Perini da Barra é fechada por tempo indeterminado

Primeira loja da marca tradicional na vida dos baianos - com doces, salgados, tortas e sorvetes - fecha as portas em meio à pandemia

Publicado em 7 de junho de 2021 às 22:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Google

Quando os sócios Delmiro Carballo Alfaya e José Faro Rua, o Pepe, fundaram, em 1964, a Panificadora Elétrica da Barra, a intenção já era criar uma padaria que atendesse seus clientes de forma especial, com produtos diferenciados. Depois de 57 anos, a Perini é uma espécie de grife baiana, onde se podia encontrar tudo no ramo de alimentos. Ela se tornou ponto de encontro de carnavais, de sorvete para casais, de pré e pós balada em Salvador. 

Nesta segunda-feira (7), foi confirmada a notícia de que a primeira unidade dessa história vai fechar por tempo indeterminado. Proprietária da empresa desde 2010, o grupo Cencosud confirmou a informação e disse que parte dos funcionários foi transferida para as outras unidades da rede. Uma nota curta, que não dá dimensão do tamanho da história da unidade, que, originalmente, se chamava Panificadora Elétrica da Barra.

Morador da Avenida Centenário, o advogado Rafael Macedo afirma que a loja vai deixar saudade, entre outras coisas, por ser um ponto de encontro com os amigos durante o carnaval. "Já me vejo falando com a galera para a gente se encontrar na antiga Perini. Durante o carnaval sempre um ou outro se perde e lá era o lugar de reunir todo o mundo", disse o folião, que também era cliente da unidade. "Já disputei alguns vinhos lá durante promoção na Semana Santa", lembrou aos risos. Primeira unidade da Perini quando ainda se chamava Panificadora Elétrica funcionou no local da atual Perini da Barra (Divulgação: Arquivo Perini) A Perini na vida dos baianos

Em 1979, 15 anos depois da fundação, a Panificadora Elétrica expandiu os negócios e passou a se chamar Panificadora, Doceria e Sorveteria Perini. Em pouco tempo, a marca caiu na boca do povo. No ano seguinte, a Perini segue o fluxo da modernidade na cidade e ganha uma unidade no Shopping da Bahia, na época ainda Iguatemi. Os doces, salgados, tortas e sorvetes tinham mais um ponto de encontro com os soteropolitanos. Em 1981, a empresa passou a ser gerida pelos irmãos José Faro e Adriano Carballo.   Em 1983, a Perini inaugura a unidade Doceria na Pituba. Em 1989, mais expansão. Desta vez, a Perini chegava ao Shopping Barra. Em 1992, a tradicional loja da Barra, antiga Panificadora Elétrica, passa por uma grande reforma e para assumir o status de delicatessen. Dois anos depois, André Faro Carballo se torna sócio da empresa.    Já no ano seguinte, a Perini inaugura a loja Master, na Avenida Vasco da Gama, em um prédio de 7.200 m², centralizando a produção dos produtos Perini, a administração e o depósito principal da empresa. A essa altura, a empresa que já era referência na cidade vira mais um norte popular. "Sabe chegar em tal lugar? Desça no ponto da Perini...".  Unidade da Barra foi onde tudo começou na história da Perini (Foto: Arquivo Perini)   Na boca dos baianos e cada vez em mais lugares. Em 1999, a Perini inaugura mais uma unidade de doceria, desta vez no Aeroclube Plaza Show, e ainda faz uma grande reforma na unidade do atual Shopping da Bahia. Em 2000, a loja da Pituba muda de endereço. Com mais espaço, era a vez de destaque para produtos artesanais, seções de confeitaria, hortifruti, importados, adega e doceria. No ano seguinte, o grupo lança o Ateliê, local para realizações de cursos e degustações.   A Perini entra no século XXI com novas expansões e em 2007 inaugura a loja da Graça, mostrando força no cenário local. Em 2010, o grupo chileno Cencosud assume a Perini, em um negócio de 27,7 milhões de dólares. Com donos internacionais, a Perini rompe as barreiras locais da empresa: Em 2012, a Perini inaugurou o 1º supermercado gourmet do Nordeste, com uma unidade no maior shopping de Recife, o Riomar, unidade que fechou no começo de 2021.   Após 57 anos de história, a primeira unidade da empresa que se tornou grife baiana fecha as portas em meio à pandemia que mudou todo o mundo. O lugar que atravessou gerações em Salvador certamente será ausência sentida na linha do tempo dos baianos.