Pesquisa da Uesb sobre saúde mental é premiada em evento internacional 

Estudo analisou transtornos mentais em profissionais da saúde durante a pandemia

Publicado em 28 de junho de 2021 às 18:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O estudo “TMC em trabalhadores da APS em tempos de pandemia da Covid-19: resultados preliminares de um estudo multicêntrico”, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) foi premiado no 1º Congresso Internacional sobre Políticas Públicas de Saúde (CINPSUS), realizado neste mês de junho, de forma virtual. O trabalho concorreu com outros 1.800 submetidos no Congresso e foi um dos 30 estudos premiados pela comissão científica.    TMC e APS significam, respectivamente, Transtornos Mentais Comuns e Atenção Primária à Saúde. O trabalho é fruto do projeto “Estudo longitudinal de atividade física e saúde dos trabalhadores do setor saúde”, que objetiva investigar a inatividade física, o comportamento sedentário e os fatores associados deste grupo de trabalhadores. Com caráter multicêntrico, a pesquisa é desenvolvida em vários centros de pesquisa – nesse caso, nos municípios de Itabuna, Ilhéus e Vitória da Conquista.    Os resultados preliminares – com dados, até agora, da cidade de Vitória da Conquista – foram coletados e analisados por pesquisadores do Grupo de Estudos em Epidemiologia e Atividade Física da Uesb, campus de Jequié, em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), a Faculdade Santo Agostinho e o Instituto Federal de Educação da Bahia (Ifba), campus de Ilhéus. Ao todo, foram pesquisados cerca de 72 trabalhadores de 16 Unidades de Saúde da Família (USF). A maioria desses são mulheres e a categoria profissional predominante foram a de Agentes Comunitários de Saúde (ACS).   “Foi identificado prevalência global de TMC [Transtornos Mentais Comuns] de 40,3%, e a de Covid-19 de 30,6%. A prevalência de TMC foi mais elevada em mulheres e em indivíduos com idade superior a 40 anos. O nosso estudo não encontrou relação significativa entre a infecção por Covid-19 e a prevalência de TMC, já que a prevalência foi mais elevada em trabalhadores que não foram diagnosticados com a doença”, explica o professor e coordenador do estudo, Saulo Vasconcelos, vinculado ao Departamento de Saúde (DS1) da Uesb.   Para Natália Silva, estudante de Psicologia bolsista de Iniciação Científica (IC) pela Uesb, os trabalhadores da saúde, em razão da pandemia, têm experienciado um ambiente com um potencial adoecedor, sobretudo no que se refere à sua saúde mental. “O trabalho que apresentei encontrou uma prevalência elevada de TMC nesta população corroborando com a literatura acerca da temática que aponta que esta categoria profissional é uma das mais acometidas pela prevalência de TMC. Além disso, os resultados obtidos evidenciam a importância de políticas de saúde mental para os trabalhadores da saúde e podem ajudar a fomentar ações de melhorias à saúde mental desses profissionais”, destaca a pesquisadora.   Em relação à pesquisa no período pandêmico, Silva destaca que “a experiência tem sido desafiadora, principalmente, no que se refere à coleta de dados no formato on-line, algo novo para todos nós. Mas tem sido muito rico pensar e desenvolver estratégias para lidar com os entraves”, pontua Silva. Além de Vasconcelos e Silva, o trabalho foi realizado pela estudante de Psicologia da Uesb, Juelisia Santos, pela discente de Medicina da Uesb, Carolina Dias, pela doutoranda em Enfermagem e Saúde pela Uesb, Rosangela Lessa e pela doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Fernanda Lopes.   Impactos futuros – Segundo Vasconcelos, a pesquisa tem o potencial de fornecer informações importantes sobre as alterações negativas causadas pela inatividade física e pelo tempo despendido em comportamento sedentário na saúde de trabalhadores do setor saúde. Ele acrescenta ainda que o estudo tem “potencial para gerar condições necessárias para identificação de indivíduos em risco de desenvolver esses comportamentos, por meio da incorporação de medidas simples, de baixo custo e fácil aplicação nos protocolos de avaliação de risco para doenças crônicas degenerativas”. Ainda segundo o pesquisador, essa identificação contribui para possíveis intervenções precoces, que impactariam não só na saúde dos trabalhadores como na redução dos gastos públicos decorrentes desses comportamentos.