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Gil Santos
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 21:13
- Atualizado há 2 anos
Mesmo com o avanço das manchas de óleo pelo litoral baiano alguns pescadores arriscaram entrar no mar nesta quinta-feira (17), mas voltaram para a costa frustrados. Faltaram peixes e sobraram pedaços de petróleo cru da redes e anzóis. A primavera é um período bom para a pesca e o setor ainda está calculando o tamanho do prejuízo. Voluntário recolhe petróleo cru na Barra (Foto: Marina Silva/ CORREIO) O presidente da Colônia de Pescadores do Rio Vermelho, Marcos Antônio Chaves, o Branco, contou que os trabalhadores até tentaram, mas o resultado da pesca foi pífio. Ele e outros colegas cobraram respostas mais rápidas das autoridades e criticaram a falta de informação sobre o problema.>
“Uma embarcação de 10 metros e que pega, em média, 80kg de peixe, voltou do mar, hoje, com 5kg. Encontraram muito óleo. No Porto da Barra, eu vi uns 15 barcos que foram retirados do mar e emborcados para que os pescadores conseguissem raspar a borra do petróleo que ficou presa no fundo da embarcação. A situação está complicada”, disse. Manchas de óleo nas águas da praia do Farol da Barra (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Na Associação de Pescadores do Jardim dos Namorados os trabalhadores decidiram nem entrar no mar. Segundo o presidente da entidade, Sinho Soares, a quantidade de óleo recolhida nos últimos dias, 71 toneladas desde a quinta-feira (10), somente em Salvador, assustou os trabalhadores.>
“Hoje, ninguém saiu para o mar. Desde a semana passada a gente já vinha sentindo os efeitos desse óleo, mas nos últimos dias a situação ficou pior. A gente depende do mar para viver, para pagar as contas, e esse é um bom período para a pesca”, disse. Manchas de óleo na praia da Paciência, no Rio Vermelho (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Já em Itapuã, onde a praia da Pedra do Sal amanheceu cobertas de petróleo cru nesta quinta-feira, são as notícias ruins que estão afugentando os clientes. O presidente da Colônia de Pescadores do bairro, Arivaldo Santana, contou que a pesca está sendo realizada a uma distância de 10 a 15 km da costa, mas que, mesmo assim, a população não está confiando na qualidade do produto.>
“Teve uma queda enorme na procura por peixe nas quatro peixarias que tem aqui perto. As pessoas estão com medo do peixe estar contaminado, mesmo com a gente indo buscar ele longe. Precisamos de uma solução. O que estamos vendo é uma má vontade por parte das autoridades, principalmente do governo federal, em resolver o problema”, criticou. Praia da Pedra do Sal amanheceu coberta pelo petróleo (Foto: Guardiões do Litoral/ Divulgação) Todos os pescadores disseram que a primavera é um período bom para a pesca porque, com o mar menos agitado e ventos mais brandos que no inverno, a água fica mais clara e os cardumes se aproximam mais da costa. Isso possibilita também a diversidade dos tipos de pesca, além da maior variedade de espécies de peixes. Em Salvador foram recolhidas 71 toneladas de petróleo (Foto: Marina Silva/ CORREIO) A Bahia Pesca informou que visitou sete localidades do Litoral Norte da Bahia, nesta quinta-feira, para conversar com os trabalhadores. O órgão estima que 13.375 pescadores e marisqueiras vivem nos municípios de Camaçari, Conde, Entre Rios, Esplanada, Jandaíra, Lauro de Freitas, Salvador e Mata de São João. O levantamento é para saber quantos tiveram as atividades suspensas ou prejudicadas por causa das manchas de óleo.>