Pelourinho, Pelô

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2021 às 16:00

- Atualizado há um ano

Já me disseram várias vezes que eu nunca cresceria empreendendo em Salvador, que eu teria que sair daqui para ter sucesso, mas não acreditei nisso, em nenhum momento e hoje eu tenho certeza de que estava certa. A Wakanda Educação Empreendedora nasceu em 2018 e desde então o corre foi grande para conquistar tudo que temos hoje às custas do trabalho de muita gente que decidiu sonhar e fazer acontecer junto comigo, até porque sempre digo que “a força do lobo não está nas garras ou na velocidade, está na alcateia”.

O melhor de tudo isso é que fomos crescendo e ganhando forma sem precisar sair da nossa cidade, ajudando a galera da periferia daqui a se enxergar como empreendedora, aprender de forma fácil e na prática muita coisa do universo do empreendedorismo que parece tão distante, tão longe da realidade, mas que na verdade não é, porque usamos a linguagem informal como tecnologia que coloca fim nesse distanciamento, tornando o conhecimento acessível para todas as pessoas. 

Quando eu penso no trabalho que fazemos e nas pessoas que atingimos, o Pelourinho é o lugar que primeiro vem à minha mente não somente pela história e potência que esse lugar tem, mas porque me abraçou e me acolheu desde quando começamos com as primeiras formações ali na Rua do Tijolo e tempos depois fomos para a Universidade da Reconstrução Ancestral Amorosa (UNIRAAM), na Rua Maciel de Baixo. Foram nessas ruas que ajudamos muitas mulheres, mães solo, pessoas negras e LGBTQIA + a crescer melhorando tudo que elas já sabiam fazer muito bem de maneira intuitiva no dia a dia.

São muitas idas e vindas por ali aprendendo, levando conhecimento e ao mesmo tempo conseguindo observar e sentir a história e trajetória, com uma memória afetiva que é muito importante pra mim, principalmente quando falo sobre empreendedorismo. Penso em quantas negras ganhadeiras passaram vendendo seus quitutes e serviços, nas pessoas que tiram seus sustentos ali nas praças trançando cabelo, vendendo artesanato, vendendo pipoca, por exemplo, e na Associação das Baianas de Acarajé que tem uma infinidade de mulheres empreendedoras, mesmo que elas muitas vezes não se enxerguem nesse lugar. Isso me dá uma sensação grande de pertencimento. Toda vez que eu piso no Pelourinho eu sinto aquela força, sabe? Infelizmente é um lugar de muita dor para o povo preto, mas também de muita resistência histórica que nos permitiu chegar até aqui honrando todos, todas e todes que vieram antes de nós. É aqui que vamos seguir construindo nossa história, fazendo nosso nome. Salvador é a nossa casa e não vamos sair dela.

Karine Oliveira é CEO da Wakanda Educação EmpreendedoraOpiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores