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Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2021 às 12:10
- Atualizado há 2 anos
A Polícia Federal (PF), em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), investiga uma denúncia de sobrepreço de R$ 1,3 milhão na compra de produtos como máscaras, testes rápidos e luvas pela prefeitura de Juazeiro. Ao total, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira (13).>
Os investigados pela Operação Carga Viral são empresários e funcionários da antiga gestão municipal. O período onde os indícios de corrupção foram encontrados é entre abril e junho de 2020.>
Em entrevista coletiva realizada após o cumprimento dos mandados, o delegado da PF, Adriano Moreira, e o superintendente da CGU na Bahia, Ronaldo Machado, citaram o exemplo dos testes rápidos, que foram adquiridos por R$ 115 a unidade em municípios vizinhos, custaram R$ 180 em Juazeiro. >
Todas essas compras foram feitas sem licitação por conta da urgência trazida pela pandemia. Nesses casos, algumas empresas são contratadas para realizarem uma pesquisa de preço no mercado e assim definir os valores para as compras governamentais.>
"No entanto, o que observamos nesse caso, as empresas contratadas tinham vínculo entre si, inclusive familiares. Elas atuaram em conluio, não houve concorrência, causando esse sobrepreço. Essas empresas tambpem não tinham capacidade operacional e histórico de vendas desses produtos de saúde", apontou Ronaldo Machado.>
Foram, ao todo, cinco grandes compras feitas nesses moldes. Só de testes rápidos foram 8 mil unidades compradas com 56% de sobrepreço. "Ainda neste caso, vimos que a fabricante vendia o produto a R$ 55 para essa empresa intermediária, que cobrava R$ 180 do município, uma variação de 300%, mais um indício de sobrepeço", segue Ronaldo Machado.>
Foram seis mandados cumpridos em Juazeiro, um em Petrolina (PE) e outro em Lauro de Freitas. Até o momento ninguém foi preso.>
"Neste primeiro momento estamos tentando provar o vínculo entre esses funcionários e as empresas investigadas na compra", esclarece o delegado Adriano Moreira.>
Todos os servidores públicos investigados trabalhavam na área de licitações da secretaria de Saúde. "A investigação, a partir de agora, vai ver se há uma participação de cargos superiores, como prefeito e secretários", revela o delegado.>
Se confirmadas as suspeitas, os investigados responderão pelos crimes de fraude à licitação e superfaturamento.>
Em nota, a prefeitura de Juazeiro destaca que a investigação não se refere à atual gestão. "Durante toda a operação, que passou pela Rede de Assistência Farmacêutica, a Procuradoria do município acompanhou a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, primando pela transparência e compromisso na aplicação do recurso público", diz o texto. "A Prefeitura de Juazeiro é a principal interessada na rápida e justa elucidação dos fatos e está à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento".>