Planalto exclui Folha de cobertura de jantar entre Bolsonaro e Trump

Segundo o jornal, profissionais não foram contatados pelo Planalto; jornal é o único com correspondentes nos EUA de fora do evento

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  • Da Redação

Publicado em 7 de março de 2020 às 17:07

- Atualizado há um ano

O jornal Folha de S. Paulo foi excluído da cobertura de um jantar entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, dos Estados Unidos. O jantar acontece neste sábado (7), em Mar-a-Lago, na Flórida.

De acordo com informações da própria Folha, um grupo de 15 jornalistas brasileiros foi selecionado pelo Palácio do Planalto para cobrir o jantar no resort de Trump, que fica próximo de Miami. Entre os veículos escolhidos estão as TVs Globo, Record, Band e SBT, as agências Bloomberg e Reuters, a rádio Jovem Pan, os portais BBC Brasil e Metrópoles, além dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.

A Folha possui correspondente dos Estados Unidos e foi o único dos veículos com jornalistas no país a ficar de fora do encontro.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou à Folha que o critério para a escolha dos profissionais a cobrir o encontro era o veículo fazer cobertura diário do Planalto. Apesar de ter ficado de fora, o jornal conta com mais de dois repórteres fazendo cobertura diária do Planalto.

Antes, de acordo com a Folha, um funcionário da Secom havia dito que o governo americano tinha pedido a lista de profissionais muito em cima da hora e que, por isso havia informado apenas os nomes dos que chegaram primeiro.

Por meio de nota, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, disse lamentar a discriminação. “A ANJ lamenta e condena a discriminação do Palácio do Planalto contra a Folha de S. Paulo. A Presidência da República deveria se pautar pela atuação de forma impessoal, como exige a Constituição brasileira, sem favorecimentos ou perseguições a veículos de comunicação e jornalistas”.

Na sexta-feira (6), os jornalistas que participariam do encontro receberam ligações de integrantes do Itamaraty e foram orientados a informar dados pessoais, como data de nascimento e país de residência. Profissionais da Folha não foram contatados, mesmo que o jornal tenha informado há dias que estaria na Flórida para fazer a cobertura.

Segundo a Folha, a correspondente da BBC Brasil em Washington, que também não estava na lista foi incluída posteriormente após solicitação. Não foi dada uma solução para o pedido feito pela Folha.

Em nota, o jornal se manifestou sobre o caso. "A Presidência mais uma vez discrimina a Folha, o que já se tornou um método de perseguição. O jornal continuará cobrindo esta administração de acordo com os padrões do jornalismo crítico e apartidário que o caracteriza e que praticou em relação a todos os governos."