Pétanque: conheça o esporte francês que quer ficar famoso na Bahia

Salvador recebeu 1° Troféu “Pétanque na Barra” neste domingo (31)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 31 de janeiro de 2021 às 15:27

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

As influências dos franceses estão no Brasil desde o nascimento do nosso país. A maioria delas está no campo das artes e do pensamento, a exemplo da Inconfidência Mineira que, segundo teóricos do iluminismo francês, os revoltosos queriam transformar Minas Gerais numa República, isso no final do século XVII. Mas nos dias atuais, os novos franceses pretendem inspirar desta vez os baianos, e numa revolução no esporte. Neste domingo, Salvador realizou o Torneio de Pétanque, o 1° Troféu “Pétanque na Barra”. “A ideia é tornar o esporte popular em Salvador, por isso que realizamos o primeiro torneio aqui, para que isso possa aguçar a curiosidade das pessoas. É um esporte democrático. Todos podem jogar. Homens, mulheres, jovens, idosos, sem distinção”, declarou um dos organizadores do evento, o comerciante francês Philippe Lebiannic, 64 anos, que há 20 anos radicou-se em Salvador. O torneio foi realizado no canteiro central da Avenida Centenário, trecho próximo ao Shopping Barra, e contou com 32 jogadores.  Primeriro compeonato de petanca foi realizado em Salvador, na Barra. Foto: (Arisson Marinho/CORREIO)  Para que não conhece, acredito que a maioria, petanca (em francês: pétanque) é um jogo onde o objetivo é ficar em um círculo desenhado no chão e lançar bolas ocas de metal tão perto quanto possível de uma pequena bola de madeira chamada cochonnet (literalmente “leitão”). Às vezes é chamada de bouchon (“rolha”) ou le petit (“o pequeno”). Somente um time ganha pontos por rodada e os times jogam quantas rodadas forem necessárias para ganhar 13 pontos. O primeiro time que ganhar os 13 pontos vence. Normalmente acontece em superfície rústica (terra, cascalho, areia compactada) e pode ou não ter um limite.  A forma atual se originou em 1907, em La Ciotat, na Provença, sul da França. Já o formato casual é jogada por cerca de 17 milhões de pessoas na França, principalmente durante as férias de verão. Também é jogado na Espanha. Campeonato O primeiro Torneiro de Pétanque começou logo cedo. Quem passava no canteiro central da Avenida Centenário, por volta das 8h, viu grupos de pessoas lançando bolas ao ar ao mesmo tempo em que comemoravam ou lamentavam os arremessos. “É muito estranho. Não parece nada que eu já tenha visto”, disse a dentista Patrícia Carvalho, 32, enquanto caminhava no canteiro. Quando soube que o campeonato era promovido por cidadãos franceses radicados em Salvador, ela não hesitou: “Ah, também pudera. Só deve ter francês jogando”.  Patrícia está certa? Mais ou menos. O que ela não sabia é que das 16 duplas, duas não têm ligação nenhuma com a colônia – são genuínos soteropolitanos. Como é do caso do flamenguista Ednoel Santos Souza, 50. Ele aprendeu a jogar com Philippe Lebiannic. “Ele era meu vizinho e, numa conversa e outra, aprendi a jogar”. A dupla dele, o modelo Gilson Júnior, 20, disse que poderia estar “batendo o baba”. “Mas hoje resolvi participar do torneio. Gosto de me jogar em coisa novas”, declarou o rapaz, também torcedor do Flamengo.  O modelo Gilson jogado sob o olhar atento do adversário Lebiannic (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)  A petanca chegou à rotina do médico Valdir Lisboa, 73, através da necessidade da prática da língua francesa. “Meu professor de francês me indiciou ao grupo como forma de exercer o meu aprendizado. Foi assim que me envolvi com o esporte”, contou. Ele acabou trazendo o também médico Talvã Araripe, 63, hoje sua dupla no torneio.  A professora Daniele de Castro Machat, 45,  também participou do campeonato. Apesar de filha do francês François Marrie Machat, 79, com quem faz dupla, ela começou a jogar há meses. “Meu interesse começou por agora, com a influência do meu pai”, declarou.  Filha de francês, Daniele Machat começou a jogar há pouco tempo (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Espaço Para além de  tornar o petanca um esporte popular em Salvador, a organização do torneio quer também a prefeitura destine um local específico para a prática do esporte. “Jogámos antes no estacionamento de um restaurante que faliu na orla. Tivemos que sair porque o local foi vendido. Depois, fomos para a Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba, mas prefeitura colocou grama. Depois continuamos na Pituba, mas saímos depois que o espaço virou a Arena Aquática de Salvador”, declarou Philippe Lebiannic, um dos organizadores do campeonato.  Apesar do primeiro campeonato ter acontecido neste domingo, a modalidade vem sendo praticada pelo menos há quatro anos em Salvador. “Enquanto o Verão não chega, somos 20 no máximo jogando. Mas, o número cresce à medida que turistas chegam e nos procuram porque jogam em seus países. São franceses, espanhóis, americanos, dentro outros”, explicou.  O esporte não tem limite de idade e pode ser jogado em dupla (Foto: Arisso Marinho/CORREIO) Ainda segundo Lebiannic, o esporte é bastante popular fora do Brasil, inclusive possui campeonato mundial. Em outubro de 2015, uma comissão enviou um pedido ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para que a petanca seja incluída nos Jogos Olímpicos de 2024.     Ao final do campeonato os vencedores foram Sthefano Rodriguez (francês) e Maurizzio Borroni ( italiano )  - Foto: Divulgação