Piscina e churrasqueira: líder de facção da Bahia levava vida de luxo no Rio

Traficante do BDM, Vado Gordo foi preso em operação policial nesta terça (16)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 16 de março de 2021 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/SSP

Líder da facção Bonde do Maluco (BDM) na cidade de Madre de Deus, o baiano Edvaldo Marques Teixeira Júnior, 34 anos, conhecido como Vado Gordo, vivia uma vida confortável no Rio de Janeiro. Há pelo menos três anos, morava em uma casa com piscina, churrasqueira e uma área ampla. 

Eventualmente, o crimonoso voltava à Bahia para cuidar dos seus negócios, mas sempre ficava por pouco tempo e de maneira sigilosa, quase sempre optando por se hospedar no Recôncavo. Desta vez, mesmo estando em sua casa, no Rio, o criminoso até conseguiu não conseguiu escapar: Vado Gordo foi uma das 20 pessoas presas numa operação integrada entre as policiais baianas e cariocas nesta terça-feira (16). 

Vado foi um dos alvos da Operação Tupinambá, que cumpriu 18 mandados de prisão e 22 de busca a apreensão na Bahia e no Rio de Janeiro – outras duas pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas. Ele estava numa casa na cidade de Duque de Caxias. O traficante possuía mandados de prisão e foi localizado por equipes da Bahia com apoio da polícia carioca.

Com passagens por delegacias e pela cadeia, Vado Gordo tem uma extensa ficha criminal. Além de comandar a venda de drogas, planejava a mortes de rivais, o que faz o criminoso responder a pelo menos 20 processos na justiça baiana. Também é suspeito de envolvimento em roubos contra instituições financeiras.

“No curso das investigações, quando fomos fazer a escolha do alvo, notamos que ele (Vado Gordo) já respondia a vários processos criminais por tráfico e homicídio, e o mandado mais recente foi expedido no ano passado. Essa ação efetiva traz um alento para essas famílias, principalmente para aqueles que tiveram a vida dos seus entes queridos ceifadas. É essa resposta que a gente quer dar para a sociedade, que o crime não compensa”, declarou a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a delegada Andréa Ribeiro. Vado Gordo líder do BDM em Madre de Deus é preso no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)  Operação 

A operação Tupinambá, coordenada pela Polícia Civil, contou com 200 policiais, entre civis e militares. A ação localizou 20 integrantes de organizações criminosas envolvidas com tráfico de drogas, homicídios, corrupção de menores e roubos contra instituições financeiras. Só em Madre de Duas, além do BDM, disputam o controle do tráfico de drogas outras três facções. 

“Foi uma investigação que durou oito meses. Muitas informações de campo produzidas, aliadas às informações de inteligência e a prova documental juntada aos autos do inquérito policial, fizeram a gente reunir elementos probatórios que nos permitiram representar por medidas judiciais os mandados de prisão e busca apreensão”, explicou a diretora do DHPP. 

Vado Gordo se escondia em uma casa de classe média na Rua Projetada, bairro de Vila Santa Cruz. Ainda no Rio, o traficante pagou R$ 9 mil em espécie, no dia 4 de janeiro deste ano, para a realização do parto do seu filho.

“Ele morava numa casa confortável, mas não tinha nenhuma renda. Nas nossas investigações, não encontramos nada de forma legal que justificasse a vida que levava. Isso não deixa dúvida que todas as suas despesas eram pagas com o dinheiro do tráfico”, pontuou Andréa Ribeiro.  Traficante morava numa casa confortável com piscina e churrasqueira (Foto: Divulgação SSP) No Rio de Janeiro atuam três facções: Terceiro Comando, Amigos dos Amigos e o Comando Vermelho (CV), a segunda maior facção do país e aliada à Comando da Paz (CP), rival do BDM. Perguntada se nesses três anos Vado Gordo estreitou ou tinha estreitado algum tipo de relação com os traficantes cariocas, a delegada respondeu: “Até então, não constatamos isso em nossas investigações. E se isso por ventura acontecer, essas informações serão checadas”, disse ela. Prisões

Além de Vado, as polícias Civil e Militar cumpriram dois mandados nos presídios de Simões Filho e Teixeira de Freitas, além de outras 15 ordens judiciais nas cidades de Madre de Deus, São Francisco do Conde, Candeias e Inhambupe.

Entre os 18 mandados, dois traficantes reagiram com armas de fogo, foram atingidos, socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. Ainda em Madre de Deus, outro integrante acabou preso em flagrante com um revólver calibre 38 e porções de drogas. 

Participaram da operação Tupinambá equipes do DHPP, Draco, COE, Depom, Depin, DCCP, SI da SSP, COPPM, 10a CIPM, Batalhão de Choque, Rondesp RMS, Cipe Litoral Norte, Departamento de Polícia Técnica (DPT) e Seap.

“Essa ação integrada possibilitou a troca de informações entre os departamentos e a articulação, não só de pessoas envolvidas na prática de tráfico de drogas em Madre de Deus e adjacências, mas também na elucidação de homicídios e da tentativa de homicídios. A conclusão das investigações vai nos permitir aprofundar informações que possam nos levar à conclusão dos inquéritos policiais” , finalizou a diretora.