Pessoas em situação de rua são acolhidas em hotéis sociais durante a pandemia em Salvador

Prefeitura oferece 1,1 mil vagas em unidades para adultos, idosos e famílias

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  • Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Jefferson Peixoto/Secom/PMS

Atenção, cuidado, respeito e amor. Esses são os sentimentos do caminhoneiro Edson da Silva, 65 anos, que há oito meses está abrigado em uma das cinco Unidades de Acolhimento Emergencial criadas pela Prefeitura de Salvador para pessoas em situação de vulnerabilidade durante a pandemia. Com orgulho e emoção, ele conta sua trajetória: "Eu sou caminhoneiro, o mundo é a minha casa. Fui infectado com o coronavírus, fiquei internado no Hospital Municipal e, quando tive alta, fui acolhido por essa Unidade. Aqui é o melhor lugar do mundo, sou muito bem servido, me tratam com respeito e amor. É maravilhoso. Daqui só saio quando a pandemia acabar, direto para estrada". 

Edson está abrigado na unidade do bairro de Amaralina, que já acolheu 61 idosos desde a sua reinauguração, no ano passado. Localizada na Rua Visconde de Itaborahy, a estrutura foi pensada inicialmente para ser um abrigo familiar, mas teve o público-alvo alterado em função da pandemia de Covid-19.  

O titular da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), Kiki Bispo, destaca a importância do acolhimento aos idosos, sobretudo por pertencerem aos grupos de maior risco da Covid-19: “Sabemos que os idosos são as pessoas mais vulneráveis da pandemia do coronavírus. Com isso, aumenta nossa responsabilidade. Em um ano, a Unidade Institucional de Amaralina foi palco de grandes histórias de vida”, revela. 

São 12 Unidades de Acolhimento Institucional (permanentes) e cinco Emergenciais (criadas por conta da pandemia). Juntas, as estruturas possuem 1,1 mil vagas destinadas a adultos, idosos e famílias em situação de rua. Além de abrigar, as unidades coordenadas pela Sempre oferecem acolhimento completo, com direito a assistências nutricional, de saúde e social. Os abrigados possuem acompanhamento especializado, com orientação médica e quatro refeições diárias (café, almoço, janta e ceia), além de atividades como pintura e exercícios fisioterapêuticos. 

O acolhimento é feito através da Central de Vagas, a partir de uma análise de perfil. A alta depende do perfil e planos de cada um, porém a assistência acontece mesmo após o desligamento da unidade, através do Centro de Referência em Assistência Social. Além de Amaralina, as 17 Unidades de Acolhimento Institucional e Emergencial ficam distribuídas nos bairros de Pirajá, Nazaré, Baixa dos Sapateiros, Barbalho, Barris, Stiep, Ribeira, Mares, Aquidabã, Pituaçu, Boca do Rio, Coutos, Pau da Lima e Piatã. 

Toque de acolher  A Prefeitura de Salvador realiza abordagens sociais em diversos pontos da cidade para promover o acolhimento de pessoas que vivem em situação de rua durante a pandemia. Em fevereiro deste ano, a gestão municipal da capital baiana lançou a operação Toque de Acolher Sempre. Em dois meses, a iniciativa já abordou 897 pessoas, recebendo 197 nas Unidades de Acolhimento Institucional e Emergencial e realizando quatro retornos ao lar. Em um mês, a operação Toque de Acolher Sempre abordou 630 pessoas, recebendo 127 nas unidades de acolhimento  (Foto: Vitor Santos/Sempre) Um desses acolhidos foi Moisés Santos. Com 48 anos – sendo 10 deles vividos em condição de morador de rua -, ele recebeu acolhimento na unidade de Pirajá. Ele foi abordado na Piedade e se considera um felizardo: “Uma benção! Não estou na rua correndo risco de acordar morto e estou livre do coronavírus. Tenho as refeições, jogo meu dominó, vejo televisão e tem o baba”, pontua.  

O intuito da Operação Toque de Acolher é reforçar os serviços de ajuda e acolhimento a quem vive nas ruas de Salvador, principalmente neste período de pandemia. O secretário da Sempre, Kiki Bispo, reforça que a pasta tem se preocupado com a situação da população de rua, principalmente após a segunda onda da Covid-19, que exigiu adoção de medidas mais restritivas e o toque de recolher.  “E quem não tem um lar? O que faz? Daí idealizamos o Toque de Acolher, ofertando vagas em nossos hotéis sociais e toda a estrutura para fortalecer a cidadania dos assistidos. O trabalho da abordagem social tem sido incansável e fundamental em todo esse processo. Nesse momento ainda tão delicado, continuaremos firmes nessa missão de cuidar de quem mais precisa”

Kiki Bispo, secretário da Sempre

Outro serviço voltado para indivíduos ou famílias em situação de rua são os Centros POP, que ficam na Djalma Dutra, Mares, Itapuã e Dois de Julho. Nesses locais são ofertadas 660 refeições e promovidos atendimentos psicossociais e jurídicos, guarda de pertences, lavagem das roupas, banhos e encaminhamentos aos postos de saúde e tirar documentação.