Poeta Maria Rezende traz recital feminista para Salvador

Apresentação acontece na sexta (23) e mistura poesias de mulheres com debates políticos e sociais

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 22 de março de 2018 às 12:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Em meio às conscientizações e calamidades atuais - como a morte da ativista Marielle Franco, a poeta e performer carioca Maria Rezende aporta em Salvador amanhã (23) para apresentar o seu novo espetáculo, intitulado de Mulher Multidão. O recital poético e feminista, que reúne debates sociais e declamações pessoais, é iniciado às 20h30 e fica por R$ 20, com 40 vagas disponíveis para o público.A autora, que esteve na cidade em 2017 com a apresentação Carne do Umbigo, retorna ao porão do Restaurante Poró, localizado no Santo Antônio Além do Carmo, em uma mistura de versos próprios com outros de suas poetisas favoritas. No repertório, estão escritoras como Elisa Lucinda, Adélia Prado, Hilda Hilst, Viviane Mosé e Mel Duarte.“Falar de feminismo é falar de política, é falar de amor, é falar de todos os outros problemas sociais”, pontua a autora, que promete poesias inéditas no recital.Em Pulso Aberto, poema que inspirou o novo momento e que pode ser encontrado na terceira obra da autora (Carne do Umbigo), Maria, que já recebeu elogios de nomes como Manoel de Barros e Ferreira Gullar, afirma: “Somos a terra e a semente, carne de aluguel em alma de rainha. As submissas, as bacantes, as que procriam e as que não... Somos as que evitam o desastre, as que inventam a vida, as que adiam o fim. Mulher, multidão”. O espetáculo, que promete ser mais intimista do que os anteriores da carreira de Rezende, terá respiros entre as poesias recitadas para interatividades com o público. “Vou abordar questões diversas e bater um papo com a galera sobre as vidas de mulheres que me inspiram”, exclama a performer. Empolgada em apresentar em Salvador, Maria ainda pondera que a cidade adquire e alimenta a leitura: “Todas as apresentações que faço em Salvador, lotam. Vejo muitos movimentos literários bacanas, é só prestar atenção. É uma alegria isso aqui. A Bahia é berço de muita cultura literária. Letras de músicas profundas e nomes de grandes poetas vieram daqui e continuam surgindo, é uma honra”. Com apresentação mais intimista, Maria aborda casos atuais para tratar do feminismo (Foto: Divulgação) Marielle nas entrelinhas Maria, com seus ideais e linhas escritas, via muito de si em Marielle Franco. Em seus quase vinte anos de vida literária, dentre apresentações feitas pelo Brasil, pela Espanha e em Portugal, a poetisa, um dia, se esbarrou com a ativista em um momento de debates sobre causas feministas. “Ela era extremamente forte. Sabia enxergar os ganhos das perdas, transformar o que diriam ser fraqueza em argumento para ser maior. Era uma inspiração”, afirmou a artista, que disse não esquecer de Marielle na nova apresentação. "Cada ato que tomamos, por menor que pareça, é um ato político. Precisamos lembrar disso e preencher nossas bagagens", alerta a poetisa.“O show tem um roteiro de base, mas é o mais aberto que já fiz. O que está no coração, vai saindo na hora. Ele é feito para ter espaço para tudo isso em um bate-papo com o público. Vou abordando casos atuais para tratar do feminismo”, conta a poetisa, que mantém um canal do YouTube e publicou os livros “Substantivo Feminino” (2003), “Bendita Palavra” (2008) e “Carne do Umbigo” (2015). “A próxima obra está ainda sendo feita e muito dela já aparece no recital que trago agora”.