PF faz buscas na casa de Janot após revelação sobre plano para matar Gilmar

Após pedido de ministro do STF, houve busca e apreensão também em escritório

  • D
  • Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 18:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Um dia depois de o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter declarado que em 2017 planejou matar a tiros ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal fez buscas na casa e no escritório do hoje advogado.

“Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar”, afirmou Janot ao jornal O Estado de São Paulo e à Revista Veja.

A ação ocorreu em Brasília, na tarde desta sexta-feira (27), e foi autorizada pelo STF, a pedido do próprio Gilmar. Ele enviou um ofício ao colega Alexandre de Moraes, pedindo que a Corte retirasse o porte de armas de Janot.

Ajuda psiquiátrica Mais cedo, Gilmar Mendes havia se declarado surpreso com a afirmação Rodrigo Janot sobre o plano para assassiná-lo. Em um comunicado, Mendes lamentou o fato e recomendou que o ex-PGR procurasse ajuda psiquiátrica.

À Veja e Estadão, Janot relatou que na passagem pela PGR, chegou a ir armado para uma sessão do STF com a intenção de matar a tiros o ministro. "Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar", afirmou.

Segundo o ex-procurador-geral, logo depois de ele apresentar uma exceção de suspeição contra Mendes, o ministro difundiu "uma história mentirosa" sobre sua filha. "E isso me tirou do sério."

Leia a íntegra da carta de Gilmar Mendes em resposta a Janot:

"Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil - justo, necessário e urgente - tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.

Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.

Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal."