PMs alvos de Força Tarefa da SSP já vinham praticando roubo e extorsão

Com prisões desta segunda, sobe para 17 o número de PMs detidos desde março

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 6 de julho de 2020 às 18:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Alberto Maraux/SSP/Divulgação

Foto: Alberto Maraux/SSP/Divulgação O grupo de sete policiais militares alvo de Força Tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) na manhã desta segunda-feira (6) já tinha praticado roubo e extorsão outras vezes. Três deles já estão presos, entre eles uma soldado (Pfem). Outros quatro policiais militares seguem sendo procurados.  Os policiais – um tenente e seis soldados –  são lotados na 32ª Companhia Independente da PM (CIPM/Pojuca), na Região Metropolitana de Salvador. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na própria Pojuca e nas cidades Alagoinhas, Capim Grosso, Igaporã e Feira de Santana. O grupo passou a ser investigado depois de um roubo que aconteceu na cidade de Igaporã, no dia 9 de junho deste ano. Um imóvel foi invadido por homens fardados que diziam cumprir mandado judicial.  Após roubarem R$ 5 mil, celulares e joias, os criminosos saíram e deixaram cair uma pistola calibre 40, pertencente a um soldado da 32ª CIPM (Pojuca). No mesmo dia, o militar foi preso.      Segundo a SSP, os PMs são investigados em outros casos de extorsão mediante sequestro e roubo. No entanto, a assessoria de comunicação da pasta informou que não pode dar detalhes. “Para não prejudicar as investigações, os outros casos suspeitos, nesse momento, não serão divulgados”, informou a pasta.  Os PMs são investigados pela Força Tarefa que investiga grupos de extermínio. Questionada também se os PMs estão envolvidos em assassinatos, a assessoria da SSP disse que “por quanto, não há indícios de homicídios”.  O CORREIO perguntou se comandante da 32ª (CIPM/Pojuca) havia notado os desvios dos policiais, percebido de alguma forma os crimes e se ele pode ser responsabilizado por alguma coisa, já que é o responsável pela unidade. A SSP respondeu apenas que não há “nenhum indício de participação [do comandante] ou ciência dos fatos”. 

O CORREIO ainda questionou à SSP se os policiais já respondem por crimes. Pediu também à Polícia Militar o número de policiais afastados por condutas irregulares e os motivos, neste ano e do ano passado. Até a publicação desta reportagem, nenhuma resposta foi enviada.Casos Mesmo sem uma resposta oficial, o CORREIO fez um levantamento que aponta que este não é o primeiro caso de desvio de conduta de policiais militares neste ano. A maioria dos casos que foi noticiada pela imprensa está relacionada ao crime de extorsão. Com as três prisões desta segunda, o número chega a 17 desde março deste ano. No dia 12 de março, um soldado da PM e um sargento do Exército Brasileiro foram presos numa ação conjunta do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e da Corregedoria da PM. Na ocasião, eles foram capturados nos bairros da Liberdade e Vila Canária, em Salvador,  e a Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que a dupla tinha envolvimento com extorsões mediante sequestros e assassinatos.Dois PMs foram presos em flagrante por extorsão na Avenida Pinto de Aguiar, no dia 13 de abril. As prisões foram feitas por equipes da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina), em apoio a uma operação do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Dracco), da Polícia Civil. Os dois acusados indicaram o local para que a vítima da extorsão deixasse a quantia em dinheiro exigida. A partir desta informação, a operação foi montada e as equipes ficaram aguardando o desenrolar da ação.  Já no mês de maio, as primeiras prisões aconteceram no dia 16: a força-tarefa da pasta, liderada pela Corregedoria, prendeu quatro PMs envolvidos em assassinatos. Os quatro soldados da ativa foram presos por participação nos homicídios dos irmãos Hiago Nascimento Tavares e Thiago Nascimento Tavares, em Barra do Pojuca, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), no mês de fevereiro.

No dia 223 de maio foram duas situações. A primeira aconteceu quando mandados de prisão foram cumpridos contra cincos policiais militares. A investigação apontou que o grupo de soldados sequestrava traficantes de drogas ou parentes dos criminosos e exigia dinheiro para liberação. O sexto PM envolvido no caso foi capturado horas depois. Os crimes teriam acontecido tanto em Salvador quanto em municípios da RMS, em janeiro deste ano.  Ainda em maio, o soldado Adalto José Gouveia Filho foi preso no dia 25 quando resgatava cinco homicidas, no Subúrbio Ferroviário. Armas, munições, colete balístico e drogas foram apreendidos na ação da 19ª CIPM (Paripe).