

Hoje, em Salvador, existem 7.296 taxistas cadastrados, mas, entre eles, alguns não quiseram opinar, não foram encontrados ou estão temporariamente inativos.“É um diálogo coletivo. A Prefeitura é obrigada a dar o reajuste, mas até a Prefeitura sabe da dificuldade que estamos passando e, normalmente, aceita”, explicou Denis. Como os reajustes costumam ser aplicados em janeiro, o secretário de Mobilidade Urbana (Semob), Fábio Mota, explicou que são os próprios taxistas quem precisam pedir o congelamento dos valores. “Se, oficialmente, a categoria se demonstrar contrária, iremos acatar, como temos feito. Acontece igualmente para concessões de ônibus, de lancha... a categoria precisa informar, porque ninguém é obrigado a reajustar”, justificou o secretário.  Taxistas não têm reajuste desde 2016, há quatro anos (Foto: Betto Jr./CORREIO) 'Se tiver reajuste, vai diminuir ainda mais'

No ponto em frente à Praça Castro Alves, Marcos Amor Divino, 40 anos, aguarda a chegada de algum passageiro. Há 10 anos, Marcos é taxista e, na enquete deste ano, respondeu que era contrário ao reajuste.“Se tiver reajuste, vai diminuir ainda mais [o fluxo de clientes]. O maior diferencial deles [do aplicativo] é o preço. Se conseguirmos manter isso congelado, de alguma maneira, pode nos ajudar”, acredita.O preço de partida de um aplicativo como o Uber – similar à “bandeirada” do táxi, por exemplo, é R$ 0,75 e cada quilômetro rodado custa R$ 1,40. Nos táxis, o preço de partida é R$ 4,81. O valor do taxímetro aumenta por quilômetro rodado. Ou seja, na bandeira um o quilômetro custa R$ 2,42 e, na dois, R$ 3,38. 

No capital do Rio de Janeiro, onde acontecerá reajuste, por exemplo, a bandeirada passará de R$ 5,82 a R$ 6 a partir do dia 10 de janeiro. 

Os motoristas de táxi reclamam, principalmente, que os custos dos táxis são maiores que os de motoristas por aplicativo. A consequência é, portanto, uma cobrança maior. “Gosto da profissão. Faço com amor e carinho. Trato as pessoas bem, todo mundo bem, para elas gostarem do atendimento”, opina Edmilson Oliveira da Silva, 59, também é contrário à cobrança, por acreditar que seria um empecilho a mais para atrair clientes. 

As alternativas para driblar a ausência de reajustes e, mesmo assim, lidar com os custos, têm sido, principalmente, aderir a aplicativos de táxis – que garantem descontos nas corridas – ou rodar pelos pontos mais movimentados da cidade. Hoje, os taxistas costumam citar as regiões do Pelourinho, Comércio, Barra e Ferry-boat (Água de Meninos) como preferidas. 

Prejuízo chega a quase 30%  

Sem os reajustes, no entanto, as contas ainda chegam. A categoria estima que o prejuízo é de, em média, 30%. "Aumentou combustível, aumentou carro e o táxi continuou lá embaixo. O valor está muito defasado. É difícil, mas fazemos das tripas coração", lamenta Denis Paim. A estimativa da AGT é que os prejuízos tenham afastado definitivamente 315 pessoas das praças. 

Na tarde do último domingo (5), o taxista Humberto Pereira Gomes afirmou, enquanto aguardava uma chamada, que, pela defasagem no valor, não há como ser contrário ao reajuste.“Sou a favor do reajuste. Se reajusta tudo, por que não o táxi?”, questionou. Depois de sete horas nas ruas da cidade, o taxista havia ganhado apenas R$ 22.  Somente o combustível, ele calculou, lhe custou R$ 60 – valor que costuma gastar diariamente. Logo depois da opinião, ele acrescentou: “Eu sei que isso diminuiria a frequência de passageiros, mas a gente está tendo prejuízo. Como é que pode sobreviver assim?”. 

Hoje, a AGT calcula que o rendimento médio mensal de um taxista é de R$ 2,5 mil - "quando muito", acrescenta Denis. No passado, o rendimento chegava, em temporadas como verão, aos R$ 7 mil mensais."Entendo todas as dificuldades que passamos, mas entendo também o meu valor, o que significo para uma parte da sociedade. Entendo que nenhum comércio, e o táxi nada mais é  do que um comércio, pode trabalhar  com prejuízo", disse o taxista Luis  Carlos Silva de Carvalho, 59. No mês de dezembro,  quando a bandeira dois pode ser praticada diariamente, a tarifa mais cara passou a ser opcional, segundo a Comissão dos Taxistas da Bahia. O porta-voz da Comissão, João Adorno, atribuiu a cada motorista a decisão e cobrar, ou não, um preço mais caro aos passageiros, devido à crise econômica e da própria categoria. 

Quando valem as bandeiras um e dois 

Bandeira 1:

a) Será aplicada de segunda a sexta-feira, das 06:00h às 21:00h

Bandeira 2: 

a) de segunda a sexta-feira, das 21:00h às 06:00h do dia seguinte; b) durante as 24h dos sábados, domingos e feriados nacionais, estaduais e municipais; c) nas corridas que tenham o Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães ou localidades de outro Município como origem ou destino; d) quando o táxi for utilizado por mais de 03 (três) passageiros, não computados os menores de 07 (sete) anos; e) no decorrer do mês de dezembro, em qualquer destino ou horário.

Últimos reajustes 

2015: Bandeira 1 - R$ 2,35/Bandeira 2 - R$ 3,25.

2016 (válida até hoje):  Bandeira 1 - R$ 2,42/Bandeira 2 é R$ 3,38.