Pensando Baía

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  • Aninha Franco

Publicado em 18 de julho de 2020 às 10:30

- Atualizado há um ano

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Nesta semana, a política brasileira está chata de dormir assistindo. Daí porque é melhor falar da Cidade da Baía que eu sonho provocada pelo desejo coletivo de uma vida digna. Centro político e financeiro da colônia, de 1549 a 1763, quando a capital do Reino Unido mudou-se para o Rio, a Baía continua, ainda agora, repleta de hábitos coloniais. Quase todos seus habitantes, com raras exceções, sempre contarão um fato com o aviso anterior de “não diga a ninguém que fui eu quem contou.” Assim, as notícias baianas são sempre anônimas, criação hipotética do caluniado Correio Nagô que não é Nagô, é tupilusoafricano. E sem o individualismo responsável, o coletivismo não acontece, por isso um baiano concorre com outro baiano com selvageria, e gasta dez mil reis para que outro baiano, que deveria ser aliado, não ganhe cinco.

Esse comportamento registrado pelo governador Mangabeira (1886-1960) no século 20, é praticado ainda hoje com a ferocidade de sempre. A sociedade baiana fragiliza-se, também, porque seus indivíduos raramente nascem. Eles sempre estreiam. Pedreiros, eletricistas, chefes de cozinha, atores surgem numa semana, na outra foram alçados a gênios pelos amigos e parentes e aí não tem ebó que dê jeito. Baianos há que são gênios em sete profissões diferentes, todas elas com Veracidade Decotelli.

Com eleição à prefeitura próxima, lembremos que João Henrique foi prefeito da Baía por oito anos (2005 a 2012) porque requeria liminares contra o horário de verão e o pagamento de estacionamentos em shoppings. Que Fernando José despachou no Palácio Tomé de Souza quatro anos (1989 a 1993) porque matava a cobra e mostrava o pau na Rádio Excelsior. E que o Sargento Izidório acha que pode governar quase 3 milhões de soteropolitanos – inclusive eu - porque é ex-gay e porque Jesus trabalha para ele na Fundação Jesus que recebe drogados. Por isso, talvez, ser baiano talentoso precise tanto de aval forasteiro para avalizar competências. 

Acostumados aos milagres desde 1549, aos santos que choravam lágrimas de sangue, às súplicas em procissões pela chuva, pelo estio, pelo amor, pelo castigo aos inimigos, sacrificando em festas religiosas, dia e noite, os baianos acreditam pouco na própria humanidade. E menos, ainda, em si mesmos. A aversão apaixonada dos baianos à Bahia pode ser catártica, vide Gregório de Mattos (1633-1696) e Waly Salomão (1943-1990), poetas do amor desesperado com ódio idem. 

Quando a humanização descerá sobre a nossa mentalidade? Bem, o período colonial foi muito longo e a república ainda não disse a que veio.