Polícia conclui inquérito e ex-BBB Felipe Prior não é indiciado: 'Verdade vai prevalecer'

Arquiteto foi denunciado por estupro e tentativa de estupro nos anos de 2014, 2016 e 2018

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  • Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2020 às 19:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Globo

Foi concluído nesta terça-feira (4) o inquérito policial que apurou as denúncias de três mulheres contra o arquiteto Felipe Prior, ex-participante da 20ª edição do reality show Big Brother Brasil 20 (BBB20), por dois estupros e uma tentativa de estupro. O caso tramitou em sigilo e Prior não foi indiciado pela 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo.

A decisão da polícia foi comemorada pela família do ex-BBB. O pai dele, Edmir Prior, disse ao portal G1 que "a verdade sempre vai prevalecer."

Em nota, a defesa de Felipe Prior, feita pela advogada Carolina Pugliese, destaca que a "sempre acreditou que a inocência de Felipe Prior iria se sobrepor a qualquer outra circunstância no curso das investigações".

Ainda segundo o posicionamento da defesa do ex-BBB, “o trabalho criterioso e responsável da delegada, Maria Valéria Pereira Novaes, e sua equipe, permitiu que o acusado apresentasse as provas necessárias e imprescindíveis durante o inquérito policial. O que nós esperamos agora é que o caso seja encerrado para que a justiça se restabeleça e o Felipe Prior retome o curso normal de sua vida.”

No dia 10 de julho, inquérito voltou para a DDM, a pedido do MP, para novas diligências. Uma nova testemunha do caso foi ouvida. Agora, o inquérito foi novamente concluído e encaminhado para o Ministério Público (MP), que pode arquivar ou não a investigação.

A advogada Maíra Pinheiro, que apresentou as denúncias contra Prior, ainda não comentou a conclusão da investigação. A informação foi revelada inicialmente pela TV Record no Ceará.

Entenda as denúncias No dia 17 de março, a advogada das três, Maíra Pinheiro, protocolou uma notícia crime sobre os três casos no Departamento de Inquéritos do Fórum Central Criminal. O MP havia se posicionado pedindo a abertura do inquérito para investigar o caso.

Ainda de acordo com a denúncia, os casos teriam ocorrido nos anos de 2014, 2016 e 2018 e vieram a público em abril deste ano. As três mulheres que acusavam Prior não fizeram boletim de ocorrência porque dizem que se sentiram envergonhadas.

Segundo a advogada, uma universitária viu a chamada da participação de Felipe Prior BBB20 e fez um post no Twitter em que afirmava que o conhecia e que ele havia sido impedido de entrar no InterFau 2019 (jogos esportivos entre faculdades de arquitetura de São Paulo) após uma denúncia de assédio. A partir desta publicação, duas das mulheres que o acusam, sem que se conhecessem, procuraram a universitária, que as colocou em contato. Elas procuraram as advogadas Juliana Valente e Maíra Pinheiro. Ao apurarem a denúncia do InterFau, chegaram até a terceira mulher.

Em notícia crime protocolada em 17 de março, a defesa das três mulheres descrevia os supostos crimes. De acordo com o documento, na madrugada de 9 de agosto de 2014, a vítima protegida sob o nome de Themis descreve que Prior se aproveitou de sua embriaguez para praticar atos libidinosos e conjunção carnal, provocando lesões corporais graves.

Ela narrou que Felipe tirou a roupa dela e abriu a própria calça, deixando seu genital para fora. Como estava embriagada, ela disse que não conseguia oferecer resistência física, mas disse que falou não a ele muitas vezes e que não queria ter relações sexuais. Felipe teria reagido dirigindo-se a ela aos gritos, dizendo “para de ser fresca, no fundo você quer, não é hora de se fazer de difícil” e, diante das seguidas negativas de Themis, insistido: “quer sim”. Neste momento, Felipe teria estuprado Themis.

Depois, ainda segundo a denúncia, Themis contou para a mãe que estava com um ferimento em suas partes íntimas e que sentia dor. "A mãe pediu à filha que se deitasse e olhou, e notou um corte de cerca de três dedos de comprimento na região genital da filha, profundo o suficiente para chegar até o músculo. A filha da declarante relatava muita dor e o sangramento estava muito intenso."

"A mãe precisou vestir a filha, pois a mesma estava sem condições físicas e emocionais de fazê-lo. Para conter o sangramento, que estava muito intenso, a declarante colocou uma fralda na filha. (…) Quando a filha da declarante foi chamada para ser atendida, chamou a atenção da declarante a reação da médica ao examinar TESTEMUNHA PROTEGIDA THEMIS. A médica expressou muito espanto, e ao se dirigir à declarante, a primeira pergunta que ela fez foi 'quem que fez isso?'. Naquele momento, a declarante e a filha estavam com medo e vergonha de relatar a verdade, então disseram que havia sido um namorado. A médica disse 'isso tá muito feio. Namorado seu, você tem certeza?'”, relata o documento.

A advogada descreveu o segundo caso como crime de tentativa de estupro, praticado durante os jogos universitários Interfau, em setembro de 2016, no município de Biritiba Mirim, contra a vítima testemunha protegida chamada Freya. Ela descreve que Prior tentou conter a vítima fisicamente por meio do uso da força, mas não conseguiu, e a vítima escapou.

O terceiro relato é de crime de estupro, praticado durante os jogos Interfau em setembro 2018, no município de Itapetininga, tendo como vítima a testemunha protegida chamada Ísis. Ela descreve que Prior se aproveitou de sua embriaguez para praticar atos libidinosos e conjunção carnal, com uso de violência física, mesmo diante do choro da vítima.Ainda em março, as advogadas pediram à Justiça que a polícia abrisse investigação e que Prior fosse proibido de manter contato com as supostas vítimas, mas a juíza Patrícia Cruz negou. No despacho, ela afirma que os supostos crimes ocorreram em anos distintos, sem conexões entre eles, e em comarcas diferentes. A juíza também recomendou que as advogadas pedissem a abertura de investigação diretamente à polícia. A advogada disse que vai recorrer da decisão.

Segundo Maíra, no curso da apuração, "a gente teve conhecimento de mais uma vítima que inicialmente não se dispôs a falar, e é possível que existam outras.”

A advogada disse ainda que "é compreensível que possivelmente ele não enxergue nenhum desses episódios como atos de violência que ele tenha praticado. Esse caso não é sobre BBB, é sobre violência sexual em um ambiente universitário e sobre uma certa permissividade que é senso comum sobre o que é consentimento. Por causa disso, é importante entender esse caso não como um caso isolado e não como um caso que tenha a ver com BBB, mas com um problema muito maior sobre violência sexual em ambiente universitário."

À época, a Globo divulgou a seguinte nota: "A Globo é veementemente contra qualquer tipo de violência, como se percebe diariamente em seus programas jornalísticos e mesmo nas obras do entretenimento, e entende que cabe às autoridades a apuração rigorosa de denúncias como estas".Prior sempre negou as denúncias Felipe Prior publicou vídeo em sua rede social negando as acusações.