Poeira e barulho incomodam muita gente no entorno do Centro de Convenções

Desmonte parcial do equipamento foi concluído nesta quarta-feira (4)

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  • Gil Santos

Publicado em 6 de abril de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/ CORREIO

Toda vez que alguém faz obras em casa precisa estar preparado para lidar com barulho e muita poeira. Agora, imagine se a reforma for em um espaço do tamanho do Centro de Convenções da Bahia (CCB), no Stiep.

A desmontagem parcial do equipamento começou em janeiro de 2017, mas desde fevereiro deste ano os moradores do entorno estão tendo que redobrar os cuidados com a limpeza. O desmonte parcial foi concluído na quarta-feira (4), mas a poeira deve persistir até este sábado (7) por conta da limpeza e retirada do restante dos entulhos.

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A comerciária Zilma Rocha, 65 anos, tem dois netos de 1 ano e sete meses que moram em frente ao CCB. Ela contou que foi preciso redobrar a atenção com os pequenos por medo deles desenvolveram problemas respiratórios.“As crianças brincam na varanda, é o espaço que eles gostam de ficar, mas está uma poeira horrível. A gente precisa passar o pano várias vezes, porque quando terminamos logo está tudo cheio de poeira de novo”, afirmou.Em dezembro do ano passado, alguns trabalhadores começaram a retirar parte dos escombros e o barulho da demolição assustou os moradores. O amontoado de concreto e ferro retorcido que estava bloqueando o vão central do Centro de Convenções desde o desabamento, em setembro de 2016, já foi retirado. Escombros que bloqueavam o vão central foram retirados (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) A contadora Elenize Viana, 57, é presidente da associação de moradores do bairro e também reclamou da poeira. "Está muito complicado. O ar está bastante empoeirado", mencionou. "Tem pessoas com problemas respiratórios que estão sofrendo com isso. Eles (governo) não fizeram nenhum comunicado. A gente não sabe nem quando essa obra vai terminar", completou Elenize.A Secretaria Estadual da Administração (Saeb) informou, nesta quinta (5), que os operários estão recolhendo o restante dos entulhos e peças metálicas do local, e que esse processo de limpeza será concluído no próximo sábado.

Tratores, caçambas e retroescavadeiras estão sendo usados no trabalho, o que tem provocado a maior incidência de poeira. A desmontagem parcial das estruturas foi realizada pela construtora Magalhães Júnior Locações e Serviços LTDA, entre as 8h e as 17h. Operário fazem a limpeza do local (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Solução O coordenador da Câmara Especializada em Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea), Leonel Borba, informou que a solução para a poeira pode ser mais simples do que parece.“Na maioria das vezes usamos lonas, mas no caso do Centro de Convenções isso não é possível porque aquela é uma região que venta muito. A lona não ficaria no lugar. A solução é usar água, molhando o local, à medida que vai se fazendo o desmonte, para evitar a poeira subir. É uma ação simples, mas que resolve”, sugeriu.Em relação ao barulho, ele informou que não há muito o que ser feito, porque o ruído não tem como ser isolado devido ao tamanho da área do desmonte.

O morador e integrante da associação de moradores do entorno do Centro de Convenções, Edson Eli Lima, contou que, apesar dos transtornos, espera que a obra dê resultados.

“Toda demolição é barulhenta, ainda mais quando se usa triturador de concreto. Essa máquina faz barulho e causa mesmo poeira, portanto, incomoda um pouco. O que a gente espera é que eles decidam o que vão fazer com o espaço o quanto antes, porque ele faz falta para todos nós”, afirmou. Obras parciais foram concluídas na quarta (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Resposta Em nota, a Saeb informou que a iniciativa de molhar o terreno está sendo adotada. “Durante a obra e também nesta fase de limpeza e retirada de entulho e peças metálicas, o terreno tem sido molhado com a utilização de carro pipa para reduzir a poeira. Todo trabalho é monitorado pela Superintendência de Patrimônio (Supat), ligada à Saeb”.

Já sobre as queixas do barulho, a secretaria disse que os operários tentaram fazer o mínimo de ruído possível durante as intervenções.

A Saeb também refutou a informação dos moradores de que não foram avisados previamente sobre as obras. Segundo a pasta, o comunicado sobre a desmontagem foi feito durante a inspeção cautelar realizada, em todos os prédios vizinhos, por funcionários da empresa contratada.

O governo não informou quais serão os próximos passos da obra. Confira a nota da Saeb na íntegra:

Nota de esclarecimento

A Secretaria da Administração (Saeb) informa que a desmontagem parcial de estruturas no Centro de Convenções da Bahia, localizado no bairro do Stiep, foi finalizada ontem, 04/04/2018. No momento, está sendo realizada a limpeza e a retirada de entulho e peças metálicas do local, com previsão de conclusão no próximo sábado, 07/04/2018.

Iniciada em 27/01/2017, a desmontagem parcial das estruturas foi realizada pela construtora Magalhães Júnior Locações e Serviços LTDA, dentro de expediente comercial, das 8h às 17h, com o mínimo de ruído possível. Durante a obra e também nesta fase de limpeza e retirada de entulho e peças metálicas, o terreno tem sido molhado com a utilização de carro pipa para reduzir a poeira. Todo trabalho é monitorado pela Superintendência de Patrimônio (Supat), ligada à Saeb.

Os moradores foram previamente comunicados sobre a realização da desmontagem durante inspeção cautelar realizada, em todos os prédios vizinhos ao Centro de Convenções, por uma empresa contratada pela Construtora Magalhães. Durante todo o trabalho de desmontagem, a empresa adotou todas as recomendações de segurança para que não houvesse danos aos vizinhos. Centro de Convenções estava interditado quando desabou (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Desabamento Com quase 40 anos de inaugurado, o Centro de Convenções da Bahia estava fechado para obras de recuperação, quando parte da estrutura desabou em setembro de 2016. O acidente deixou três pessoas feridas, entre elas um vigilante e um policial militar. Na ocasião, partes do primeiro e do segundo pisos, que passavam por obras de reforma, desabaram.

Interditado pela Sucom em 20 de maio de 2015, o local passava por reforma e tinha previsão de inauguração até o dia 15 de outubro, com expectativa de sediar em 2 de novembro um congresso de Odontologia. O investimento nas reformas foi de cerca de R$ 15 milhões.

O acidente aconteceu em setembro de 2016, e em outubro do ano passado o governo divulgou que a construtora Magalhães Júnior Locações e Serviços LTDA foi escolhida para realizar o desmonte parcial de estruturas metálicas e de concreto.

O prazo para desmontagem seria de 120 dias, contados a partir da ordem de serviço e estava orçada em R$ 1,89 milhão.

Na época, o CORREIO teve acesso, com exclusividade, ao laudo pericial sobre o desabamento do equipamento. O documento indica a falta de manutenção como a causa da queda de parte da fachada.