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Três soldados foram indiciados pela Corporação por homicídio doloso
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2018 às 21:27
- Atualizado há um ano
Após ter anunciado que indiciou três policiais militares por homicídio doloso pela morte do artista plástico Manoel Arnaldo dos Santos Filho, o Nadinho, a Polícia Militar admitiu que algumas questões do caso ainda precisam ser esclarecidas.
A existência da arma de fogo atribuída a Nadinho na cena do crime, por exemplo, é uma das dúvidas que a PM não conseguiu explicar após a finalização do Inquérito Policial (IPM), apresentado para jornalistas nesta quarta-feira (25), no Quartel do Comando Geral da PM, no Largo dos Aflitos, em Salvador.
A corporação instaurou ainda um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) cujo prazo de conclusão é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60. A maior pena que pode ser aplicada, decorrente do processo, é a expulsão dos soldados.
“A versão mantida durante todo o inquérito pelos policiais é de que a arma foi encontrada ao lado do corpo no local da ocorrência, porém é uma versão que não foi corroborada pelas testemunhas ouvidas durante o inquérito, nem pela guarnição que fez a segurança do perímetro nessa ocorrência. A guarnição alega que a arma foi o instrumento que o senhor Manoel estava em mãos e que (os policiais) teriam localizado quando ele estava ao solo", afirmou o corregedor da PM, coronel Barbosa Neto."Essa foi uma situação que não conseguimos esclarecer porque não temos como dizer se a versão apresentada pela guarnição é verdadeira, já que não há testemunhas que confirmem. As testemunhas dizem que não viram essa arma no momento da ocorrência”, explicou Barbosa Neto. Os militares alegaram que houve uma ocorrência de assalto e que eles foram acionados para atendê-la.
'Estamos sobrevivendo à base de remédios', lamenta família de artista plástico morto por PMsSem disparo O inquérito concluiu que não houve a realização de disparo de arma de fogo atribuída ao artista plástico. “Não houve disparo. Por isso, não tem como fazer o teste de pólvora. Não houve disparo da arma que foi apresentada como sendo dele”, disse o corregedor. Ainda não há como afirmar de qual arma partiu o tiro que matou Nadinho. Por isso, os três soldados foram indiciados por crime militar.
“A ratificação ou não (do exposto no inquérito) fica a cargo do Ministério Público”, explicou o corregedor, durante a entrevista coletiva. O inquérito civil foi instaurado no dia 21 de abril e concluído no dia 20 de junho. Ele foi remetido, no dia 25 de junho, à 8ª Promotoria Criminal de Justiça Militar, que poderá enviar o caso à Justiça.
Polícia Civil Além do Inquérito Militar e do Procedimento Administrativo Militar, os soldados Edvaldo Nunes de Almeida, Leandro Santos Xavier e Dinalvo do Santos Paixão também foram indiciados por homicídio doloso pela Polícia Civil.
O inquérito foi encaminhado pela 20ª Delegacia (Candeias) no último dia 15 de junho para a Vara Crime de Candeias. Eles foram enquadrados no artigo 121 do Código Penal.
Na época da divulgação do resultado do inquérito, o delegado titular de Candeias, Marcos Laranjeiras, afirmou que os policiais admitiram, em depoimento, que não tinham certeza se o que Nadinho tinha na mão era uma arma de fogo. “Eles disseram que viram a vítima com um objeto não identificado na mão. Disseram que não poderiam precisar que existia uma arma de fogo porque já era 21h e estava escuro”.
As testemunhas ainda confirmaram, em depoimento, que alertaram os policiais que na residência do bairro Santo Antônio não havia bandidos, mas sim um artista plástico.