Polícia investiga se pedreiro ‘simulou’ suicídio de companheira em Sussuarana

Homem disse que mulher se enforcou

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  • Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2019 às 13:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Arquivo CORREIO

Em circunstâncias ainda não esclarecidas, a dona de casa Cristina da Silva Santos, 40 anos, foi encontrada morta na tarde do último sábado (26), dentro da própria casa, no bairro de Sussuarana, em Salvador. 

À Polícia Civil, o companheiro da vítima, um pedreiro que não teve o nome divulgado, sugeriu um suicídio. Disse que acordou e encontrou a mulher pendurada por uma corda no teto da residência. 

Mãe de três filhos, fazia poucos meses que Cristina morava com o rapaz, próximo a alguns parentes. Aos policiais e profissionais do Departamento de Polícia Técnica (DPT), ele contou que os filhos da mulher, gêmeos de 8 anos, ajudaram ele a tirar a companheira da corda. O corpo já não estava pendurado na chegada da polícia, que contestou a versão e, segundo familiares da vítima, prenderam o pedreiro. 

Em anonimato, uma sobrinha da dona de casa comentou com o CORREIO, na manhã desta segunda-feira (28), que não acredita que a tia tenha cometido atentado contra a própria vida. “Não faz sentido”, diz ela, que esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) para liberar o corpo de Cristina. Dona de casa foi encontrada com sinais de enforcamento (Foto: Reprodução/Acervo Familiar) A mulher afirma que a vítima vivia uma vida simples com o suspeito e dois filhos. O terceiro, que tem 10 anos, vive com o pai. As razões para refutar a história contada pelo pedreiro, explica, estão ligadas a algumas “evidências”.“É claro que a gente não pode falar o que não viu. Não estava lá, não vi, mas minha tia já passou por tanta coisa na vida, ia se matar agora? Por que motivo? Não há razão. Tanto, que até os policiais desconfiaram dele”.‘Induziu criança a mentir’ Ainda segundo a sobrinha de Cristina, uma das crianças confirmou informalmente à polícia sobre a versão de que ajudou o padrasto a tirar o corpo da mãe de uma corda, presa ao telhado da casa em construção. Mais tarde, para outros familiares, contudo, o mesmo menino revelou que aquilo não havia acontecido. 

“Contou que ela estava bebendo, se drogando, e que ele foi dormir com as crianças. Depois acordou e já encontrou ela morta, sem mais nem menos. Acredito que ele tenha induzido meu primo a mentir, porque ele disse que não foi bem assim”, diz ela, preocupada com o valor do depoimento do garoto perante a polícia.

Por meio da assessoria, a Polícia Civil disse que, em função do Dia do Funcionário Público não há expediente e, portanto, não seria possível dar maiores informações sobre a prisão do pedreiro e andamento das investigações.

À reportagem, a sobrinha disse ainda que a família já ouviu relatos de desentendimento entre o casal - o que dá mais peso à suspeita de que Cristina “não se matou”.

“Ela estava em um bom momento, construindo a casinha, na tranquilidade dela. Não tinha problemas psicológicos, nada assim”, defende.

Segundo ela, contudo, não há informações sobre a existência de um registro policial da vítima contra o pedreiro. Agora, acrescenta, é “aguardar que as investigações esclareçam" se a mulher é mais uma vítima feminicídio. O corpo de Cristina será velado na tarde desta segunda, às 14h, no Cemitério Municipal de Brotas.