Petrobras anuncia novo posicionamento; para entidades, confirma saída da Bahia

Foco agora será na 'exploração de áreas profundas' – ou seja, os estados do pré-sal

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 15:55

- Atualizado há um ano

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A Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (26), uma revisão de seu posicionamento estratégico em todo o país. O plano, que vale para o quadriênio de 2020 a 2024, indica que o foco da empresa será a exploração e produção de petróleo em águas profundas – ou seja, como nas áreas do pré-sal. 

Outras medidas anunciadas foram a saída integral da distribuição e do transporte de gás, bem como fim dos negócios de fertilizantes, de distribuição de GLP e de biodiesel. Segundo o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), esses informes revelam, na verdade, a confirmação do fim das atividades da Petrobras não apenas da Bahia, mas de todo o Nordeste. “Hoje, a Petrobras oficializou tudo que a gente vinha dizendo. Ela decidiu, e afirma, no próprio documento, que vai focar no Sudeste, como a gente já vinha falando. Vai sair de Candeias; vai sair do refino com a RLAM; vai sair dos fertilizantes, do biodiesel, movimentação de gás e derivados com a Transpetro; vai sair do petróleo e gás e ainda está saindo dos escritórios”, afirma o diretor de comunicação do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa. As águas profundas referem-se à área do pré-sal. Assim, isso significaria dizer que a Petrobras deixaria de ser uma empresa nacional integrada para se tornar uma empresa regional – nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. 

“Não teremos mais Petrobras no Norte e no Nordeste. Essa não é uma decisão nem técnica, nem econômica. É uma medida econômica que não leva em conta os impactos que vão ser trazidos para a economia do nosso estado”, afirma Costa. 

Comunicado No comunicado, a Petrobras informou que pretende ser “a melhor empresa” de energia para o acionista, com foco em óleo e gás. “Estamos construindo a nova Petrobras, uma empresa sustentável, competitiva, que atua com segurança e ética, gerando mais valor para seus acionistas e para a sociedade. Seremos uma companhia dedicada à exploração e produção de petróleo em águas profundas, menos endividada. Esta nova Petrobras agrega, desde já, a transformação digital como uma poderosa alavanca para a realização de ganhos de produtividade e redução de custos”, afirmou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em nota. Nesta mesma quinta-feira, a Petrobras divulgou que aprovou um novo Programa de Desligamento Voluntário (PDV) exclusivo para os empregados que trabalham no segmento corporativo da empresa. Segundo a estatal, a medida tem o objetivo de “tornar a empresa mais sustentável, com uma gestão eficiente de pessoal”. 

Só este ano, é o terceiro PDV oferecido aos funcionários em todos os estados, com foco em públicos específicos e com regras próprias. O primeiro dos planos apresentados este ano é destinado aos aposentados pelo INSS até junho de 2020 (PDV 2019).  

Já o segundo PDV faz parte do Plano de Pessoal do Programa de Gestão Ativa de Portfólio (PDV Específico) e é direcionado aos empregados das unidades em processo de desinvestimento. Ainda de acordo com a estatal, os programas preveem as mesmas vantagens legais e indenizações. 

Segundo Radiovaldo Costa, do Sindipetro-BA, as entidades sindicais estão avaliando judicializar o processo, com ações nas Justiça federal e trabalhista, com o objetivo de evitar os planos de demissões. 

Além disso, estão organizando uma mobilização política. Nos últimos dias, representantes da categoria se reuniram com o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). “Por ser uma decisão política, queremos intensificar o confronto com as lideranças políticas do estado. Estamos viabilizando uma ida a Brasília para abrir espaço de diálogo com o governo”, explica. Eles pretendem se reunir com representantes do Ministério de Minas e Energia, com o presidente da Petrobras e com a Casa Civil, além de parlamentares da base do governo federal. Por fim, as entidades não descartam a possibilidade de deflagrar uma greve. 

A Petrobras ainda não respondeu aos questionamentos do CORREIO.